Os médicos na transformação do espaço das cidades

Nirvana Lígia Albino Rafael de Sá*

nirvanadesa@gmail.com

O final do século XIX e início do século XX foi um período marcado pelo discurso da necessidade de higienizar as cidades. A partir disso foi definida uma série de determinações para a construção de equipamentos urbanos que favorecessem a salubridade. Os hábitos higiênicos passam a ser divulgados enquanto norma para uma população sem acesso ao conhecimento médico e científico e, com isto, surge uma nova forma de pensar e gerir as cidades, fundada a partir desse princípio. Este novo olhar que se lança sobre os espaços é parte do Movimento Higienista, que, aliado ao conhecimento médico da época, buscava adequar as cidades a fim de evitar a ocorrência de epidemias.

Estas epidemias tiveram um acréscimo considerável em função do adensamento populacional, consequência da Revolução Industrial ocorrida em alguns países e da então ausência de conhecimento sobre o surgimento, contágio e transmissão das doenças, bem como dos métodos de combatê-las. A constatação das dificuldades higiênicas nos novos aglomerados resulta em várias intervenções no espaço urbano por parte dos médicos, como a determinação para a instalação de abastecimento de água e limpeza de fontes de água; construção de cemitérios; e de hospitais de isolamento para os enfermos; pintura de casas; instalação de janelas e portas que favorecessem a circulação do ar, entre outras. Estes profissionais médicos tomam para si, com respaldo do Estado, a responsabilidade por ordenar e manter saudáveis as cidades, bem como difundir as ideias higienistas para a população.

O saber médico administraria o espaço urbano com base na Teoria dos Miasmas, a qual defendia que as doenças eram transmitidas pelos ares de uma atmosfera contaminada. Isso ocasionaria o fortalecimento de um preconceito social que justificava as intervenções autoritárias e o afastamento da população considerada “perigosa” para os lugares habitados pela “boa gente”. Por não possuírem ainda, os meios técnicos suficientes à descoberta dos micróbios, das bactérias e dos vírus, como os microscópios, por exemplo, as autoridades médicas não apenas acreditavam, como também difundiam a ideia de que as doenças eram transmitidas através de um ambiente onde o ar estaria contaminado pelos odores da sujeira das ruas e dos corpos, tanto dos vivos como dos mortos.

Os conhecimentos técnicos da engenharia e da medicina estavam, portanto, muito relacionados ao planejamento urbano entre os finais do século XIX e início do século XX. A higiene nas cidades passa a ser entendida como uma filosofia social que propõe combinar as necessidades fisiológicas e culturais com o meio ambiente, a fim de controlar as enfermidades coletivas através do ar puro, da água potável, de uma habitação apropriada, do verde e do sol.

Com isso, os médicos exercem um controle social, principalmente sob a classe de menor poder aquisitivo como os operários, mendigos, prostitutas, doentes e loucos. Toda esta parcela da população era entendida enquanto ‘classe perigosa’, ou seja, eram perigosos por provocar espanto aos olhos da elite da cidade, por apresentar sua pobreza nas ruas e por serem considerados meio de contágio de doenças.

Intervenção na cidade: Arrasamento do Morro do Castelo no Rio de Janeiro em 1922. Esta intervenção se deu pela crença de que seria necessária uma maior circulação do ar para evitar a ocorrência de epidemias. Imagem disponível em: https://arquitetandoblog.wordpress.com/2007/06/23/reformas-urbanas-rio-de-janeiro-seculo-xx/
Intervenção na cidade: Arrasamento do Morro do Castelo no Rio de Janeiro em 1922. Esta intervenção se deu pela crença de que seria necessária uma maior circulação do ar para evitar a ocorrência de epidemias. Imagem disponível em: https://arquitetandoblog.wordpress.com/2007/06/23/reformas-urbanas-rio-de-janeiro-seculo-xx/

A divulgação da higiene enquanto único meio eficaz para a diminuição da ocorrência de epidemias nas cidades gerou um controle sobre os espaços e sobre os corpos. Esse alcance se fazia a partir da vigilância, da punição, e até mesmo do policiamento, a fim de que uma prática higiênica fosse posta nas cidades, não só nos espaços físicos, como ainda nos hábitos da população.

A análise temporal nos leva a considerar o Movimento Higienista, juntamente com a ideia de progresso a Modernidade como responsáveis ou justificativas para alterações físicas nas cidades, alterações na forma de habitar e mesmo de pertencer à este espaço.

Para maior infor­ma­ção:

SÁ, Nirvana L. A. R. de. O Movimento Higienista e alterações do espaço urbano na Cidade da Parahyba (1854-1912). Revista Mercator. Vol. 11. N. 25. Maio/Agosto de 2012.

Disponível em http://www.mercator.ufc.br/index.php/mercator/article/view/685/420

*Nirvana é Doutoranda do IPPUR da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente em intercâmbio com Bolsa Capes (Brasil) na Universidade de Barcelona.

Uma capital regional e a nova lógica de sua morfologia urbana.

A morfologia urbana de Juiz de Fora, cidade média e centro regional localizada no estado de Minas Gerais e distante aproximadamente 180 quilômetros do Rio de Janeiro, tem expressado uma nova configuração espacial. Trata-se de um processo em curso desde o início dos anos 1980 e que revela um novo arranjo espacial no território da cidade e mais imediatamente em sua área de influência direta e que segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística é o domínio da cidade sobre as mesorregiões da Zona da Mata e Campo das Vertentes em Minas Gerais e as mesorregiões Centro Fluminense e Norte Fluminense no estado do Rio de Janeiro.

Este novo arranjo espacial estrutura uma nova morfologia urbana de maior complexidade. E esta complexidade está diretamente atrelada aos novos investimentos e equipamentos instalados no espaço urbano que revela as diretrizes de uma lógica capitalista contemporânea, cujos fundamentos estão baseados em novas tecnologias, o incremento às políticas de financiamento e financeirização do sistema e, principalmente, sob o domínio de uma nova logística de negócios que tem na malha viária e na localização de Juiz de Fora um forte elemento ordenador e impulsionador.

O arco rodoviário da BR 040, estrada que liga Rio de Janeiro a Brasília, sobre Juiz de Fora já a partir do início dos anos 80 redireciona e atrai a fronteira de expansão da cidade para suas cercanias gerando um espaço de expansão de investimentos e equipamentos tanto no setor de negócios e logística quanto no setor do mercado imobiliário residencial. Este processo atualmente se expressa numa morfologia urbana onde espaços multifuncionais convivem ainda com usos rurais e de segunda residência, mas também indústrias, novos bairros, ocupações de moradias precarizadas, conjuntamente com condomínios residenciais voltados para classe média alta.

https://ssl.panoramio.com/photo/58916520
https://ssl.panoramio.com/photo/58916520

Outro equipamento não localizado no município, mas de fundamental importância para os fluxos de mercadorias, trabalhadores e serviços é o Aeroporto Regional da Zona da Mata na cidade vizinha de Goianá. As obras terminaram em 2005, mas o primeiro vôo de passageiros só aconteceu em 2011. Há certo descompasso entre a economia urbana e regional, entre a malha rodoviária e a demanda pelo uso aeroviário. Este descompasso se evidencia nos efeitos sobre a organização do espaço urbano muito mais intensos do que as demandas regionais sobre o transporte aéreo. É preciso considerar o domínio sobre a região das instalações aeroportuárias de Rio de Janeiro e Belo Horizonte, ambas as metrópoles com as quais Juiz de Fora se conecta preferencialmente pelo modo rodoviário e ferroviário. O aeroporto conecta-se a Juiz de Fora pela estrada MG 353 e através de ônibus entre a rodoviária local e o aeroporto.

