Era uma vez uma pequena cidade tranquila …

Pedro Henrique Carnevalli Fernandes*

“Ladrões utilizam retroescavadeiras para roubar agência bancária”!1 Notícias com palavras similares a essas em pequenas cidades não são uma exceção… pelo contrário, tem sido recorrente. O ataque às agências bancárias e aos caixas eletrônicos são frequentes, mas não são as únicas que tornam a vida cotidiana em pequenas cidades marcada pela insegurança e até pelo medo. Portanto, parece que a vida pacata e tranquila nessas localidades é cada vez mais um mito. As histórias de várias décadas sem um único homicídio vão se tornando raras.

A tranquilidade em pequenas cidades pode dizer respeito a vários atributos que nelas se encontram ou se esperava encontrar: trânsito menos intenso e a possibilidade de uma vida em ritmo mais lento; espaços mais silenciosos e o sentimento de segurança devido a suposta incidência menor de criminalidade. É especialmente quanto a este último que alertamos sobre as transformações ocorridas, o que nos leva a desconstruir tal imagem de tranquilidade, pois, em grande parte dessas localidades não corresponde mais a realidade. Isto leva a uma oscilação no tratamento sobre as pequenas cidades, ora sinalizadas como ilhas de tranquilidade ora como espaços do medo. Depende de para qual cidade se olha, ou ainda mais especificamente, para que áreas dentro delas.

São restritos os dados secundários para tratar deste tema. Existem dados quanto aos homicídios, mas não para as demais ocorrências. Por isso, é preciso acompanhar as notícias, com todas as ressalvas que precisamos ter acerca das mesmas. Elas ajudam a ter uma ideia do que vem acontecendo nas pequenas localidades, como registramos por meio de algumas manchetes coletadas a partir do acompanhamento de um jornal diário em Maringá e que abrangem as pequenas localidades da região Norte do Paraná/Brasil: “Rapaz é morto a tiros dentro de carro em Sertanópolis” (16.02.2014); “Dupla presa após assalto a lotérica de Planaltina do Paraná” (20.02.2014); “BMW é flagrada em 57,595 kg de crack em Perobal” (21.02.2014); “Rapaz cai em golpe, é espancado e furtado em Boa Esperança” (24.02.2014) e “Ladrões fazem mais de 30 buracos em caixa eletrônico em São Tomé” (28.02.2014). Levantamento mais completo revelou frequentes roubos ou furtos, assaltos aos caixas eletrônicos, homicídios ou tentativas e brigas; tráfico de drogas, apreensão de contrabando, dentre outros. Conforme se vê no Quadro 1 essa tendência não se encontra apenas no Paraná.

Quadro 1 – Notícias sobre violência em pequenas cidades brasileiras.

FonteAnoMancheteLink
Folha Campinas1999Crimes migram para cidades pequenashttp://www1.folha.uol.com.br/fsp/campinas/cm25049901.htm
UOL News2007Cidades pequenas lideram violência no país explica sociólogohttp://noticias.uol.com.br/uolnews/brasil/2007/02/27/ult2492u400.jhtm
Consciência crítica2008Aumento da violência em cidades pequenashttp://conscienciacritica.wordpress.com/2008/01/30/aumento-da-violencia-em-cidades-pequenas/
JusBrasil2008Parlamentares chamam a atenção para a violência em pequenas cidadeshttp://al-pa.jusbrasil.com.br/noticias/973752/parlamentares-chamam-atencao-para-a-violencia-em-pequenas-cidades
Jampa News2011Criminalidade: violência cresce em cidades pequenashttp://www.jampanews.com/2010/ler_noticia.php?id=23527
Blog do Bordoni2013Violência: das cidades pequenas e médias, 15 de Goiás são barra pesadahttp://luizcarlosbordoni.blogspot.com.br/2013/07/violencia-das-cidades-pequenas-e-medias.html
Portal Globo2014Violência vira grande preocupação de moradores de pequenas cidadeshttp://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2014/02/violencia-vira-grande-preocupacao-de-moradores-de-pequenas-cidades.html

Fontes diversas.

Em convergência com o que estamos sinalizando, Julio Jacobo Waiselfisz no Mapa da Violência de 2010, trabalha com os dados de homicídios em todos os municípios brasileiros e apresenta, como principal conclusão, a interiorização da violência. Entre as trinta primeiras colocadas, nove (30%) possuem menos de vinte mil habitantes, doze (40%) possuem menos de cinquenta mil habitantes e 17 (57%) até cem mil habitantes. Já entre as 500 cidades brasileiras com maiores taxas de homicídios, 328 (65,6%) possuem, no máximo, 50 mil habitantes de população urbana e podem ser consideradas pequenas cidades, sendo delas 33,5 por cento com até dez mil habitantes, 44,8 por cento com população entre 10.001 e 25 mil habitantes e 21,7 por cento com população total entre 25 mil e cinquenta mil habitantes.

