¿Globalización o vuelta de los watchdogs de la Guerra Fría?

Ángel Calvo (UB)

Numerosos y reiterados hechos apuntan a que la Guerra Fría vuelve a estar de rabiosa actualidad. Un hecho puntual -el envenenamiento de un ex espía ruso en el Reino Unido- se ha convertido en pretexto para acciones de réplica y contrarréplica. Trump, en coordinación con aliados occidentales, ha expulsado a sesenta ciudadanos rusos de EEUU (New York Times, 26/3/2018) y Rusia ha ordenado el cierre del consulado norteamericano en San Petersburgo. Hay dos ingredientes a destacar para pensar en una reedición de enfrentamientos pasados: la medida en sí y el diseño de bloques antagónicos.

Para numerosos especialistas, el tema definitorio de la era posterior a la Guerra Fría ha sido la globalización (Eckes y Zeiler 2003, p. 238). Pero la evidencia muestra que el mundo está recuperando las políticas de embargo y sanciones propias de épocas pasadas (World Economic Forum 2015, p. 5).

Han vuelto las sanciones contra Rusia, a la vez que han surgido nuevas formas y controles comerciales occidentales contra Venezuela, Irán y Myanmar. Fuera de Occidente, China ha usado sanciones contra Japón y Filipinas por cuestiones marítimas, mientras que potencias emergentes con ejércitos menos poderosos -Georgia, Moldavia y Ucrania- han sufrido sanciones rusas para evitar su orientación hacia Occidente. Cuba, uno de los países emblemáticos en la aplicación de sanciones por EEUU -el bloqueo-, ha visto recrudecerse el embargo económico, impuesto por la administración Trump tras la distensión de la era Obama (New Yok Times, 7/11/2017).

Lo que en realidad quedaría de la pretendida globalización sería el desmantelamiento de los equilibrios de poder entre las dos grandes potencias, surgido de la Segunda Guerra Mundial, y la hegemonía  de una de ellas, es decir, de EEUU. Todo lo más, podríamos hablar de una erosión del poderío de esta superpotencia (McCoy 2017), o de su liderazgo global (Washington Post,28/12/2017), y de una larga transición hacia una nueva hegemonía mundial. Se trata de un nuevo escenario al que se viene aludiendo desde distintos ámbitos en estos años del nuevo milenio. Tal erosión en cualquiera de sus facetas no descarta reacciones poco risueñas frente a iniciativas de afirmación procedentes de zonas incluidas en un esquema de patio trasero de EEUU. Es el caso de las reacciones frente a organismos puestos en pie por diversos países de Latinoamérica y el Caribe, al estilo de la venezolana Alianza Bolivariana por las Américas o de la brasileña Unión de Naciones Suramericanas.

De lo apuntado se deduce una vuelta al clima de Guerra Fría y a respuestas concretas, pero también la existencia de instrumentos nuevos. Uno de ellos lo ejemplifica a la perfección la Oficina de control de activos extranjeros (OFAC), encargada de gestionar sanciones específicas a entidades designadas en los sectores financiero, energético y defensa de Rusia. Son conocidas por ello como sanciones sectoriales y están señaladas en cuatro directivas del Tesoro de EEUU correspondientes a 2014 (OFFICE OF FOREIGN ASSETS CONTROL, Sectoral Sanctions Identifications List, January 26, 2018).

Esto nos remite al corazón de la Guerra Fría, ese periodo de la división del mundo en dos bloques antagónicos de desigual envergadura, cimentado en el refuerzo de la cohesión interna en cada uno de los dos bloques, el rearme ideológico y la carrera armamentística. La OTAN en el lado occidental y el COMECON en el oriental protagonizaron esta nueva etapa de rearme y hostilidad. EEUU armó un complejo entramado de organizaciones, instituciones y normas legislativas al servicio de la defensa frente al bloque enemigo.

Pero EEUU necesitaba apoyarse en sus aliados para desplegar y hacer efectivas sus políticas. Junto al cuerpo legislativo, se dotó de dos instrumentos de control principales. Uno era el ChinCom, un comité de China, de carácter independiente y con controles muy estrictos. El segundo, denominado CoCom, fue creado en 1949, el mismo año que la OTAN y el puente aéreo de Berlín, con la misión de evitar que determinados bienes sensibles acabaran en manos del enemigo. Calificado de watchdog de EEUU, estaba integrado por todos los miembros de la OTAN excepto Irlanda más Japón. La existencia de este organismo nos brinda multitud de sonoros casos de espionaje, alta traición, bandolerismo y desvío de tecnología avanzada al bloque soviético, dignos de la mejor literatura y cinematografía.

La caída del muro de Berlín obligó a revisar muchas de las prácticas anteriores y el CoCom fue sustituido en 1996 por el Acuerdo de Wassenaar sobre control de exportaciones de armas convencionales y bienes y tecnología de doble uso.

Referencias

Eckes, Jr. Alfred E. y ‎Zeiler, Thomas W., Globalization and the American Century, CUP, Cambridge MA, 2003.

McCoy, Alfred W., In the Shadows of the American Century: The Rise and Decline of US Global Power, Haymarket, Chicago, 2017.

World Economic Forum, Geo-economics Seven Challenges to Globalization, WEF, Ginebra, 2015.