Mais precisamente no entorno do arco da rodovia BR 040, para onde se expande as funções sob o comando da cidade de Juiz de Fora e seus novos negócios, localiza-se o Park Sul condomínio de empresas e logística de transportes e o condomínio residencial Alphaville voltado para a classe média alta da cidade e região de sua influência. Tendo sido pioneiro em sua instalação as margens da estrada o Park Sul atualmente não atende a demanda do setor de transporte e logística sob influência da malha rodoferroviária regional. O que significa a implantação de vários outros centros de logística na beira da estrada e em especial na região noroeste da cidade, mas ainda em direção ao eixo rodoviário e seu entrecruzamento com a ferrovia.

http://www.logcp.com.br/Empreendimento/84/log-juiz-de-fora-mg
http://www.logcp.com.br/Empreendimento/84/log-juiz-de-fora-mg

Os múltiplos investimentos no eixo noroeste somaram 750 milhões de reais na última década. Entre os equipamentos mais expressivos deste eixo estão a Estação Aduaneira Interior – Porto Seco administrado pela empresa Multiterminais, MRV logística, seis grandes transportadores e redes de mercados atacadistas, além de algumas multinacionais de setores variados.

Além dos equipamentos supracitados, há investimentos em equipamentos de abrangência regional nos dois eixos, especialmente equipamentos de saúde, educação, lazer, hotelaria e centros de negócios. Fato que reafirma a importância regional de Juiz de Fora e a relação entre novo arranjo espacial e demandas regionais.

Ao contrário do que acontece com o setor de armazéns e logística que se amplia a cada ano, o condomínio Alphaville, no eixo sudoeste, ainda não registra nenhuma família instalada em seu interior. O modelo Alphaville está presente em 21 estados do Brasil. Sua concepção privilegia a moradia mono familiar cuja característica de condomínio fechado, baseado no modelo do subúrbio americano impõe um modelo privatista e segregador espacial na sua relação com o entorno imediato e o resto da cidade.

MARIA LUCIA PIRES MENEZES. Professora do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Juiz de Fora e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFJF. Coordenadora do Laboratório de Territorialidades Urbano-Regionais – LATUR/UFJF.

Para maiores informações:

MENEZES, Maria Lucia Pires – Aeroporto Regional e Business Park: Logística e Negócios na
Geografia Urbana e Regional de Juiz de Fora, Brasil. IN: http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-170-23.htm

GERALDO, Watuse Mirian de Jesus – A Reestruturação Urbana Pós- Fordista de Juiz de Fora. IN: http://www.ufjf.br/latur/producao-cientifica/dissertacoes/

Los municipios pequeños enseñan a los grandes a reducir sus residuos

Mª Àngels Alió

El pasado mes de abril tuvo lugar en la Universidad de Barcelona un seminario el sistema de recogida de residuos domiciliarios con el sistema Puerta a Puerta (PaP) y su relación con el entorno. La denominación PaP se refiere a que los residuos se recogen regularmente en las casas siguiendo un programa semanal sistemático de recogidas. A este seminario fueron invitados técnicos y representantes de varios municipios que lo están utilizando actualmente en Catalunya. Entre ellos los tres municipios que fueron los primeros a introducirlo. Entonces era el año 2.000 y hasta ahora ha ido aumentando el número de municipios catalanes que han optado por este sistema hasta llegar a los casi 150 actuales. También municipios de Mallorca Guipúzcoa y Asturias han optado por este mismo sistema de recogida. Hay que poner atención en estos municipios por distintas circunstancias.

La primera lugar porqué todos estos municipios han asumido explícitamente el objetivo de reducir los residuos de sus habitantes partiendo de la base de lo existente. Es decir, la tradicional competencia municipal en el ámbito de la recogida de residuos y la responsabilidad de la población, mediante el consumo responsable y la separación domiciliaria de las distintas fracciones. Y todo ello sin esperar a cambios estructurales en los procesos productivos, que son del todo imprescindibles pero que todavía se hacen esperar.

Una segunda circunstancia es que todos ellos son municipios pequeños. Efectivamente ninguno de los municipios representados en este seminario tenía más de 15.000 habitantes. En realidad casi la mitad del conjunto de municipios que conforman el sistema PaP catalán tiene menos de 2.000 habitantes y sólo 9 son superiores a los 10.000. Este perfil, que también es el de los municipios vascos y mallorquines, podría interpretarse como una forma de gestión ambiental intrínseca al mundo rural cuando en realidad no es así. En otros países hay muchas ciudades europeas que ya lo utilizan, como Bruselas o Milán. Como también puede encontrarse en muchas ciudades medias, como Monza que fue, por cierto, la ciudad donde se aplicó este sistema por primera vez.

Vale la pena repasar algunos resultados que pueden obtenerse con el PaP tomando como referencia los datos de este mismo conjunto de municipios catalanes. Por ejemplo, que más de la mitad alcanzan cifras anuales de recuperación entre el 60 y el 80% de residuos. Lo que supone una disminución de los residuos llevados a vertedero o incineradores de entre el 40 y el 20%. Estas cifras se traducen en que la media de recogida selectiva es del 59,5%, muy por encima de la media actual de catalana, del 38% y de la media fijada por la directiva europea para 2020, del orden del 50%. A recordar que la destinación de estos materiales es, básicamente, el reciclaje y la transformación en compost en el caso de los residuos orgánicos. En cuanto a este tipo de residuos, la media de recuperación es de 300 gr/persona/día, mientras que la media catalana es de 140. Por otra parte, si se piensa en la calidad, es decir, la recuperación de residuos orgánicos con el mínimo posible de impropios, entendiendo como tales pequeñas fracciones metálicas o de plástico entre otros, nos situamos entonces en cifras que rondan el 96 % de calidad. Cuando la media de otros municipios que usan el sistema de recogida con contenedores en la calle está entre el 80 y el 60%.

Este seminario fue pues un lugar para el encuentro y la discusión de esta experiencia. Al tiempo que también permitió abordar las posibilidades de su difusión otros municipios. En este contexto se perfilaron dos propuestas diferentes en función del tamaño municipal, y en particular las ciudades medias y las más grandes. En el primer caso parecería que se trataría simplemente de promover la adopción de este sistema por parte de una primera ciudad media que demostrara la posibilidad de hacerlo. Como parece que podría hacerlo la ciudad de Vic, con más de 40.000 habitantes. Puede ser más difícil en el caso de las ciudades grandes, aunque el ejemplo de las ciudades europeas grandes que ya lo están aplicando demuestra que es posible. Precisamente por este motivo da muchas esperanzas que fuentes próximas al ayuntamiento barcelonés empiecen a mostrar la voluntad de hacerlo.