Desse modo, temos esboçado possibilidades de interpretação desse fenômeno, que não são excludentes entre si, mas complementares: a) o crescimento do tráfico e consumo de drogas e produtos ilícitos trazem consigo o aumento da violência; b) a violência difunde-se por todo o território a partir das áreas metropolitanas; e, c) as peculiaridades de áreas não-metropolitanas facilitam as ações que geram insegurança, já que a presença de equipamentos públicos de segurança nessas áreas são insuficientes ou mesmo inexistente, acompanhando o processo de perda de centralidade de modo geral das pequenas cidades.

As pequenas cidades conhecidas pela tranquilidade, com suas portas e janelas abertas que indicavam a ausência do medo cotidiano vão lamentavelmente fechando-se. Junto com as portas e janelas também estão se fechando as pessoas, especialmente para a vida e espaços públicos, empobrecendo a sociabilidade.

Para maiores informações:

ENDLICH, A.M.; FERNANDES, P.H.C. Aumento da violência em pequenas cidades. Scripta Nova. P. 1-10. Barcelona, 2014.

* Pedro H. C. Fernandes é docente na Universidade Estadual do Norte do Paraná.

Ladrões assaltam bancos e levam reféns como escudos de proteção em Curiúva, Norte do Paraná, Brasil (2016).

Fonte: Jornal Repórter do Vale, disponível em <http://www.jornalreporterdovale.com/2016/01/curiuva-quadrilha-faz-escudo-humano-com.html> acesso em 12.11.2016.
Fonte: Jornal Repórter do Vale, disponível em http://www.jornalreporterdovale.com/2016/01/curiuva-quadrilha-faz-escudo-humano-com.html acesso em 12.11.2016.

1 Notícia referente ao assalto em Ortigueira-PR, disponível em <http://g1.globo.com/pr/campos-gerais-sul/noticia/2015/11/ladroes-utilizam-retroescavadeiras-para-roubar-agencia-bancaria-no-pr.html>

UNA CIUDAD NO CAPITALISTA

Horacio Capel*

La elección de Donald Trump como presidente de Estados Unidos ha sido toda una sorpresa. Parece increíble que un patán demagogo como él haya tenido tantos votos, y asusta la extensión de la tendencia reaccionaria e inculta que ello representa, con malos augurios para el futuro.

Sobre todo en el momento en que los problemas del mundo son muy graves, y se hace imprescindible pensar en organizar de otra forma la sociedad. Se ha comprobado que las políticas neoliberales han sido nefastas y han provocado la crisis económica actual y el aumento de la brecha entre los que tienen y los que no tienen.

Eso se une a otras consecuencias del sistema económico dominante, el sistema capitalista, que ha creado grandes riquezas pero no ha sabido repartirlas, y ha provocado nefastas consecuencias con la obsesión por el máximo beneficio, la masificación de la sociedad de consumo, la degradación de la naturaleza, el aumento de la contaminación y el incremento de las tensiones sociales.

El mundo está al borde de la catástrofe, y se hace imperioso pensar en otra forma de organizarlo, con una economía y una sociedad postacapitalista. Hoy, esa necesidad de reformar el sistema económico es aceptada por muchos políticos y economistas, ante la gravedad de las amenazas que existen sobre el futuro de la Humanidad.

El cambio en los países democráticos depende de los ciudadanos, de su voto y de la elección de gobiernos decididos a introducir cambios profundos en el sistema. Creo que eso se puede hacer, y se ha de hacer sin violencia, porque ésta puede provocar la desorganización de todo el sistema social. El cambio ha de hacerse “de la ley a la ley”, elaborando y aprobando leyes profundamente reformistas y transformadoras.

En estos momentos los diagnósticos están bastante bien realizados, y se conoce la gravedad de la situación. Lo que se necesita es pensar en las alternativas, y meditarlas.

Los datos existentes muestran las graves desigualdades que existen a escala mundial, a la de los diferentes países y en el interior de las ciudades; así como la necesidad de una acción decidida para redistribuir los recursos. También la urgencia de tomar medidas para evitar la especulación inmobiliaria y para la municipalización del suelo, el control público de las plusvalías, la gestión participativa de los municipios y áreas metropolitanas, la extensión universal de la sanidad, y la escuela pública para todos con el fin de asegurar una educación general de calidad y la convivencia.