Para mayor información:

CALVO, A., ¿Geoeconomía frente a crecimiento económico? El control de las exportaciones de tecnología avanzada en la guerra fría: una aportación desde un país semiperiférico, España. Biblio 3W. Revista Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales, 1.230, 15/3/2018.

Dis­po­ni­ble en: http://www.ub.edu/geocrit/bw-ig.htm

A reforma trabalhista no Brasil: um atentado contra à classe trabalhadora

Flávio Ribeiro de Limai

No dia 11 de novembro de 2017, entrou em vigor a nova lei trabalhista no Brasil. Traçada por um governo interino, em um momento de forte recessão econômica, a reforma trabalhista altera significativamente a estrutura do mercado de trabalho brasileiro, sendo a mais danosa ofensiva à classe trabalhadora brasileira dos últimos anos.

Propagada através de um discurso neoliberal, sob o pretexto de que as relações de trabalho neste país precisavam ser “modernizadas” para que fosse possível gerar mais empregos, essa ofensiva foi imposta em regime de urgência pelo governo Temer à classe trabalhadora, demonstrando, primeiramente, total desprezo pelas questões sociais, e, em segundo, que o governo em vigor preserva os velhos modos de efetivar as políticas de cunho privatista e antinacionalista.

Propulsor de Estado mínimo aos trabalhadores, e máximo aos bancos e aos grandes empresários, Temer exterioriza através de seus pronunciamentos, quem irá se beneficiar com a reforma ao dizer que ela “vem para flexibilizar as relações trabalho”, e assim adaptar as legislações trabalhistas “às necessidades das empresas”. Essas são algumas das declarações pronunciadas por Temer para dar seguimento a um retrocesso de quase um século, momento em que não havia direito trabalhista e proteção social no Brasil.

Ainda assim, ele tenta mascara-las, ao pronunciar que “a reforma está sendo empreendida com fins de gerar empregos”. A fim de nos orientarmos sobre essa falácia de geração empregos, apoiamo-nos nas pesquisas da economista Liana Carleial. Seus argumentos são esclarecedores e indicam que a reforma trabalhista não foi concebida para criar empregos e sim para “flexibilizar as relações de trabalho”, dado que, o que gera emprego “é o desenvolvimento”.

Na mesma direção das reformas trabalhista implementadas na Espanha em 2010 e no México em 2012, a reforma brasileira, vem para alterar o código trabalhista no Brasil – são mais de 100 itens alterados na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Dentre estas alterações, podemos destacar:

  • Prevalência de acordos coletivos sobre a legislação
  • Regulamentação do trabalho intermitente
  • Autorização de gestantes realizando trabalho em espaços insalubres
  • Demissão em comum acordo
  • Terceirização de atividades principais
  • Ampliação do trabalho temporário e em tempo parcial
  • Limitação das condenações por dano moral
  • Criação da figura do “autônomo” como exclusivo
  • Fim da obrigatoriedade da contribuição sindical

Entre tantas outras, que além de danosas aos trabalhadores, enfraquecem os sindicatos e colocam obstáculos na atuação da Justiça do Trabalho.

Isso introduz, potencialmente, novas modalidades de trabalho. O sociólogo Ricardo Antunes nos lembra que são modalidades marcantes deste momento, os trabalhos em espaços compartilhados, trabalhos uberizados, trabalhos em plataformas, trabalhos em tempo parcial, tele trabalho ou mesmo trabalho on-line, trabalho versátil, a “formalização” ilegal dos micro empreendedores individuais, auto emprego, empreendedorismo em massa, prestadores de serviços, troca de trabalho por alimentos ou por acomodação, entre tantos outras modalidades que já vinham sendo implementadas e foram institucionalizadas.

Se no México, um traço marcante da reforma foi o aumento da informalidade, que de acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Geografia (INEGI) passou de 39,2% em 2010 para 57,2% da população ativa mexicana em 2017, no caso brasileiro não seria diferente. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) indicam 45,2 % da força de trabalho ativa do Brasil (estimada em 90 milhões) estão inseridos nos moldes da informalidade.

A taxa de desemprego também vem acompanhando as tendências observadas em países que implementaram a reforma trabalhista anteriormente. Caso que pode ser observado nas bases estatísticas da Instituto Nacional de Estatística (INE), que demonstram a diminuição dos postos de trabalho com carteira assinada na Espanha, sendo que em 2009 apresentava 21,9%, e passou a apresentar em 2015, cerca de 26,5%. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do Brasil, aponta um aumento de 9 milhões em 2016 para aproximadamente 13,8 milhões em 2017.

É preciso salientar que as tendências não são nada positivas para os próximos anos. A professora de Direito do Trabalho, Aldacy Rachid Coutinho indica que devemos ter em conta, ao contrário do que indica Temer e seus parlamentares, que a reforma representa maior disparidade de renda, mais desigualdade social e precarização das relações de trabalho.

A reforma trabalhista brasileira, reorienta também, a questão da habitação social.

Por consequência, ao alterar os direitos trabalhistas, as reformas subvertem a dinâmica de produção e de reprodução do espaço, acirrando assim, sugere a geógrafa Arlete Moysés Rodrigues, a contradição entre o processo de produção social do espaço e o processo de apropriação.