Mientras tanto, los municipios pequeños han demostrado que se puede iniciar el proceso de reducción de residuos.

Profesora Titular de la Universitat de Barcelona

ALIÓ, Mª Àngels: La difícil transición hacia la prevención: una visión desde el análisis de las políticas sobre el reciclaje de residuos urbanos. Scripta Nova. Revista electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Vol. XII, núm. 270 (148), 1 de agosto de 2008. http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-270/sn-270-148.htm

Manual de Recogida Selectiva Puerta a Puerta. Asociación de Municipios Puerta a Puerta. 2010, 314 págs. www.zerowasteeurope.eu/wp-content/uploads/2011/06/manual-Puerta-a-puerta-PAP-castellano.pdf

Programa del Seminario sobre Políticas Municipales de Residuos para la redacción en orígen. http://www.ub.edu/cres/sites/default/files/prog_sem_def.pdf

Los enlaces de diferentes sistemas ferroviarios en una ciudad: el caso de Barcelona.

Por Rafael Alcaide González

En las grandes ciudades del siglo XXI, el buen funcionamiento de sus redes de transportes y comunicaciones se ha convertido, para los ciudadanos y los gobernantes, en uno de los objetivos más importantes a la hora de gestionar los flujos diarios de movilidad tanto de personas y bienes, como de información.

Si las redes utilizadas por las tecnologías de la información y la comunicación constituyen el elemento técnico más innovador que se desarrolla dentro del espacio urbano de las ciudades actuales, las redes de transportes públicos, urbanos y suburbanos, se han venido construyendo a lo largo de dos siglos, en los que, sometidas a continuas innovaciones y cambios políticos, han adquirido su función actual. Una función no siempre paralela a las exigencias de transporte del territorio al que sirven.

Las redes de transporte y sus interconexiones se han convertido en elementos fundamentales del territorio. Sin embargo, los sistemas de movilidad urbana, para poder adquirir una funcionalidad satisfactoria, han de incorporar, además, elementos cualitativos tales como las necesarias mejoras en la prestación de los servicios, junto con la adecuación y creación de nuevas infraestructuras y la sostenibilidad ambiental, para conseguir un transporte público de calidad, en la consecución de una ciudad más equilibrada tanto espacial como social y económicamente.

A mediados del siglo XIX el ferrocarril inició su periplo como medio de transporte urbano y suburbano, estableciéndose en las principales ciudades españolas. La ausencia de planes de ordenación urbana anteriores al diseño de las líneas de ferrocarril que llegaban o atravesaban las ciudades, permitió que la economía de medios se convirtiese en el criterio predominante de las compañías ferroviarias, a la hora de establecer sus instalaciones en la ciudad. De este modo, algunas de las estaciones que hoy se sitúan dentro del espacio urbano central de diversas urbes, se construyeron en la periferia de las mismas, y el posterior crecimiento urbano de dichas ciudades tuvo lugar a partir de las nuevas instalaciones del ferrocarril: trazados, edificación de las estaciones, almacenes y talleres, a lo que hubo que añadir la reserva de grandes espacios para futuras ampliaciones.

La creciente demanda de transporte urbano de las ciudades fue paulatinamente absorbida por el ferrocarril. Sin embargo, pronto se constató que las comunicaciones entre las diferentes estaciones de ferrocarril, establecidas en las grandes urbes europeas y americanas, necesitaban de redes complementarias de transporte, creándose así las primeras líneas de tranvías y metropolitanos que, además, tuvieron una influencia decisiva en la expansión de la trama urbana existente hasta su implantación. En este sentido, no se puede asegurar que existiese un modelo de crecimiento de las redes de transportes urbanos sino que, dicho crecimiento, se adaptó a la creciente demanda de transporte en la ciudad. Cabe destacar que, mediante un proceso inverso, en algunas de las actuales ciudades de diversos países nuevos, la presencia del ferrocarril con sus estaciones e instalaciones determinó el establecimiento de núcleos urbanos que, gradualmente, se fueron aglutinando hasta conformar dichas ciudades, al igual que nudos de comunicaciones ferroviarias de gran importancia.

Paulatinamente, con la mejora y ampliación de las diferentes redes de tranvías, autobuses y suburbanos y con el uso creciente del vehículo privado, el ferrocarril pasó a competir con otros medios de transporte que, hasta entonces, le habían sido complementarios; medios de transporte que fueron adquiriendo mayor autonomía, incorporando en sus redes tanto los antiguos como nuevos puntos de contacto entre sí y con el ferrocarril, los llamados intercambiadores modales, de los que tenemos algunos ejemplos en Barcelona como Sants y La Sagrera.

La configuración y el desarrollo de las redes de transporte urbano y, más concretamente, ferroviario en el ámbito de la ciudad y de su área metropolitana han generado múltiples procesos de expansión periférica, a partir de las posibilidades efectivas de transporte. Sin embargo, en el caso de la ciudad de Barcelona, no existió una expansión periférica propiamente dicha, ya que la nueva Barcelona surgida de las agregaciones municipales de 1897 se convirtió en un espacio urbano fragmentado, con zonas libres de urbanización entre los límites de la antigua urbe y los nuevos pueblos agregados. Unos espacios en los cuales la trama urbana suponía, apenas, un mínimo caserío cercano o alineado con el trazado de una carretera, que comunicaba la antigua Barcelona con la población agregada.

Las nuevas dinámicas territoriales establecidas entre los municipios agregados y la ciudad central barcelonesa y entre la Gran Barcelona y las poblaciones de su hinterland propiciaron el incremento gradual de los flujos de personas y mercancías y, en consecuencia, de las relaciones territoriales de producción, distribución y consumo, determinando nuevas ampliaciones de la red de tranvías de la ciudad y la construcción y ampliación de líneas de ferrocarriles urbanos (Gran Metro y Metropolitano Transversal) e interurbanos (Sabadell, Terrassa, Martorell).

Por otra parte, la fusión de la mayor parte de las compañías (excepto la compañía Norte), que explotaban la red de ferrocarriles de vía ancha de la ciudad en una sola: MZA, implicó también la creación de diversos proyectos, elaborados tanto por las compañías ferroviarias como por el ayuntamiento barcelonés, destinados a lograr la racionalización de los enlaces ferroviarios de la capital catalana. Las realizaciones surgidas de dichos proyectos, conjuntamente con la creación de nuevas redes de transportes urbanos y suburbanos y la ampliación, reunificación y mejora de las existentes, fueron perfilando, a lo largo del siglo XX, la actual red de transportes de la ciudad de Barcelona y su área metropolitana.

Para mayor información:

ALCAIDE GONZÁLEZ, R. El ferrocarril en la ciudad de Barcelona (1848-1992): desarrollo de la red e implicaciones urbanas. Madrid: Fundación de los Ferrocarriles Españoles, 2015, 285 págs. Colección: Historia Ferroviaria, núm. 14. ISBN: 978-84-943462-1-7. Depósito Legal: M.9394-2015.