Los problemas del mundo son tan graves que las propuestas de cambio pueden ser ampliamente aceptadas democráticamente, con tal de que se presenten con coherencia. En realidad, solo la equidad social, la limitación del consumo por parte de las clases medias y altas, el crecimiento mundial de suma cero, es decir el crecimiento de los que menos tienen a costa de la disminución de los que más poseen, permitirán evitar los riesgos que nos amenazan. Para ello hace falta dialogar, y convencer a la gran mayoría de la población, con propuestas de cambio radical, pero coherentes.

Las leyes que deberán elaborarse y aprobarse democráticamente habrán de introducir importantes y decisivas reformas económicas: sobre la propiedad, el control de los medios de producción, el paso a un sistema financiero público, los bienes comunes, la difusión de las cooperativas de producción. Se han de elaborar y aprobar propuestas sobre la eliminación de la pobreza y la exclusión, la renta básica para todos, la reducción del consumo, el reparto del trabajo entre todos y estimular formas de colaboración laboral.

Podemos imaginar cómo será la ciudad postcapitalista a partir de las críticas que se hacen a la ciudad capitalista, y concebir una estructura económica y social en la que haya más equidad y distribución de riqueza, menor agresión a la naturaleza, donde no haya desigualdades en la calidad de vida, en la salud y en la educación; lo que significa, en definitiva, una renta per capita similar para toda la población del mundo. Una utopía que ha de convertirse en realidad discutiendo no solo las metas sino también los caminos para llegar a ella.

Para mayor información:

CAPEL, Horacio. La forma urbana en la ciudad postcapitalista. Biblio3W. Revista Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, 5 de noviembre de 2016, vol. XXI, nº 1.177. <http://www.ub.es/geocrit/b3w-1177.pdf>.

Horacio Capel es Profesor Emérito de la Universidad de Barcelona.

Las huellas de Eurovegas

Durante dos años, del 2012 al 2014, en medio de las secuelas de la crisis financiera, un panorama de elevado desempleo y de un frenado sector de construcción después del pinchazo de la burbuja inmobiliaria, el proyecto Eurovegas fue durante algo como un gran activo político en España. En un panorama politico sin respuestas o ideas para paliar o incluso superar el reto urbano y social dejado por el abrupto fín del insostenible boom del ladrillo, surgió este proyecto urbano aún más desmesurado: un emporio del ocio de financiación incierta compuesto por varios casinos, hoteles, campos de golf, centros comerciales y de convenciones. Y Las Vegas Sands financiaría en parte esta transposición actualizada de Las Vegas al viejo continente.

Mapa en mano, los políticos pisaron terrenos que antes habían señalado con el dedo, terrenos destinados a servir de simulacro de un proyecto que prometía generar riqueza y crecimiento. Lugares y nombres pronto se llenaron de anotaciones, en reñida competición para atraer al inversor global: localidades como Getafe, Leganés, El Molar, Torrejón de Ardoz, Paracuellos del Jarama, Valdecarros y Alcorcón, en las cercanías de Madrid; o Montcada i Reixac, Gavà, Abrera, Terrassa, Sant Boi, Cornellà, Viladecans y El Prat de Llobregat, en la periferia de Barcelona, estaban listas para abandonar paulatinamente sus connotaciones e identidades originales para incribirse en el megaproyecto. La llegada del proyecto de Eurovegas ha librado el territorio a la lógica de la globalización y ha impuesto unas mismas reglas de producción del espacio, ya sea en Nevada, Macao, Castilla o Catalunya.

Al ser una zona libre de impuestos y beneficiarse de una laguna legal, los paisajes en juego también se convirtieron en objetos de nuestra imaginación: mientras arquitectos y urbanistas recalificaban las propiedades en sus mesas de dibujo y en compensación recibían jugosos honorarios, los medios de comunicación difundían las imágenes del futuro complejo, inscribiéndolas en el imaginario colectivo. Como un producto espacial más, las imágenes virtuales de relucientes rascacielos, plazas iluminadas, fuentes multicolores y lujosos casinos reemplazaron a los campos de alcachofas, huertos comunitarios o secas llanuras.

Barcelona contra Madrid: una partida de póker urbanística

El inversor exigía, como condición sine qua non 1.000 hectáreas edificables. Valdecarros se erigió en una de las opciones para acercar Eurovegas a Madrid. Con la entrada en liza de Barcelona, empezaba una partida de póker urbanística de alcance nacional, agudizada por la competición que libran las dos ciudades.