A partir deste panorama, podemos indicar que a reforma trabalhista que desmantela o Estado social, tem o mundo do trabalho como principal alvo. Nestes termos, até mesmo para chamar a coisa por seu verdadeiro nome, estamos com aqueles que identificam a reforma com como um retrocesso, como uma contrarreforma.

Em suma, a reforma endossou a fórmula de uma face mais avassaladora do neoliberalismo no Brasil, a qual, suas consequências avassaladoras, que sequer, estão sendo mensuradas. É tempo de voltar aos questionamentos do professor Horário Capel: “O que as gerações futuras pensarão sobre nossas ações atuais?”. Afinal, somos nós quem devemos ajudar a construir o futuro. Para tanto, nos resta uma saída, que deve vir através da organização, das lutas e da resistência.

Para mais informações 

CAPEL, Horário. La historia, la ciudad y el futuro. Revista Scripta Nova (Barcelona), Vol. XIII, p. 1-40, 2009.

ANTUNES, Ricardo. Precariado do Brasil, uni-vos. Disponível em: http://alias.estadao.com.br/noticias/geral,precariado-do-brasil-uni-vos-reforma-de-temer-diminuira-direitos-trabalhistas-diz-sociologo,10000086549. Acesso em: 10 de novembro de 2017.

LIMA, Flávio Ribeiro. Contradições do trabalho informal. In. COUTINHO, Aldacy Rachid (org.). Anais do encontro nacional da rede Renapedts. Florianópolis: Editora Empório do Direito, p. 367-377, 2016.

RODRIGUES, Arlete Moysés. Propriedade Fundiária Urbana e Controle Socioespacial. Revista Scripta Nova (Barcelona), Vol. XVIII, p. 1-16, 2014.

iGeógrafo e Discente do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Paraná (Brasil).

Indicação de imagem:

Título: votação da Lei da Reforma Trabalhista, Fonte: Senado Federal
Título: votação da Lei da Reforma Trabalhista, Fonte: Senado Federal

La desalinización, ¿la gran solución a la escasez de agua?

Álvaro Francisco Morote Seguido*

El litoral mediterráneo español ha sufrido importantes transformaciones territoriales durante las últimas décadas debido a la fuerte expansión de las funciones residenciales, turísticas y de servicios. El Plan Hidrológico Nacional (2001) y, en mayor medida, el Programa A.G.U.A. (2004) apostaron por la desalinización de agua marina a gran escala para garantizar demandas urbanas, turísticas e incluso agrícolas. Sin embargo, la paralización de los planes urbanísticos provocada por la crisis financiera (2007-08), unida a la tendencia de reducción del consumo de agua potable desde mediados de la década del 2000, evidencian una capacidad de producción de agua desalinizada muy superior a las demandas actuales.

Ello ha repercutido en un exceso de oferta de agua desalinizada, plantas sobredimensionadas y con capacidades de producción muy superiores a las que se precisarían incluso para hacer frente a situaciones de intensa sequía. Es interesante revisar la situación actual de la desalinización de agua marina y salobre continental en las regiones de Murcia y Valencia, hacer un balance de sus ventajas e inconvenientes, y plantear una discusión en torno al papel que puede desempeñar el agua desalinizada como recurso estratégico y de futuro para garantizar demandas urbano-turísticas y agrícolas, principalmente durante situaciones de sequía.

El sector de negocio que se generó hace una década no ha cumplido las expectativas iniciales y, lejos de ello, la paralización de la actividad inmobiliaria y la escasa demanda de agua desalinizada, por su elevado coste, han abocado a la ruina financiera a la mayoría de las grandes plantas desalinizadoras construidas. La ejecución del Programa A.G.U.A. no ha sido ajena a la polémica e incluso a las sospechas de corrupción en la concesión de los proyectos de obra.

Figura 1

Principales plantas desalinizadoras en las regiones de Murcia y Valencia
Figura 1
Principales plantas desalinizadoras en las regiones de Murcia y Valencia

Fuente: Morote et al. (2017).

El Gobierno del Estado en manos del Partido Popular desarrolló durante la legislatura 2011-2015 una política del agua de bajo perfil, y sin alusión alguna a la recuperación de los trasvases previstos en el Plan Hidrológico Nacional (2001). Más allá incluso, ha asumido por completo la herencia de los dos Gobiernos anteriores del Partido Socialista (2004-2011) en materia hídrica, al finalizar y poner en funcionamiento todas las desalinizadoras del Programa A.G.U.A. Por otro lado, en 2014, y sin apenas modificaciones, el actual Gobierno aprobó los planes hidrológicos (2009-2015) de las demarcaciones hidrográficas del Júcar, Segura y Tajo que el anterior Gobierno no finalizó dentro de los plazos establecidos en la Directiva Marco del Agua 2000/60/CE.

Estos nuevos planes, que ya han sido revisados para adaptarse al ciclo de planificación 2015-2021, incluyen normas de enorme repercusión en las regiones de Valencia y Murcia que reducen el funcionamiento de los Trasvases Júcar-Vinalopó y Tajo-Segura, cuyas menores transferencias ya están siendo suplidas con agua desalinizada. De hecho, el año 2016 empezó con el cierre temporal del Trasvase del Tajo-Segura lo que hace prever que las aportaciones de estas transferencias puedan ser suplidas íntegramente por agua desalinizada.