Rafael Alcaide es Doctor en Geografía por la Universidad de Barcelona

A disputa pela habitação em Brasília: é tempo de Resistência!

Ananda de Melo Martinsi

A questão da habitação é uma das principais urgências cotidianas existente em meio a disputa na composição da cidade contemporânea no Brasil e em diversos outros países. Trata-se de uma demanda histórica. Em Brasília há registros que indicam que essa problemática se configura já no período de construção da cidade. O plano de construção da capital federal previa a criação das “cidades satélites” a partir do momento em que a área planejada, denominada de Plano Piloto, atingisse o patamar de 500 mil habitantes.

No entanto, em 1960 já haviam sido criadas três cidades satélites: Taguatinga (1958), Sobradinho e Gama (1960); e em meados da década de 1960 já havia outras duas cidades satélites estabelecidas oficialmente: Paranoá (1964) e Guará (1966).

As cidades satélites passaram a ser chamadas de Região Administrativa (RA), e atualmente são 31 a compor o município de Brasília (DF), incluindo o Plano Piloto (RA I) que corresponde à cidade planejada por Lúcio Costa sob os preceitos da Carta de Atenas, onde se reconhece mundialmente os edifícios projetados por Oscar Niemeyer. Para além do plano urbanístico se observa a cidade símbolo de um discurso de igualdade social a reproduzir, desde o primeiro momento, a mesma dinâmica das demais cidades brasileiras. Sua estrutura desigual, hierárquica e fragmentada se consolida com a implementação da política neoliberal e impacta a realização da vida e da organização coletiva. Ao mesmo tempo é incapaz de impedir completamente que a reivindicação da cidade sob a perspectiva da justiça social surja a partir de diferentes organizações coletivas.

Em torno da demanda da habitação se constituíram em Brasília inicialmente organizações coletivas atreladas às associações de moradores. Na atualidade, a atuação dos movimentos sociais de luta pela moradia apresenta maior combatividade. Explicitam a tensão e os conflitos entre o direito de morar e a atuação dos agentes públicos do Estado, que muitas vezes ao invés de garantir o direito de todos prioriza viabilizar os interesses de alguns. Ou seja, o direito assegurado pela Constituição Federal Brasileira de 1988 passa a ser submetido aos interesses de agentes privados que assumem a habitação enquanto mercadoria.

Essa realidade tem sido confrontada por diferentes movimentos sociais. Em Brasília assume protagonismo o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que tem se destacado nacionalmente por suas ações em São Paulo, e iniciou em 2010 a organização da coordenação estadual na capital federal. A principal estratégia de pressão do MTST/DF são as ocupações urbanas que denunciam o favorecimento por parte do Estado à especulação imobiliária. São espaços que possibilitam intensificar a mobilização para construção da resistência urbana enquanto prática coletiva, de modo a massificar a ideia de que o morar, enquanto direito social básico e universal, não pode ser reduzido à moradia, enquanto privilégio para aqueles que podem pagar.

Fonte: Brasil de Fato (2012); O Miraculoso (2013).
Fonte: Brasil de Fato (2012); O Miraculoso (2013).

Entre as principais ocupações urbanas realizadas em Brasília tiveram grande repercussão em 2012 a ocupação Novo Pinheirinho (Ceilândia), e em 2013 a ocupação com mesmo nome fixada em Taguatinga, que resultou no auxílio emergencial e a criação do auxílio aluguel até que as casas do programa habitacional sejam entregues.

Ocupações Novo Pinheirinho – Ceilândia e Taguatinga, respectivamente

Ocupação Maria da Penha – Planaltina, Brasília/DF

Foto: Ananda Martins, Fev./2015.
Ocupação Maria da Penha – Planaltina, Brasília/DF
Foto: Ananda Martins, Fev./2015.

Em 2014, além de vários atos em conjunto com o Comitê contra as violações da Copa do Mundo, realizaram também ocupações no Ministério da Fazenda do DF. Em fevereiro de 2015 o MTST/DF realizou uma ação inédita com a ocupação simultânea de seis áreas do DF iniciando uma intensa mesa de negociação com o governo recém-eleito, com indicativo de novas conquistas.

Tem-se uma organização coletiva de luta pela casa? Sim! Porém, a casa representa mais que o teto para a população pobre que continua sendo empurrada para áreas cada vez mais periféricas, em condições de precarização cada vez maior; realidade que, ao mesmo tempo, cria, a sua revelia, as condições de organização coletiva que se dá inicialmente sob a identificação da realidade vivida.

Os Movimentos Sociais Urbanos têm desempenhado um papel importante ao negar a redução do espaço urbano a uma mercadoria. Assim, de alguma forma, desvelam a possibilidade de ruptura com os preceitos econômicos capitalistas postos por meio da ação política. Para essa apropriação, a Reforma Urbana se torna central para àqueles que excluídos no processo de fragmentação sócio-espacial se transformam nos protagonistas da luta pelos direitos sociais de interesse coletivo, e contra os interesses individuais de instituições, empresas e grandes corporações. Indicam o residual que escapa à política dos planos e planejamentos que ao fim criam perspectivas dicotômicas para delimitar a lógica segregadora a que servem na prática, realidade que faz com que a disputa se intensifique e torne ainda mais explícita a opção de atuação dos MTST/DF: na intensificação da luta por meio da ocupação cidade, é tempo de resistência!

Para mais informações:

DE MELO MARTINS, Ananda. «O direito à Cidade e o Estatuto da Cidade: a Produção Política da Sociedade e as Resistências Urbanas». Em: Anais do VI Congreso Iberoamericano de Estudios Territoriales y Ambientales – CIETA, (São Paulo 08-12 de setembro de 2014). Anais online. ISBN: 978-85-7506-232-6: [s.n.], 2014. P. 880-896. Disponível em http://6cieta.org/arquivos-anais/eixo3/Ananda%20de%20Melo%20Martins.pdf

i Ananda de Melo Martins é geógrafa, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade de Brasília, bolsista do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior financiado pela CAPES..

¿Qué fue de la caña?

La recuperación de un material de construcción ancestral y de sus técnicas

Marc Fando *

“Por cada cien cañas peladas, pagaban una peseta!” recordaba nostálgico uno de los trabajadores del Museu d’Art de Girona mientras retirábamos la instalación de “Investigació Canyera” del festival Temps de Flors 2015. Muchas son las personas que recuerdan a un abuelo apilando cañas para su huerto de tomates, las vallas de cañizo o al cestero trabajar con esta planta invasora tan naturalizada en nuestras tierras, que incluso Serrat la homenajea en su mítica canción “Mediterráneo”.

La caña (Arundo Donax L) es, en efecto, es una especie vegetal invasora, procedente de Asia, que coloniza las riberas de nuestros ríos, torrenteras y canales, sobre todo en los climas mediterráneos, desplazando a la vegetación autóctona de ribera, y en consecuencia, generando un desequilibrio en los ecosistemas fluviales. Antiguamente, gracias a la explotación y uso masivo al que esta planta estaba sometida, ésta parecía no representar un problema grave para dichos ecosistemas.