Barcelona debía sacrificar sus últimas reservas agrícolas realmente autosuficientes para conseguir el macrocasino. El mismo nombre del delta del Prat de Llobregat, el territorio elegido para derrotar a Madrid, indica su relevancia ecológica y regional: prado del río Llobregat. Esta área de 3.350 hectáreas, además de ser un humedal estratégico y una zona de protección para un acuífero de vital importancia, produce con sus 22.000 toneladas anuales de vegetales el 15% de la producción agrícola de Catalunya, según los datos de la Plataforma Aturem Eurovegas. Además, alberga a microindustrias relacionadas con la agricultura que generan 1.500 puestos de trabajo, y es un importante recurso natural del área metropolitana de Barcelona. Ante el interés del magnate estadounidense por implantar el modelo Las Vegas en Europa en este territorio, el gobierno catalán no dudó en encargar a un despacho de arquitectos local la recalificación de los terrenos que lo componen para facilitar su transformación en una región especializada en el ocio y la evasión fiscal.

A comienzos de septiembre de 2012, Madrid ganó la partida. Tras una larga y opaca disputa entre Valdecarros y la localidad alternativa de Alcorcón, Adelson se inclinó por la segunda opción, por ser el territorio ininterrumpido más extenso y distar tan solo diez minutos del centro de Madrid. En lugar de darle la vuelta a la tortilla proclamando las ventajas de la sostenibilidad y de las oportunidades que ofrece un ingenioso urbanismo de paisajes, Barcelona se desquitó presentando otro proyecto fantasmagórico solo un día después de anunciarse la decisión: se llamaría Barcelona World, estará situado en la provincia de Tarragona y lo financiará un turbio hombre de negocios que ha amasado su fortuna durante la burbuja inmobiliaria y que ha persuadido al hijo de un magnate chino para que invierta en esta respuesta a Eurovegas. Según la prensa, el proyecto incluye seis parques temáticos y varios complejos hoteleros, con un total de 12.000 habitaciones.

Al mismo tiempo, se aprobaban modificaciones en la legislación del suelo de la Comunidad Autónoma de Madrid y se flexibilizaba la ley sobre el tabaco. Todo ello, para llevar a las vastas planicies que se extienden alrededor de la antigua villa de Alcorcón la inversión de entre 6 y 17 mil millones de euros, con la creación de 72.000 empleos y otros 15.000 adicionales para la construcción, la presencia de los cuales exigiría también modificar la legislación sobre la admisión de mano de obra extranjera, el manual de prevención del lavado de capital, exenciones en la cotización a la seguridad social, la libre disponibilidad del espacio público y el traslado de un gran vertedero municipal.

Fin de partida

Alcorcón, la región que durante casi dos años quiso ser el desierto del Mojave, simboliza ahora tanto las promesas incumplidas como el fracaso del proyecto: en diciembre de 2013, el espejismo terminó. La prensa informó que Las Vegas Sands había pedido que todas sus inversiones quedarían protegidas ante cualquier ulterior modificación legislativa –exigencias que el gobierno de España no estaba en condiciones de aceptar. “No vemos cómo podemos llevar a cabo este proyecto a gran escala”, afirmó Adelson en una declaración de prensa a mediados de diciembre. Abandonó Madrid apostando por Asia, a Japón o Corea a su vez. Al final, Eurovegas se estrelló como una burbuja más.

Aun así, la simple implantación de este proyecto en el discurso sobre urbanismo y en el imaginario de los políticos y de los ciudadanos –en forma de promesa para unos, de amenaza para los demás–, su inscripción en el mapa e incluso su fracaso final, sometió a una gran presión estos espacios periféricos y modificó definitivamente su significado.

Para mayor infor­ma­ción

GOLDA-PONGRATZ, Kathrin. Landscapes of Pressure. Barcelona 2014. [ISBN 978-84-616-9007-7]. Edición en castellano e inglés. Con un ensayo de Carles Guerra.

http://pressuredlandscapes.tumblr.com/

http://copialab.com/exposicion/30/-PAISAJES-DE-PRESIÓN/

Kathrin Golda-Pongratz es doctora arquitecta y profesora de urbanismo internacional de la Frankfurt University of Applied Sciences.

PEQUEÑAS ISLAS, GRANDES TESOROS

by María José Viñals, Mario Planelles, Pau Alonso-Monasterio y Maryland Morant.