Cabe hacer notar que la opción de subvencionar el agua desalinizada suscita un amplio respaldo político. No obstante, la opción de lograr un “precio social” para el agua desalinizada, tiene difícil encaje en el principio de recuperación de costes que propugna la Directiva Marco del Agua 2000/60/CE. También se ha barajado la posibilidad de subvencionar la electricidad que consumen las desalinizadoras o bien, recurrir a la generación de energía solar fotovoltaica, que podría reducir el coste de producción en un 40%. Otra de las opciones que también se ha planteado en algunos foros, por parte de altos funcionarios del Ministerio de Agricultura, Alimentación y Medio Ambiente, consistiría en la integración de las desalinizadoras en un sistema global de gestión hídrica.

La desalinización formaría parte de un “mix hídrico” constituido por recursos superficiales, subterráneos y aguas residuales regeneradas, que se consumiría y asignaría a los diferentes usos atendiendo a criterios de disponibilidad, calidad, coste y garantía de suministro. El coste de la desalinización se repercutiría sobre el conjunto de dicho “mix hídrico”, lo que podría elevar las tarifas de un 10 a un 20%, pero el agua desalinizada constituiría el factor de garantía de suministro de todo el sistema.

En las regiones de Murcia y Valencia la desalinización ha elevado de forma muy notable la garantía de suministro en los abastecimientos de agua potable, sobre todo en las áreas de uso más cercanas a la costa, donde la implantación de nuevos desarrollos urbanos precisará recursos de agua adicionales y una diversificación de las fuentes de suministro como estrategia básica de gestión de sequías. La utilización de la desalinización ha significado en gran medida el fin de la escasez “física” de recursos en el litoral mediterráneo. Su uso permitiría generar recursos en abundancia.

Sin embargo, diversos autores han empezado a referirse a un nuevo concepto, el de “escasez socio-económica”, que vendría definido por la dificultad de acceder a esos nuevos recursos por parte de los usuarios. La desalinización podría convertirse en una estrategia de “mala adaptación” para hacer frente a los efectos del Cambio Climático.

Resulta oportuno cuestionar la idea de que la desalinización a gran escala constituye una solución tecnológica definitiva para resolver los problemas de escasez de agua del siglo XXI en las regiones del litoral mediterráneo español, no al menos hasta que se incremente la eficiencia energética y se reduzcan los altos costes de producción.

Para mayor información:

Morote Seguido, Álvaro Francisco, Rico Amorós, Antonio Manuel y Moltó Mantero, Enrique. La producción de agua desalinizada en las regiones de Murcia y Valencia: Balance de un recurso alternativo con luces y sombras”. Documents d’Anàlisi Geogràfica, 2017, vol. 63/2, p. 473-502. http://dx.doi.org/10.5565/rev/dag.353.

*Álvaro Francisco Morote Seguido, Doctor en Dirección y Planificación del Turismo e investigador en el Instituto Interuniversitario de Geografía de la Universidad de Alicante (España).

Enver Hoxha, el “arquitecto del socialismo albanés”

Xavier Baró i Queralt*

Tras la Segunda Guerra Mundial, buena parte de los estados balcánicos adoptó el socialismo como forma de gobierno, y Albania no fue una excepción. Las tropas alemanas e italianas fueron expulsadas, y tras una serie de conflictos y disputas internas, Enver Hoxha (1908-1985) logró consolidarse en el poder a partir de 1944. Dirigió el destino de Albania durante más de cuatro décadas, hasta el año de su muerte, acaecida en 1985.

Sin embargo, tres años después de la muerte de Stalin, su sucesor, Nikita Krushov, pronunció el famoso “Informe Secreto” en el XX Congreso del Partido Comunista de la Unión Soviética. En esa ocasión no dudó en atribuir al político georgiano todas las responsabilidades y errores sobre buena parte de su actividad política al frente de la URSS: las purgas, ejecuciones y deportaciones masivas, juicios injustos, errores en la dirección de los acontecimientos bélicos de la Segunda Guerra Mundial y, sobre todo, el “culto a la personalidad, fuente de todo un cúmulo de corrupciones muy graves y perjudiciales para los principios del Partido, de la democracia del Partido y de la legalidad revolucionaria”. Todos los países socialistas, a excepción de China y Albania, secundaron los postulados “revisionistas” de Kruschov. No debe sorprendernos, pues, que el líder soviético se refiriera en términos durísimos hacia sus colegas albaneses. En sus Memorias, anotó lacónicamente: “Los albaneses son peores que monstruos”.

Pero no había sido la primera ruptura, ni sería la última. Ya en la década anterior Enver Hoxha había cortado de raíz sus relaciones con la Yugoslavia de Tito, a la que acusó de afán expansionista y de no mantenerse fiel a los postulados marxista-leninistas. El recelo hacia Yugoslavia se mantuvo más allá de la muerte de Tito, acaecida en 1980. Sin embargo, fiel a los postulados estalinistas, el régimen de Hoxha perdió el apoyo de su único aliado en el marco internacional: la visita de Nixon a la China de Mao en 1972 catapultó la ruptura entre el gigante asiático y el pequeño estado balcánico. Así pues, Albania se quedó sin ningún aliado a partir de la década de 1970. El régimen cultivó la imagen de Albania como “ciudad inexpugnable del socialismo”.