Fotografía gentileza: Instituto del Patrimonio Cultural de España

Por los restos arqueológicos encontrados en algunos yacimientos ibéricos (como el de Montbarbat, en Lloret de Mar, donde la huella de las cañas aparece en un adobe de barro) se cree que al menos des de hace más de dos mil años la caña está presente en la cuenca Mediterránea occidental y que se usaba en construcción. Otros estudios sitúan su introducción masiva mucho más tarde, sobre los inicios del siglo XVI, y en este caso se cultivaba para la formación de barreras o cortavientos, como material de construcción y como fijación para el control de la erosión en canales de drenaje.

Si nos fijamos un poco, encontramos un uso intensivo de este material en cada rincón de nuestra geografía: Desde las Barraques del Detla de l’Ebre, las de canya i borró de la huerta de Valencia, inmortalizadas por Blasco Ibáñez en su célebre novela, los secadores para higos y pasas en Fraga, los falsos techos de l’Eixample de Barcelona, como encofrados y cimbras en bóvedas medievales de l’Empordà, como techo o forjado (entrevigado) que encontramos des de las masías de Girona hasta las casas de las Alpujarras (Andalucía), también en tabiques y paredes, mezclada con yeso, con tierra con cal, trenzada, cosida, abierta, entera…

Pero el olvido un día llegó, implacable: el progreso de los materiales industriales desplazó de la obra a la caña y apenas se supo nada más de ella. Seguramente por el boom de la construcción, por el abandono del campo, en la época de la gran industrialización de los años 60 y 70 del pasado siglo, o simplemente porqué quedó obsoleta, se perdió y con ella los oficios y artesanos relacionados cn la caña: los cesteros, los constructores de barracas, los cañizadores, etc. Todos ellos pasaron a la historia, a formar parte de museos etnográficos, del patrimonio perdido de España, de los programas de televisión nostálgicos de una época reciente tan lejana como desconocida. Se abandonaron las herramientas y los maestros de obra y artesanos no tuvieron aprendices a quienes enseñar el oficio, que de no remediarse, se perderá con ellos inexorablemente.

Sin embargo ni el olvido ni la marginación de estas técnicas en los planes de estudio han desanimado a algunos grupos de estudiantes y profesionales vinculados al mundo de la arquitectura para emprender un viaje a través de este material. Y es así, mediante la investigación, la experimentación y el trabajo, se pueden recuperar estos conocimientos aplicados a nuevas formas y espacios adaptados a las necesidades actuales. Porqué es así, sólo mediante la investigación y la divulgación que seremos capaces de revalorizar este conocimiento, y este material.

No tenemos que olvidar, pero, que nos encontramos ante la complicada tarea de rescatar el conocimiento acumulado durante años y siglos por artesanos y gremios, cuyos únicos testigos se encuentran más allá de la edad de jubilación.

Esperamos que con la reciente la aprobación del Plan Nacional de la Arquitectura Tradicional, se consiga el apoyo institucional necesario para poder respirar un poquito más tranquilos y mirar al futuro con la confianza suficiente para avanzar y no repetir los errores del pasado reciente. Porqué si algo nos ha ensañado el camino andado hasta ahora, es que es muy fácil perder el conocimiento de los buenos oficios, y es muy difícil recuperarlo para volver a empezar.

Para mayor información:

INVESTIGACIÓ CANYERA. Estudio del comportamiento mecánico de arcos de caña Arundo Donax. Revista EcoHabitar, Septiembre 2013, nº 39 < http://www.ecohabitar.org/>.

Marc Fando es arquitect y miembro del grupo Investigació Canyera, Barcelona

<https://investigaciocanyera.wordpress.com/>

Derecho a la ciudad, rescatar a las personas, mejor democracia. Nueva agenda para los gobiernos locales en España

por Juan Romero y Andrés Boix

El “giro neoliberal” de las políticas para la ciudad arranca en España desde la segunda mitad de los noventa del siglo XX. Ha sido un modelo al servicio de las elites y en el caso de las ciudades al servicio de promotores inmobiliarios y determinados sectores de negocio. Es en las ciudades, en especial desde 2009, donde se han hecho visibles las consecuencias de ese modelo y los efectos de la recesión y las consecuencias de las políticas de recorte del gasto en servicios públicos fundamentales.

En un momento en el que los gobiernos locales son más necesarios que nunca, dada la profundidad de la crisis social, el gobierno central pretende recortar sus competencias y capacidades y quiere convertirlos en administraciones tuteladas y sin capacidad política. Parecía que el amplio consenso académico y profesional existente acerca de la necesidad de otorgar a los municipios nuevas competencias y capacidades se concretaría, también en España, en una nueva etapa presidida por el impulso a la descentralización, el empoderamiento a los municipios y la incentivación de la cooperación entre gobiernos locales. Sin embargo, el gobierno conservador ha decidido transitar en dirección contraria: recentralización política, limitación de la autonomía municipal y reducción de las capacidades de los municipios para desarrollar políticas públicas. Esta es la primera interpretación que cabe hacer de la intención que subyace en la ley 27/2013, de 27 de diciembre, de Racionalización y Sostenibilidad de la Administración Local. Más que una ley pensada para afrontar los nuevos retos del municipalismo del siglo XXI parece inspirarse en viejas concepciones ancladas en el siglo XIX. Una iniciativa que se entiende mal, que no resultará eficaz, que puede dejar vacíos e indefiniciones en la prestación de servicios, que puede afectar de forma negativa a amplios colectivos y que además pretende alejarse de aquello que debiera ser propio de un Estado compuesto con distintos niveles de gobierno.

No obstante, pese a los intentos de bloqueo de la democracia municipal con la Ley de Racionalización y Sostenibilidad de la Administración Local, los ciudadanos siempre encuentran su propio cauce para expresarse, para innovar, para participar, para implicarse, para solidarizarse, para resistir, para indignarse o para reclamar. También los gobiernos locales sabrán encontrar espacios para proseguir con el extenso despliegue de políticas, sean paliativas o innovadoras, que den respuesta a los problemas concretos de sus conciudadanos. Mientras la ley de Racionalización es derogada o, en su caso, declarada no ajustada al texto constitucional, nosotros sostenemos que, de existir voluntad política, hay amplias posibilidades competenciales, de cooperación o de ejecución vía delegación de competencias para los gobiernos locales. También para la colaboración a escala supramunicipal. En prácticamente todos los grandes ámbitos en los que muchos gobiernos locales han venido desarrollando las llamadas “competencias impropias”, muchas de las cuales con la ley vigente quedarían suprimidas, podrían seguir desarrollándose de existir voluntad política en la escala regional: promoción económica, política territorial, educación, servicios sociales, vivienda, movilidad, prestación de servicios en municipios rurales… De otra parte, el banco de buenas prácticas que ya conocemos y que se desarrolla en centenares de ciudades y municipios españoles es de tal volumen que desborda por completo cualquier intento de limitación de la capacidad de innovación existente.