Las pequeñas islas, aquellas cuya superficie es menor de 1 km2, esconden valiosos tesoros, aunque no se trate de la Isla del Esqueleto (isla ficticia en la que Stevenson sitúa su “Isla del Tesoro”), ni de la “Isla de Coral”, donde Ballantyne sitúa las aventuras de su novela homónima. Es cierto que los piratas utilizaron algunas pequeñas islas del Mediterráneo como base para sus incursiones en el continente pero, realmente, los tesoros a los que nos referimos tienen más que ver con el patrimonio natural y cultural que contienen, algo que, unido a las sensaciones de “escapada”, aventura y cierta exclusividad que ofrecen, las han convertido en auténticos focos de atracción para numerosos y modernos Jim Hawkins, o sea, aventureros, ecoturistas, practicantes de turismo activo o, simplemente, turistas en busca de experiencias diferentes. La atracción es tal que, actualmente, resulta necesario regular sus usos y ahí es donde, precisamente, debe tener un papel importante la “Capacidad de Carga Recreativa” como herramienta para regular el uso y, a la vez, garantizar una experiencia turística de calidad.

La determinación de la Capacidad de Carga Recreativa puede tener un papel importante en la regulación del uso recreativo de las pequeñas islas, garantizando una experiencia turística de calidad.

Desde el punto de vista ambiental, las pequeñas islas son ecosistemas frágiles y vulnerables como consecuencia de su exclusiva dotación de recursos naturales, de su origen geológico, de su distancia al continente, y de su estructura ecológica pobre en especies. Sin embargo, estas mismas características han provocado la existencia de su mayor tesoro natural, los endemismos. En algunos casos, y hay que pensar que en el Mediterráneo existen en torno a 15.000 islas de este tipo de las que únicamente 35 están gestionadas de alguna forma, ha de añadirse al valor naturalístico un patrimonio cultural con cierta relevancia y, sobre todo, el componente escénico, el paisaje.

Naturaleza, cultura y paisaje son los recursos a proteger, pero no hay que olvidar que la experiencia turística integra diversos componentes de carácter psicológico, relacionados con ese “espíritu de escapada”, que se traducen en la necesidad de un mayor espacio personal entre visitantes, de evitar los encuentros o las interacciones entre ellos, de salvaguardar las cuencas visuales de la intromisión de otros usuarios e, incluso, otros relacionados con las sensaciones de seguridad o riesgo que dependerán, en gran medida, del perfil del visitante.

El estudio sobre la Capacidad de Carga Recreativa al que hace referencia este artículo se ha centrado en tres pequeñas islas mediterráneas: las Islas Columbretes y la de S’Espalmador, en España, y la Isla de Chikly, en Túnez. Se trata de tres espacios protegidos, que comparten algunas características ambientales y culturales y que están sometidas a presión turística aunque, ciertamente, en distinto grado. Columbretes y S’Espalmador destacan por su naturaleza mientras que Chikly, aunque sin carecer de esta, presenta un patrimonio cultural más importante, constituido principalmente por el Fuerte Santiago.

Los métodos de estimación de la Capacidad de Carga Recreativa suelen basarse en el análisis de las características físico-biológicas del lugar para determinar su “fragilidad vs. resistencia” a los impactos generados por la actividad recreativa, incluyendo aspectos cuantitativos y cualitativos relacionados con los usuarios y los equipamientos existentes. Así, es necesario identificar los factores limitantes del medio físico-natural para implementar medidas que garanticen la conservación de los recursos; pero, además, existe otra serie de factores relacionados con el confort físico y psicológico de los visitantes que deben ser observados para garantizar una experiencia recreativa satisfactoria.

Tras analizar los casos de estudio mencionados, puede concluirse que en este tipo de ecosistemas insulares, el componente ecológico tiene un peso específico mucho mayor que en otros, especialmente en lo relacionado con el número de especies endémicas y los aspectos vinculados con sus ciclos vitales, así como la potencialidad de ser lugar de nidificación o reproducción de especies importantes desde el punto de vista de la conservación.

Por lo que hace referencia a los factores psicológicos, resulta bastante evidente que el punto importante de la gestión se sitúa en controlar el número de visitantes que disfrutan de la experiencia al mismo tiempo, lo que ha sido definido como el “people at one time” (PAOT). Las pequeñas islas que disponen de algún tipo de equipamiento (centro de visitantes, edificios históricos, etc.) lo tienen, indudablemente, más fácil, porque pueden evitar los encuentros entre grupos si la gestión de visitantes se hace de forma adecuada.

Sin embargo, el factor que ha proporcionado unas conclusiones más interesantes ha sido el análisis del componente escénico en relación con las cuencas visuales. El pequeño tamaño de estas islas las hace especialmente vulnerables en este sentido dado que, al estar el campo visual delimitado por el ángulo de visión del ojo humano, cualquier intromisión u obstrucción de este campo visual por parte de otros visitantes o grupos de visitantes resulta especialmente llamativa.

La clave de la gestión de los usos y los visitantes en ambientes con un elevado grado de clausura, como son las pequeñas islas, está en el control de los accesos.