Tal panorama resulta harto interesante para estudiar la evolución de los regímenes socialistas del siglo XX, y precisamente por eso, merece la pena acercarse a las fuentes que nos permiten acceder al pensamiento de Enver Hoxha, el máximo representante del socialismo albanés.

Conocer las fuentes primarias emanadas del líder albanés resulta fundamental para acercarse a la historia de Albania, pero también para aproximarse a la historia del socialismo en la segunda mitad del siglo XX. Además, Hoxha fue un autor prolífico. Sus obras completas en albanés, publicadas entre 1983 y 1990, ocupan 70 volúmenes, y eso que para su publicación definitiva sólo vieron la luz las aparecidas hasta abril de 1979, seis años antes de su muerte. El Comité Central del Partido del Trabajo de Albania decidió publicar, a partir de 1974 (y hasta 1987) seis gruesos volúmenes bajo el título genérico de Obras escogidas. Los cuatro tomos en lengua castellana de las obras escogidas del político comunista albanés Enver Hoxha recogen las aportaciones escritas (discursos, fragmentos de libros, entrevistas, alocuciones, etc.) más destacadas del político albanés entre 1941 y 1975. Publicadas ahora en edición facsímil, ofrecen una cantidad de información ingente para los estudiosos del comunismo y de la historia de Albania en el siglo XX.

Las Obras escogidas se publicaron por decisión del Comité Central del Partido del Trabajo de Albania, y bajo la tutela del Instituto de Estudios Marxista-Leninistas. Nexhmije Hoxha, esposa del líder albanés, fue directora del Instituto a partir de 1966. En más de 4.000 páginas, el lector interesado podrá conocer la visión oficial sobre la evolución del régimen socialista albanés. Partiendo de la formación de un minúsculo partido comunista (rebautizado, por orientación de Stalin, como Partido del Trabajo de Albania), se muestra su llegada al poder, y la consolidación de Hoxha como líder indiscutible. En todos los volúmenes, tras una breve introducción sin autoría, se incluyen aquellos textos que se consideran más destacados con una doble finalidad: conocer el pensamiento político del llamado “Arquitecto del Socialismo” albanés y ofrecer una visión marxista-leninista de la historia de la Albania, especialmente de la segunda mitad del siglo XX.

En definitiva, se trata de un material de innegable valor para cualquier estudioso de la historia del comunismo europeo, imprescindible para comprender cómo se forjó (y se consolidó) el régimen socialista en el pequeño Estado balcánico. Obviamente, tales fuentes deben ser contrastadas con las fuentes secundarias, entre las que sobresalen las aportaciones de historiadores como Gabriel Jandot, Miranda Vickers o Robert Elsie, además de la biografía de reciente aparición sobre Hoxha de la mano de Blendi Fevziu. En cualquier caso, si bien las fuentes secundarias resultan imprescindibles para contextualizar los textos oficiales de Hoxha recogidos en estos cuatro volúmenes, es innegable el valor que tienen estos textos, sobre todo por dos motivos: en primer lugar, porque nos acercan a la visión oficial del régimen socialista albanés, y en segundo término porque nos permite acercarnos al estudio de un importante teórico del marxismo-leninismo de la segunda mitad del siglo XX.

Para mayor información

HOXHA, Enver: Obras escogidas. Pamplona: Editorial Templando el Acero, 2015/2016 (4 tomos: tomo I: 901 págs.; tomo II: 913 págs.; tomo III: 912 págs.; tomo IV: 1001 págs.)

Xavier Baró i Queralt es Profesor Adjunto de la Universitat Internacional de Catalunya.

VÍCTIMAS PREDILECTAS DE LA TECNOCRACIA: LOS CAUCES FLUVIALES

La protección del patrimonio hidráulico y su conservación, cuando el paso del tiempo puede hacer que se considere su función obsoleta, plantea numerosas dificultades. En muchos lugares sistemas hidráulicos tradicionales, cuyo origen es muy antiguo, perecen ante nuevos diseños sin el más mínimo respeto a que han sido, durante siglos, factores esenciales en el modo de vida de las poblaciones a la vez que elementos singulares del paisaje.

Cuando, además, las modificaciones afectan a un cauce fluvial la cuestión se complica. A veces se esconde cubriéndolo al menos en parte o se deja a la vista en seco y destinado a otros usos, pero en todos los casos se han generado polémicas sociales y científicas. Por ello el intento de rellenar y hacer desaparecer un cauce, como actualmente se acomete en Lorca (Murcia), es decisión que posiblemente debería meditarse y haberse sometido previamente a un amplio debate.