El modelo de políticas neoliberales para la ciudad ha sido mayoritariamente rechazado por los ciudadanos. Los resultados electorales del pasado 24 de mayo de 2015 han supuesto un enorme cambio en el mapa municipal español. Los ciudadanos hemos optado por gobiernos plurales en la escala local y regional. Hemos decidido situar en el centro de atención conceptos fundamentales como pacto, coordinación, cooperación, gobierno multinivel, transparencia, participación, inclusión y justicia social, ética pública y decencia. En definitiva, otra forma de entender el gobierno y la democracia. Una clara señal de querer dejar atrás patologías institucionales, actitudes prepotentes y episodios reiterados de corrupción política.  Y el mejor antídoto, así lo hemos entendido de forma mayoritaria, es impedir mayorías absolutas.

El cambio ha sido de tal profundidad que en muchas grandes ciudades y en centenares de municipios los ciudadanos han otorgado la responsabilidad de gobernar a nuevas plataformas ciudadanas surgidas de movimientos sociales durante estos últimos años. Este nuevo panorama no sólo afecta a las mayorías, sino que también tiene que ver con las demandas de los ciudadanos y sus exigencias de una nueva representatividad. Frente a la constatación, cada vez sentida por más gente, de que «no nos representan», las elecciones han permitido elegir a personas nuevas más en sintonía con las preocupaciones de la mayoría de los ciudadanos. Unas preocupaciones que han de centrar el quehacer de los nuevos ayuntamientos como habrían de haberlo hecho también en el pasado, lo que desgraciadamente no ha sido el caso.

Los resultados electorales abren la posibilidad de poder impulsar otro modelo de ciudad y una verdadera nueva Agenda Local para el cambio desde abajo, un cambio que ha de poner nuestras Administraciones públicas al servicio de los ciudadanos y a nuestros Ayuntamientos a disposición de sus vecinos. Porque los Ayuntamientos han de tener ante todo una prioridad: mejorar a toda costa las condiciones de vida de la gente. Para ello será necesario evaluar en toda su dimensión el creciente proceso de segmentación, precarización y aumento de las desigualdades en nuestras sociedades y analizar sus consecuencias políticas, sociales y culturales. Proponer algún tipo de alternativa para poblaciones mayoritariamente urbanas que expresan un grado de inseguridad, vulnerabilidad, incertidumbre y desconcierto respecto del futuro como nunca en las últimas décadas. Anticiparse y abordar las causas profundas que explican el creciente malestar urbano. Imaginar una nueva generación de políticas públicas adecuadas a un contexto geopolítico, económico, social, cultural y ambiental muy diferente y en gran medida nuevo.

Pero las ciudades serán también motores del cambio y la innovación política. Y en muchos casos, tras un formidable trabajo de desescombro para restaurar la confianza en las instituciones, los gobiernos locales tendrán que dar contenido real a conceptos hoy devaluados, como sostenibilidad, transparencia o buen gobierno, y al propio tiempo impulsar una nueva agenda de innovaciones democráticas y de regeneración donde la integridad institucional, los códigos éticos y de conducta y el control ciudadano sean la norma.

No hay por tanto excusas. Los nuevos gobiernos constituidos navegan ahora con la fuerza del viento a favor. La fuerza que otorga la confianza depositada por millones de ciudadanos que reclaman otras políticas para la ciudad. Todos los estudios recientes evidencian el desarrollo de una nueva cultura política y cívica en las ciudades y municipios, en especial entre los más jóvenes. Sobre esa base, los gobiernos locales pueden ayudar a construir algo nuevo y mejor.

Para mayor información:

ROMERO GONZÁLEZ, Juan y BOIX PALOP, Andrés (Eds.). Democracia desde abajo. Nueva agenda para el gobierno local, Valencia: Publicacions de la Universitat de València, Colección Desarrollo Territorial, nº. 17, València. La publicación es de libre acceso y puede descargarse (en PDF) desde aquí

Juan Romero González es catedrático de Geografía Humana en la Universidad de Valencia

Andrés Boix Palop es profesor titular de Derecho administrativo en la Universidad de Valencia

El ESPACIO PÚBLICO COMO ESPEJO DE LA SOCIEDAD

Por Carmen Gloria Calero Martín*

En el proceso de remodelación urbana de estos últimos años, gran parte de las áreas centrales de muchas ciudades, normalmente degradadas, han experimentado fenómenos de rehabilitación y renovación que han afectado, lógicamente, a sus espacios públicos. Estas operaciones urbanísticas han estado encaminadas a la consecución de una nueva imagen de la ciudad que anime la inversión y sea atractiva para los visitantes, al tiempo que se proyecta para nuevos y más solventes residentes. Los paseos, plazas y parques se han ido reinventando: unas veces han servido para canalizar los flujos de visitantes, convertidos en viales de tránsito que articulan el centro urbano con nuevas centralidades que se pretenden integrar. En otras, la renovación, la rehabilitación o la nueva creación de espacios públicos responde simplemente a operaciones de marketing que, además, va homogeneizando cada vez más a las ciudades que van perdiendo singularidad y se asemejan unas con otras, borrando los atributos que las hacía distintas y que, en muchos casos, estaban precisamente en la configuración y fisonomía de sus plazas y paseos.

Los cambios inducidos por las nuevas decisiones del planeamiento conducen a modelos de espacios escasamente públicos. En la reciente planificación urbana, los espacios públicos, están cada vez más alejados de su función principal, la de servir como lugares de reconocimiento social, de esparcimiento y relación. Las necesidades de los ciudadanos no parecen ser tenidas en cuenta. No se valora la presencia de prácticas previas en los viejos espacios públicos ahora rehabilitados, la consulta a los ciudadanos es inexistente y muchos de estos espacios han perdido su condición de lugares significativos de convivencia, especialmente para los vecinos de sus entornos. Lo que prima es el diseño, al servicio de visitantes o nuevos residentes, el confort y la seguridad que permitan actividades controladas y “pacíficas”.

Sin embargo, lo que hace público a un espacio no es su planificado destino público, sino que los ciudadanos se apropien de él y desarrollen sus prácticas libremente. En este sentido, los paseos, las plazas y los parques son lugares de emancipación ciudadana donde colectivos diversos encuentran un sitio en el que afirmar y recrear su identidad. A pesar de los cambios y de las intenciones del planeamiento, las plazas, paseos y parques urbanos siguen rompiendo esquemas y, nuevos usuarios reemplazan a los que ya no los frecuentan, instalan nuevas prácticas y se apropian de ellos. Se muestran así como lugares dinámicos, poco previsibles, que van cambiando al compás de nuevos usos y usuarios diferentes.

Dentro del conjunto de los usuarios, muchos grupos de excluidos, que no tienen fácil acomodo en la ciudad encuentran, en el espacio público, su lugar. De procedencias diversas y con motivos diferentes, grupos de jóvenes, mujeres, inmigrantes, o personas sin hogar van ocupando plazas, parques y paseos, generando sus propios lugares de estancia, encuentro y convivencia.