Como consecuencia, se puede afirmar que la clave de la gestión de los usos y los visitantes en ambientes con un elevado grado de clausura, como son las pequeñas islas, está en el control de los accesos. En el fondo, los piratas no tenían “ni un pelo de tontos”, y sabían que sus tesoros estaban más seguros en lugares a los que no todo el mundo podía acceder…

Para mayor información:

Viñals, M.J.; Planelles, M.; Alonso-Monasterio, P.; Morant, M., 2016. Recreational Carrying Capacity on small Mediterranean islands. Cuadernos de Turismo, nº 37: 437-463. ISSN: 1139-7861. eISSN: 1989-4635. DOI: http://dx.doi.org/10.6018/turismo.37_256341

http://revistas.um.es/turismo/article/view/256341/194301

Los autores son expertos en gestión turística del patrimonio natural y cultural de la Universitat Politècnica de València.

Las plazas mayores mexicanas. Quinientos años de continuidad

Cuando los mexicanos viajamos por nuestro país y visitamos ciudades grandes o medianas, capitales importantes o pequeños pueblos de ámbito rural, no nos es difícil orientarnos. Ni siquiera hace falta ser un paseante preparado por conocimientos y lecturas previas, o un turista bien armado con una guía adecuada. Todos sabemos que lo que debemos hacer es preguntar por la Plaza de Armas, por el Zócalo, el Parque o como se llame a la Plaza Mayor de la localidad, y hacia allá dirigir los pasos. Y cuando hemos estado en ella, hemos entrado en su iglesia, hemos visto las fachadas del palacio municipal o de gobierno y los edificios circundantes, nos hemos sentado en una banca del jardín o nos hemos tomado un refresco en algún café de los portales, ya podemos decir que conocemos tal ciudad o tal o cual pueblo.

Es cierto que en todos los lugares del mundo, desde que se organizaron los primeros centros urbanos, las plazas se convirtieron en elementos principales en el trazado y en la vida de las ciudades. Igual da que hayan sido explanadas de mercado, ágoras para la discusión política, centros ceremoniales y festivos, escenarios para el ornato o simplemente espacios abiertos frente a una arquitectura notable. Desde un principio y hasta ahora, constituyen elementos de vida pública y parte fundamental de los anales de las sociedades; son espejo de la historia de una cultura, de una organización civilizatoria. Pero el caso de las plazas mayores mexicanas, tanto como el de las hispanoamericanas todas, escribe una página extraordinaria y notable de la historia urbana universal, que remite en su origen a las utopías renacentistas que quisieron hacerlas geométricas, armónicas y hermosas, pero que pasa por la realidad descarnada de un pequeño territorio en disputa permanente.

Desde un principio y hasta ahora, constituyen elementos de vida pública y parte fundamental de los anales de las sociedades.

A las plazas mayores mexicanas se las han disputado quienes han querido hacer de ellas la escenografía gubernativa, quienes han querido sacarles provecho económico y quienes se las han adueñado con los trajines de la vida diaria. Desde hace quinientos años las plazas mayores mexicanas han sido el sitio privilegiado para el discurso del poder y el lugar predilecto para la apropiación colectiva del espacio público.

Todas las plazas que se fundaron durante las décadas que siguieron a la conquista española fueron diseñadas para ordenar, a la manera de un núcleo rector, la trama cuadriculada, facilitando el reparto de solares y el control territorial con las calles que salían de ellas tiradas a regla y cordel. Sirvieron para eso, y también para crear en ellas la máxima expresión de las nuevas estructuras sociopolíticas y administrativas impuestas a los habitantes originarios. La iglesia, el cabildo, los edificios de otras instituciones de gobierno, los portales del comercio establecido y las casas de quienes ocupaban el más alto rango en el escalafón social creaban, unos frente a otros, una vista elocuente.

Durante trescientos años, en las plazas mayores el espacio urbano parecía ser de todos y servía para todo. La fuente abastecía de agua al vecindario, el rollo y la picota recordaban las leyes y el castigo, la vendimia arremolinaba a vendedores y compradores y, como en cualquier mercado, buscaban por ahí su suerte los pícaros, maleantes y vagos. La gente entraba y salía de la iglesia por la plaza, y en ella se montaban tinglados para celebrar coronaciones en España, recibir a virreyes, obispos y arzobispos, para festejar a los santos patronos. En la plaza se corrían toros, se gritaban pregones, se anunciaban bandos y se manifestaban contriciones devotas. Aflicción y júbilo, homenaje y penitencia, trabajo y ocio, belleza y suciedad: todo se fundía en el espacio abierto y recogido a la vez de una plaza mayor mexicana, formando en su síntesis el axioma de la vida urbana.