El río-rambla Guadalentín en Lorca, caracterizado por la gran irregularidad de su régimen, durante siglos ha sido proveedor exclusivo del regadío en el gigantesco abanico aluvial que ha generado su entrada en la en la Depresión murciana. Dado su escaso débito y las grandes crecidas que experimenta, en su cuenca se instalaron algunos de los embalses más antiguos de España. Pero desde mucho antes la cuenca del Guadalentín se ha dotado de numerosas otras obras del mayor interés, desde presas subálveas hasta derivaciones, galerías con lumbreras y otros muchos artefactos para el riego, convirtiendo a esta cuenca en un extraordinario muestrario de adaptaciones a la sequía y aprovechamiento de recursos hídricos escasos e irregulares.

Ya señalan los escritores musulmanes que este río presenta la peculiaridad de poseer dos cauces diferentes, uno más alto que otro, de manera que para conseguir riego se eleva el agua mediante presas. No es esta una circunstancia extraña, pues las aguas circulantes por un cono aluvial extenso, suelen divagar, presentar difluencias y labrarse cauces nuevos, aprovechándose los antiguos con frecuencia como conducciones de riego. Es más que posible que este fuera el origen de la “rambla de Tiata”, que ahora se pretende cubrir con una ronda destinada a facilitar el tráfico automovilístico.

Fig. 1.-Abanico aluvial del Guadalentín soporte, de la huerta tradicional de Lorca

Este posible antiguo cauce, acondicionado y que cuenta hoy con otros elementos patrimoniales de interés (Puente de la Torta, obra en hormigón armado de 1910), aparte de permitir el regadío de un amplísimo sector de la vega lorquina en episodios de crecida, distribuye también las “aguas claras” procedentes de los embalses de cabecera o de otros orígenes. También ha facilitado secularmente la dispersión de los caudales en grandes crisis de inundación, función dificultada ahora por el abandono de su desagüe natural a través de la rambla de Biznaga, invadida por cultivos y edificaciones.

Fig. 2 .- Puente de la Torta sobre la Rambla de Tiata.

El conjunto de la derivación de “Los sangradores”, de hecho una derivación o boquera de enormes dimensiones, con los dos brazos en que divide el río: rambla de Tiata y El Ramblar, componen un dispositivo hidráulico amplísimo, determinante de la estructura general del regadío tradicional lorquino e íntimamente relacionado con la morfología del abanico aluvial del Guadalentín. Encaminado a la mejor administración posible tanto de las aportaciones ordinarias del río como a sus frecuentes crecidas extraordinarias es, sin duda, un buen ejemplo de adaptación al medio, ya que es capaz de paliar los efectos de una inundación diseminando la onda de crecida y, al mismo tiempo, regar y fertilizar con sus aluviones (“riego de turbias”) un amplio territorio y colaborar en la desalación de los sectores semiendorreicos que flanquean el abanico del Guadalentín en su sector meridional.

Fig. 3.- Presa de derivación de “Los Sangradores”

Este ha sido el papel secular de la presa de Los Sangradores y los dos cauces que parten de ella. La denominada rambla de Tiata está hoy integrada en buena parte en la trama urbana del núcleo de Lorca, flanqueando los paseos de Las Alamedas y afectada de lleno por el proyecto de vial que pretende hacerla desaparecer, rellenado su cauce y sustituyéndolo por una tubería subterránea capaz para 8 m3/s., que son, al parecer, las necesidades estimadas por los regantes.

Sin duda el regadío de la huerta de Lorca ha cambiado mucho, en particular a partir de la segunda mitad del siglo XX, permitiendo valorarlo como obsoleto y a las crecidas del Guadalentín como “extremadamente esporádicas”. Pero aun aceptando afirmaciones infundadas, el vial que se pretende construir destruye la estructura general del sistema de riego de la huerta de Lorca, algo cuya desaparición posiblemente resulte inaceptable para muchos. Una mínima prudencia parece aconsejar la apertura de un amplio debate público, que incluya propuestas alternativas y evite un nuevo atentado al harto maltratado patrimonio cultural de la ciudad de Lorca.

Para mayor información:

Chacón, F. Mula A. Calvo, F. (Dir.) Lorca, pasado y presente. Murcia: CAM/Ayuntamiento de Lorca,1990, 2 volúmenes.

Calvo, F. Conesa, C. Álvarez, Y. La inundación de octubre de 1879 en el bajo Segura. Magnitud y efectos inducidos. Madrid: Estudios Geográficos, nº 242, 2001. Pags.7-27

Francisco Calvo García- Tornel es Profesor Emérito en la Universidad de Murcia.

Ficha Bibliográfica

Brasil – País dividido após eleições

Sonia Fleury

As eleições que reconduziram a presidente Dilma Rousseff do PT- Partido dos Trabalhadores à Presidência da República na disputa com o Senador Aécio Neves do PSDB – Partido Social Democrata Brasileiro, aparentemente não trouxeram novidade, já que a disputa entre os dois maiores partidos que surgiram com a democratização tem se repetido nesses últimos vinte anos, alternando governos do PSDB (Fernando Henrique) com os do PT (Lula e Dilma).

No entanto, algo de novo ocorreu nessa campanha cheia de imprevistos, depois da morte de um candidato em desastre aéreo e sua substituição pela ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que se apresentou como uma terceira via nessa polarização. Mas, foi derrotada no primeiro turno levando à disputa tradicional entre dois projetos que tem se apresentado para o país, terminando por reconduzir o PT à Presidência, depois de dois mandatos do Presidente Lula e um da própria presidente Dilma.