Vista general de la plaza Primero de Mayo en Santa Cruz de Tenerife
Vista general de la plaza Primero de Mayo en Santa Cruz de Tenerife

En algunos casos, especialmente en el de las personas sin hogar, ­ también ocurre con los grupos de inmigrantes, suele aparecer el conflicto, el rechazo e incluso pueden activarse políticas revanchistas. La ciudad se enfrenta a estos colectivos y decide erradicarlos de los lugares públicos, al menos de aquellos visibles, donde puedan crear problemas o perjudicar el maquillaje de unas urbes perfectas, ordenadas y pacíficas. La ciudad expulsa del espacio público a los que carecen de cualquier otro lugar.

Cuando se analizan los espacios públicos, considerando su posición, estructura, apariencia, funcionalidad y sobre todo la percepción y la apropiación que los ciudadanos hacen de estos lugares, en realidad se hace una reflexión sobre la sociedad. Estudiar el espacio público permite indagar sobre la evolución urbana, sobre las tendencias hacia la privatización y el control, y, de forma muy especial sobre la complejidad de una sociedad desigual. Los espacios públicos son, en realidad, un interesante espejo que nos muestra las prácticas, los movimientos y las relaciones de los habitantes de la ciudad. En ellos podemos rastrear cómo se afronta la convivencia y cómo se producen los procesos de apropiación por parte de nuevos grupos o individuos.

Lo que no se puede esconder es que en la estructura de la sociedad está incrustada la desigualdad y la heterogeneidad de los ciudadanos que la componen. Los derechos y la salvaguarda de la convivencia son importantes, pero también la comprensión de la existencia de esos otros ciudadanos que perturban lo establecido. Los límites son difíciles de precisar. En el espacio público conflicto y convivencia son una misma cosa y resolver de forma pacífica la coexistencia de grupos desiguales supone un reto.

Para mayor información

Calero Martín, C.G., Delgado Acosta, C.R., Armas Díaz, A. Espacio Público, conflicto y convivencia: la plaza Primero de Mayo en Santa Cruz de Tenerife. Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, 10 de mayo de 2014, vol. XVIII, nº 476

http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-476.htm

Carmen Gloria Calero Martín es profesora del Departamento de Geografía e Historia de la Universidad de La Laguna y miembro del Grupo de Investigación Ciudad, Política y Sociedad (CPSULL).

QUÉ VERDE ERA MI VALLE…Y QUÉ DURO VIVIR EN ÉL! La valoración satírica del proceso de idealización del mundo rural

Diego A. Barrado Timón*

El viaje y la estancia, pero también la información turística que nos llega a través de soportes cada vez más diversos, se están convirtiendo en una fuente esencial para explicar la imagen que tenemos tanto de nuestro propio país o ámbito cultural como de espacios remotos. También los espacios rurales han sido objeto de ese proceso de idealización turística. Sin embargo, en los últimos tiempos a ese discurso idealizador se le está contraponiendo otro, de orden satírico, que tanto desde el humor como la publicidad se dirigen a criticar los mecanismos ideológicos que subyacen a la idealización rural.

Si bien es cierto que la mayor parte de los habitantes urbanos tienen raíces rurales más o menos próximas, lo cierto es que en un mundo en proceso de urbanización lo rural se está convirtiendo día a día en una realidad entendida como exótica, en tanto en cuanto se nos presenta como atractiva precisamente por todo aquello por lo que, real o supuestamente, difiere de la ciudad. Esta percepción de lo rural como lo que no es ciudad, como una reserva de autenticidad y tradicionalismo frente a los males derivados de la urbanización, ha sido utilizada por el turismo hasta el punto de idealizar como una construcción finalista de carácter único y estético cada porción de ruralidad susceptible de ser explotada. El resultado ha sido la progresiva creación de un verdadero ideario turístico en el que lo rural es reinterpretado como patrimonio. Para ello ha sido posible recurrir a un gigantesco conjunto de imágenes, ideas y símbolos procedentes principalmente del arte y la literatura, de extraordinario valor cultural, que identifican el campo con el pasado y con estilos de vida antiguos, naturales y humanos; en contraposición con una ciudad que es percibida como el progreso, la modernización y el desarrollo, pero que en el tránsito hacia ellos ha perdido unos valores que en el campo aún se conservan.

Como resultado, en los últimos años se ha producido un verdadera industria de la memoria que, apoyada en la recuperación de monumentos, tradiciones, recreaciones históricas, museos y parques temáticos, han convertido el mundo rural en un elemento esencial de lo que se ha dado en llamar industria del patrimonio. Y de ahí se han derivado procesos de recuperación, conservación y mantenimiento de un patrimonio más o menos real, pero también otros de apropiación de sus valores cultures, geográficos y ambientales.

En todo caso, lo que se desea destacar no es ni el proceso de patrimonialización de lo rural ni los mecanismos ideológicos que lo han hecho posible, algo que ya ha sido analizado por algunas corrientes críticas de las ciencias sociales. Lo verdaderamente novedoso es que ese discurso crítico realizado por un sector de las ciencias sociales, que desmonta los mecanismos subyacentes al proceso de idealización y muestra su carácter finalista centrado esencialmente en la consecución de objetivos económicos, parece haber trascendido un ámbito puramente académico y muy marcado por un determinada corriente ideológica para ser asumido por gran parte de la sociedad, que lo incorpora a su concepción de lo rural al mismo nivel al que previamente había situado la visión idealizadora.

En efecto, frente a la crítica puramente académica de los procesos de patrimonialización e idealización, en los últimos tiempos se están generalizando las contrarréplicas satíricas que atacan la mistificación rural y los mecanismos ideológicos que la sostienen. Y esta sátira, que aparece en forma de viñetas en periódicos generalistas, monólogos humorísticos o publicidad de muy diverso tipo, se dirige esencialmente a un público no especializado, lo que sostendría la hipótesis de que si en un momento la sociedad incorporó el discurso idealizador y mistificador de lo rural, en la actualidad está igualmente asumiendo la crítica y deconstrucción de ese mismo discurso.

El mito de la autenticidad. Fuente:< www.tiempobbdo.com> [19 de marzo de 2013]
El mito de la autenticidad. Fuente:< www.tiempobbdo.com> [19 de marzo de 2013]

La burla se sustenta generalmente en contrastar los diversos mitos idealizadores que se han construido en torno a lo rural, como el del buen salvaje, la autenticidad, lo tradicional, la ausencia de conflicto social y de relaciones de poder, etc., con un contrapunto que pone al descubierto los objetivos ideológicos de la mitificación. Así, tal y como muestra la imagen anterior, procedente de una campaña de publicidad de una marca de comida precocinada, el contraste satírico se sitúa entre el valor simbólico del atuendo rural de la anciana y de la gastronomía tradicional frente al funcional de la comida envasada, presentada ahora como un patrimonio supuestamente auténtico frente a los evidentes procesos de estandarización que requiere.