Todo se fundía en el espacio abierto y recogido a la vez de una plaza mayor mexicana, formando en su síntesis el axioma de la vida urbana.

El racionalismo del siglo XVIII y el despotismo monárquico de reyes ilustrados se fue colando durante las postrimerías coloniales queriendo cambiar apariencias y funcionamientos. La afluencia irrestricta, el amontonamiento de puestos y mercancías, la mugre y el desorden se volvieron intolerables para los nuevos administradores del gobierno. Limpiar, despejar, empedrar parecían el objetivo último, aunque el saneamiento y la belleza eran la punta de lanza del avance del poder absoluto de la corona sobre las plazas, que le peleaba fueros a los ayuntamientos y a la iglesia, y disputaba usos consuetudinarios a los habitantes locales. Estatuas, obeliscos o columnas podrían glorificar la figura del monarca en el centro de una plaza impoluta y desembarazada de estorbos y suciedad, y los ejércitos podrían hacer ejercicios en ellas desplegando orden y grandeza.

Únicamente algunos proyectos tuvieron éxito. Pocos. La inercia y las prerrogativas de los hábitos seculares no son fáciles de torcer. Tampoco la gran sacudida revolucionaria de la Independencia alteró radicalmente y de golpe las costumbres inveteradas de la vida de cada día en las plazas. Solamente cuando terminaron las zozobras bélicas e invasoras, con la victoria última en 1867 de los ejércitos republicanos sobre las fuerzas conservadoras y de ocupación extranjera que impusieron como emperador a Maximiliano de Habsburgo, con un reforzado control político, dinero en las arcas públicas y unas oligarquías dispuestas a invertir en una imagen urbana renovada y a la altura de los tiempos de “progreso”, se retomaron los intentos por rehacer las plazas mayores incorporando nuevos paradigmas de ornato, modernidad tecnológica y civilidad ciudadana. Los espacios desembarazados de mercaderías y estorbos se poblarían de flores y árboles, entre los que se dispondrían calzadas que irían a converger en una fuente ornamental, o en un kiosco metálico en el que arraigaría la costumbre de las deleitosas serenatas. En la retórica de una naturaleza acotada, podada y bien combinada se leía un sentido de orden y de refinamiento al que era fuerza rendirse. Las autoridades podrían vigilar mejor la disciplina social, y la estatuaria y los monumentos que se instalaron prolíficamente en las plazas mayores, educaban en la nueva identidad nacional. La urbanidad republicana tuvo su escenografía principal en las antiguas plazas convertidas en jardines civilizados, ajuarados y musicales.

No hay duda de que la transformación fue exitosa y la vocación de las plazas mayores se mantuvo incólume a pesar de la mudanza de ropajes y costumbres. Las plazas mayores siguieron siendo entonces, y lo son hasta hoy, el centro neurálgico, el espejo del poder político y, como escribió Antonio Bonet Correa, el resumen breve de cada pueblo y ciudad. Con jardín la mayoría, y sin jardín algunas en que fue removido bien entrado el siglo XX, las plazas mayores continúan siendo lugar principal para la escenografía del poder, lugar preferido para las fiestas populares, las celebraciones patrióticas; siguen recibiendo como primicias las novedades tecnológicas, siguen albergando el comercio establecido de los portales y de los variopintos puestitos de venta callejera; y a pesar del decoro que las autoridades locales pretendieron para sus nuevos paseos aburguesados en la segunda mitad del siglo XIX, las plazas siguieron convocando por igual a todos como desde tiempos virreinales. Estamos ante una historia de larga duración que manifiesta la vigencia de las plazas mayores de México. Las metamorfosis que las han reeditado desde hace quinientos años han reafirmado casi siempre su centralidad y han apuntalado viejas formas de sociabilidad.

Las plazas mayores siguieron siendo entonces, y lo son hasta hoy, el centro neurálgico, el espejo del poder político y el resumen breve de cada pueblo y ciudad.

Charles Flandrau, un simpático viajero y agudo observador estadounidense que se paseó por el país a principios del novecientos lo dejó claramente anotado: en México, la plaza nunca decepciona. Esperemos que siga siendo así; que la plaza mayor de cada ciudad mexicana continúe ejerciendo el papel del espacio público por antonomasia, y no se convierta simplemente en un área común sujeta a los ímpetus privatizadores que caracterizan a las ciudades globales de la era neoliberal. Que con sensibilidad fundada en el conocimiento histórico, las plazas sigan gobernadas por políticas públicas que las libren de estrategias empresariales tendientes a remodelaciones desatinadas. Que las plazas mayores sigan siendo, como diría Carlos Monsiváis, un almacén de nostalgias.