A vitória de Dilma se deu por pouco mais de três milhões de votos, mostrando o acirramento da disputa e a divisão do país em termos de classe e regiões, sendo os mais pobres em todo o país de as regiões mais pobres do país aqueles que maciçamente votaram pela reeleição do PT. Além disso, o tom violento da campanha nas redes sociais mostrou uma realidade que os brasileiros procuram desconhecer: um país dividido com eleitores cheios de preconceitos, o repúdio à perda de status das classes médias tradicionais e a rearticulação das elites empresariais e financeiras em torno de um projeto subordinado à lógica neoliberal e alinhado as grandes potências.

Pela primeira vez, desde o término da ditadura, a direita procurou se colocar no cenário político, mobilizando rancorosos eleitores, embora sem uma candidatura presidencial própria. Apesar do senador Aécio Neves já ter declarado que não assumirá o lugar da direita, buscando calibrar seu partido como uma oposição democrática ao governo eleito, seus apoiadores clamaram imediatamente pelo impeachment da presidente eleita, em um momento em que denúncias de corrupção na Petrobrás ocupam os noticiários.

O acirramento das contradições mostra que o país está sofrendo uma lenta, porém importante re-estratificação territorial e social, com a perda de dinamismo econômico da maior região industrializada do país, o Estado de São Paulo, e com a emergência de polos dinâmicos de desenvolvimento em outras regiões do país. Além disso, mesmo em tempos de crise econômica, o governo assegurou a manutenção do emprego e do valor do salário mínimo que, juntos com as transferências monetárias, provocaram o aumento do consumo da população mais pobre.

Essas dinâmicas impulsionadas pelos governos do PT foram ainda associadas à forte intervenção econômica do banco de investimentos, BNDES, no financiamento público das empresas, e dos bancos comerciais – Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal – nos financiamentos do crédito habitacional e popular. A criação do banco dos BRICS consolidaia essa disposição de uso de fundos públicos para alcançar maior autonomia em relação ao capital financeiro nacional e internacional. O modelo de partilha da exploração do petróleo e outras medidas que asseguram a defesa da soberania na exploração de riquezas minerais tem sido vistas como sinais de um nacional desenvolvimentismo retrógrado pelos críticos do governo e por grupos de interesse fora do país.

Finalmente, a ideia de fortalecer a participação popular através de um decreto que criava a Política Nacional de Participação Popular enviada pela presidente ao Congresso, foi vista pelos setores conservadores do Legislativo e da mídia como uma ameaça ao poder dos parlamentares, sendo derrubada imediatamente depois das eleições.

A participação eleitoral sempre foi vista como essencial à democracia, mas o que vimos foi uma polarização violenta e nada democrática, saudosa dos tempos da ditadura militar. Por outro lado, a participação popular foi o mecanismo mais inovador entronizado pela Constituição Federal de 1988 e desenvolvida desde então em um conjunto de instituições e processos que asseguram o controle social e a gestão compartilhada entre governo e sociedade civil. No entanto, esses mecanismos seguem restritos às áreas sociais, ambientais e culturais, além de aplicarem-se também ao planejamento urbano.

A suposição que embasa a democracia participativa é de que ela é necessária à inclusão social, além de propiciar o reconhecimento e diálogo entre os diferentes, igualados em instâncias políticas com regras de convivência definidas.

O que se pergunta nesse momento é que tão democrática é a participação dos eleitores em ataques aos adversários em redes sociais virtuais, sem que um espaço público de diálogo e respeito mútuo seja estabelecido.

Por outro lado, também se deve perguntar qual o(s) significado(s) da participação popular, que pode variar desde mecanismo de construção de consensos e coesão social até a mera legitimação do controle e da coerção estatal na gestão da população nos territórios marginais e periféricos das cidades.

Sobre esse assunto ver o artigo Metonímias da participação pacificada em Scripta Nova, numero 20 de Janeiro de 2015.

Políticas de innovaciones para África

Jussi S. Jauhiainen*

África subsahariana tiene algunas de las áreas de crecimiento económico más rápido en el mundo. Durante los últimos años, el desarrollo económico ha sido ayudado por el crecimiento de la población urbana – que también es uno de los más rápidos mundialmente. Podemos añadir todavía el hecho de que en muchas partes la mayoría de la gente tiene ya teléfono móvil, y muchos de ellos poseen una conexión Internet.

Sin embargo, todavía imaginamos África subsahariana con viejas ideas. Hay que cambiar la imagen de que es un lugar pobre, rural y subdesarrollado, y transformarla en una imagen nueva, la de África como una potencia fuerte. Con esto no hablamos de un futuro distante, sino de uno próximo que puede ser realidad en los años 2020. África será el continente del siglo XXI. Por eso, hay que mirar atentamente, y seguramente admirar, lo que pasa en África en los campos de innovación.