En resumen, frente a un campo idealizado que subyace a la ideología del turismo rural, y que lo presenta como el contrapunto positivo de una ciudad deshumanizada, la contrarréplica satírica nos muestra un mundo rural que, o bien ha sucumbido también a las desdichas de la industrialización y la modernidad, o bien se muestra sumido en un atraso social y cultural que hacen que no solo no sea atractivo para el disfrute vacacional, sino que explica el porqué de la emigración masiva hacia las ciudades en la segunda mitad del siglo XX. Como señala Luis Landero en su último libro, El balcón en invierno (2014), la emigración rural siempre se ha escenificado de forma nostálgica, como pérdida o ruptura, mientras que “apenas se menciona lo que aquella desbandada hacia las grandes ciudades tuvo de alegre y liberador”.

Para mayor información: Barrado Timón, Diego A. Mitos y contramitos, utopías y distopías: las representaciones turísticas de lo rural y sus valoraciones satíricas al amparo del discurso crítico de las ciencias sociales. Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. [En línea]. Barcelona: Universidad de Barcelona, 20 de junio de 2014, vol XVIII, nº 480. <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-480.htm>. ISSN: 1138-9788.

* Diego A. Barrado Timón es profesor titular de la Universidad Autónoma de Madrid.

Urbanización y nuevas naturalezas urbanas en el litoral mediterráneo.

Álvaro Francisco Morote Seguido*

La última expansión residencial acaecida en el litoral mediterráneo ha provocado la proliferación de nuevas tipologías urbanas, y diferentes elementos externos de los hogares como son los jardines y piscinas. Identificar los factores que han posibilitado la génesis de esas nuevas tipologías y conocer los rasgos que definen a estos elementos son de vital importancia para poder entender sus repercusiones en el territorio, como es el caso del consumo de agua. La presencia de un importante colectivo de población procedente del centro y norte de Europa unido a rasgos climáticos y al precio del agua justifican que la tipología del jardín predominante sea un jardín de tipo mediterráneo, lejos de la hipótesis de partida de una imagen de jardín atlántico donde el principal protagonista es el césped.

El proceso de urbanización en el litoral de Alicante, en el sureste de España, comienza en las décadas de 1960 y 1970 ligado a la actividad turística. Este incipiente desarrollo se concentra en el litoral norte provincial. En las comarcas de la Marina Alta y Baja, el uso turístico-residencial se desarrolla con la llegada de población procedente del centro y norte de Europa. Factores como el desarrollo turístico de Benidorm, la mejora de la accesibilidad (con la inauguración del aeropuerto de Alicante-Elche y la construcción de la autopista AP-7), una mayor calidad paisajística (colinas y espacios forestales intercalados entre áreas cultivadas), entre otros, explican el inicio y posterior expansión de esta actividad. En cambio, en el litoral sur alicantino la superficie ocupada por las urbanizaciones, si exceptuamos un sector del litoral de Orihuela, Santa Pola y el municipio de Torrevieja se ha difundido a partir de 1990 coincidiendo con el último boom inmobiliario.

En el litoral norte (a excepción de la ciudad de Benidorm), el modelo urbano mayoritario es el caracterizado por urbanizaciones, planificadas y no planificadas, de chalés con jardín y piscina unifamiliares (figura 1). En la actualidad, la superficie ocupada por esta tipología representa el 69,03% sobre el total (más de 96 millones de metros cuadrados). En cambio, las urbanizaciones de adosados o bungalows representan tan sólo el 6,87%. En el litoral sur, a diferencia de la costa septentrional de Alicante, el modelo residencial que se ha impuesto ha sido más intensivo y en él predomina la urbanización planificada de casas adosadas con jardines y piscinas comunitarias. En este sector de la costa, la superficie ocupada por urbanizaciones de chalés representa el 37,31% mientras que la ocupada por viviendas adosadas, el 24,89%. De los 371.622 m2 de esta tipología urbana en 1978, se ha pasado a más de 20 millones, constituyendo en la actualidad uno de los elementos que caracterizan la expansión urbano-residencial en este sector meridional de Alicante. Por lo tanto, una determinada tipología urbano-residencial lleva consigo un diferente comportamiento en el consumo de agua para los usos externos del hogar.

Figura 1. Urbanizaciones de chalés en Denia (imagen izquierda) y en Torrevieja (imagen derecha)

Fuente: https://maps.google.es/maps
Figura 1. Urbanizaciones de chalés en Denia (imagen izquierda) y en Torrevieja (imagen derecha)
Fuente: https://maps.google.es/maps

Los procesos de urbanización registrados en el litoral de la provincia de Alicante, como ha ocurrido con otros sectores del litoral español, se han asociado a la proliferación de espacios exteriores o con determinadas naturalezas urbanas, como se refiere a ellos la Ecología Política. Hemos realizado 122 entrevistas a propietarios de determinadas urbanizaciones de la costa Alicante. En el 67% de las viviendas hay presencia de piscinas, siendo el 65% piscinas unifamiliares que coinciden con urbanizaciones de bungalows. Estos porcentajes enmascaran, sin embargo, un notable contraste territorial. El 86,39% de las piscinas comunitarias se concentran en el litoral sur, es decir, donde la presencia de urbanizaciones de casas adosadas es más importante. En relación con los espacios ajardinados analizados, sólo en el 9,78% domina el césped, en los que hay presencia de césped más árboles, éstos representan el 1,09%, y en aquellos donde se pueden encontrar césped, arbustos y árboles el 16,30%.

La elección de la tipología del jardín se relaciona con las condiciones climáticas y los requerimientos hídricos de las especies e indirectamente con el consumo de agua y su coste de mantenimiento. La consideración del césped como elemento ornamental por antonomasia de los jardines, y asociado a una imagen estereotipada del verde como elemento fundamental, queda descartada por motivos prácticos. La hipótesis de una presencia mayoritaria de población centroeuropea de áreas con pluviometrías más elevadas y donde el césped es predominante podría traducirse en una imitación de modelos de jardín propios de otros ámbitos territoriales, pero esta no se cumple en el ámbito de estudio. En la elección de las plantas del jardín y en su adquisición tiene un papel fundamental el que sus necesidades de riego no sean muy elevadas. El precio medio del metro cúbico de agua (2,16 €), que sitúa a los municipios litorales de Alicante entre los más caros de España, unido a la existencia de precios diferentes según tramos de consumo y que penalizan un uso elevado, justifica la tipología dominante de los jardines y la atención prestada al consumo de agua tanto en el litoral norte como en el sur de la provincia de Alicante.

Para mayor información:

Morote Seguido, Álvaro Francisco y Hernández Hernández, María. Jardines y urbanizaciones, nuevas naturalezas urbanas en el litoral de la provincia de Alicante. Documents d’Anàlisi Geogràfica, 2014, vol. 60/3, p. 483-504.

*Álvaro Francisco Morote Seguido es becario predoctoral del Instituto Interuniversitario de Geografía de la Universidad de Alicante (UA). España.

*María Hernández Hernández es catedrática de universidad del Instituto Interuniversitario de Geografía de la Universidad de Alicante (UA). España.