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TENEMOS QUE CAMBIAR NUESTRA IMAGEN DE ÁFRICA SUBSAHARIANA, DE UN ÁREA MÍSERA A UN ÁREA CON MUCHA POTENCIA EN INNOVACIÓN Y ECONOMÍA

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La realización de la potencia de África no es, y no será, automática. Una de las claves cruciales para un desarrollo destacado y sostenible es la política de innovación, o, mejor dicho, las políticas de innovaciones. Hoy en día muchos países en África tienen ya una política en este sentido. En los últimos años muchos gobiernos de los países subsaharianos han impulsado nuevas políticas que incorporan en su vocabulario palabras claves como innovación, tecnología y ciencia. Por eso, aparentemente, parece que todo fuera en el camino correcto hacia el desarrollo del siglo XXI.

Las investigaciones que he realizado recientemente en Namibia (con una superficie 1.5 veces más grande que España pero con solo 2 millones de habitantes y con un PIB per cápita 5 veces más bajo de España) y en Tanzania (superficie 2 veces más grande de España, con el mismo número de habitantes y con un PIB per cápita 17 veces más bajo que este país), muestran que la mayoría de los documentos publicados sobre la política de innovación no han captado suficientemente bien los aspectos más importantes y recientes de la misma. Estos documentos expresan la idea de realizar el desarrollo con acciones de gobierno dirigidas de arriba para abajo, miran sólo en el territorio nacional y no perciben bien las capacidades de la gente común y de las tradiciones indígenas.

En efecto, las estrategias y políticas de innovación en África mantienen una influencia directa de las políticas de los países occidentales mucho más desarrollados. En muchos casos se trata de influencia de las políticas de innovación de los años 1990 y principios de 2000. Entonces era crucial concentrar los esfuerzos en nuevas tecnologías, muchas de ellas basadas en la investigación universitaria, tanto en ingeniería aplicada como en medicina. En muchos casos la ruta de la innovación partía del desarrollador y llegaba posteriormente al público. Los objetivos más típicos eran objetos complejos que implicaban tecnologías avanzadas y costaban mucho a los usuarios. Por eso, para estos instrumentos tecnológicos el mercado se restringía sobre todo a pocas personas e instituciones. También había mucha distancia entre el sector privado, los entes públicos y las ONG, por no hablar de la gente común.

Pero, en los últimos 5 a 10 años mucho ha cambiado en el campo de innovación, y muchas más cosas van a cambiar en el futuro. Ahora, en lugar de desarrollar innovaciones para la oferta, o sea, en lugar de empezar por desarrollar el objeto tecnológico y después ver si hay bastante demanda para esto, en la actualidad la mayoría de las innovaciones son de demanda; es decir los desarrolladores buscan y crean demanda y después desarrollan el objeto o el servicio para responder a ella. Es importante advertir que, comparando con la producción de objetos materiales, tienen ahora más mercado varios servicios digitales y otras cosas inmateriales, que, además, por su parte incrementan el valor añadido más rápida y más fácilmente.

Otro cambio significativo es que la imagen tiene una importancia relevante. No solo la funcionalidad, una de las trampas en que cayó el gigante de telefonía móvil Nokia, de origen finlandés. Las políticas de innovación tienen en cuenta hoy en día específicamente el contexto en que se aplican.

En los campos de la innovación se aplican ya sistemas regionales y transfronterizos de innovación. Por mencionar algunos ejemplos: frente a las políticas exclusivamente nacionales se utilizan acuerdos internacionales; en lugar de privilegiar sectores aislados, se aplica la cuádruple hélice de cooperación entre los entes públicos, privados, de ONG y los ciudadanos; frente a la innovación cerrada o restringida, se insiste en la innovación abierta.

Las políticas en África no tienen en cuenta suficientemente estos cambios. Tampoco captan los modos de unir las tradiciones indígenas con las necesidades actuales y las de mañana o pasado mañana. Muchas innovaciones del futuro proceden en realidad de la multitud de la gente. Esta multitud es al mismo tiempo el proponente y el usuario de las innovaciones. Hoy en día, esa nueva tendencia se ve en las empresas que “mezclan” innovación, tradición, masas, acceso e imágenes, como, por ejemplo, Google y Facebook. El futuro de innovación no está en dirigir la política pública desde arriba sino en una práctica en que la política pública se vincula a la práctica privada y con las ideas, usos y necesidades de las masas.

Para conclusión, volvemos en tres asuntos importantes. Primero, tenemos que cambiar nuestra imagen de África subsahariana de un área mísera a un área con mucha potencia en innovación y economía. Segundo, los países y regiones de esta amplia área, que por supuesto tiene mucha diferencia interna, necesitan adaptas políticas de innovación que sean bastante flexibles para realizar la potencia que tiene la población creciente. Tercero, los caminos para el futuro pueden y tienen que ser diferentes. Entonces, para esto, no necesitamos una política de innovación pero políticas de innovaciones para África.

Para mayor información: HAUTALA, Johanna & JAUHIAINEN, Jussi S. (2014). Spatio-temporal aspects of knowledge creation. Research Policy 43, 655-668.

JAUHIAINEN, Jussi S. (2014). Baltic Sea Region innovation systems: Challenges and opportunities. Baltic Sea Policy Briefing 1/2014, 7-17.

Jussi S. Jauhiainen es Catedrático de Geografía en la Universidad de Turku, Finlandia, así como Profesor de esta materia en la Universidad de Tartu en Estonia. Sus trabajos científicos tratan de desarrollo, planificación y política regional y urbana los cuales ha realizado sobre todos los continentes.