Para mayor información:

RIBERA CARBÓ, Eulalia (coord.). Las plazas mayores mexicanas. De la plaza colonial a la plaza de la República. México: Instituto de Investigaciones Dr. José María Luis Mora, 2014. (ISBN: 978-607-9294-58-8)

Eulalia Ribera Carbó es profesora e investigadora del Instituto de Investigaciones Dr. José María Luis Mora en la Ciudad de México.

¿QUÉ HACER CON LOS RESTOS ARQUEOLÓGICOS?

A propósito del Circo romano de Tarraco.

Estanislao Roca Blanch *

A menudo, en los casos en que una parte de la historia de la ciudad está oculta, surge la duda sobre cómo actuar: derribar las construcciones actuales para integrar en el paisaje urbano el esplendor de los restos arqueológicos o dejar las cosas como están y seguir interpretando la ciudad sepultada a partir de lecturas y documentos de conspicuos arqueólogos e historiadores. A mi modo de entender y en el caso de la Parte Alta de Tarragona, lo que cabe no es ni una cosa ni la otra, sino intervenir en la justa medida y en puntos concretos a fin de incorporar estratégicamente en el espacio público los restos de hace dos milenios, dejándolos dialogar de forma activa con el contexto urbano más actual. «Presencia y permanencia» podría ser el título del argumento o de la película. Presencia de la ciudad del siglo XXI y permanencia de los restos romanos formando parte del paisaje urbano. Actuaciones estratégicas de acupuntura urbana podrían favorecer esta relación y procurar una buena sintaxis y diálogo entre ambas culturas separadas por el tiempo y unidas por el espacio.

La Parte Alta de Tarragona es un palimpsesto donde la ciudad actual se superpone a la parte monumental de Tarraco, en tres terrazas sucesivas ocupadas de abajo a arriba por el Circo romano, el Foro provincial y la zona del Culto. El arte del buen establecimiento romano se concretaba en un proyecto que resolvía con brillantez la articulación de los distintos niveles y el encaje de las tres grandes piezas urbanas. Siendo así, uno de los principales atributos de su implantación radica en la buena relación de los elementos, subrayada en algún punto por la aparición de elementos de arquitectura singular como el Pretorio y la Torre de la Antigua Audiencia que permitían conectar el nivel del Circo con el del Foro provincial.

Planta del conjunto según R. Cortés y R. Gabriel
Planta del conjunto según R. Cortés y R. Gabriel

Hace dos décadas un equipo de arquitectos empezamos a trabajar en la mejora de la Parte Alta de Tarragona, sobre todo a partir de un proyecto que aportaba valor añadido a la reurbanización, peatonalización y mejora del tejido urbano, ya que en parte consistía en la reinterpretación del conjunto monumental a partir de unos criterios de diseño. Como ejemplo de aquella actitud proyectual se definió un cambio de material del pavimento para expresar la posición exacta del criptopórtico del Foro provincial, en este caso a base de travertino romano. En la plaza del Rei y la calle de Santa Anna, que es donde yo mismo más intervine, el pavimento de travertino romano coincide en una franja ancha en la plaza y sigue por la calle con un ancho que varía desde cinco centímetros a casi un metro, debido a la forma errática de la ciudad medieval superpuesta al criptopórtico de geometría regular.

Implícitamente con el simple cambio de pavimento además de mostrar la posición exacta del criptopórtico se explica como la calle en la ciudad medieval no venía configurada por un trazado rectilíneo, sino como resultado de la ocupación aleatoria de las edificaciones.

Encontraríamos otras habilidades semánticas para facilitar la interpretación de esta realidad por compleja que sea, antes de proceder al derribo de las construcciones existentes.

Intervención de Estanislao Roca en una bóveda del Circo. Foto del autor
Intervención de Estanislao Roca en una bóveda del Circo. Foto del autor

En el caso del Circo romano y concretamente en la plaza de la Font, que representa una cuarta parte de la Arena, lo cual nos da idea de su gigantesca dimensión de más de 300 m de longitud, las construcciones entre paredes medianeras situadas en la parte meridional de la plaza presentan un ancho homogéneo. Ello es debido a que aprovecharon la estructura portante del graderío del Circo para su construcción.

Superposición de la estructura del Circo a las construcciones existentes, años 90 según Salvador Tarragó. En color rojo se indica la intervención de la bóveda que corresponde a la imagen anterior
Superposición de la estructura del Circo a las construcciones existentes, años 90 según Salvador Tarragó. En color rojo se indica la intervención de la bóveda que corresponde a la imagen anterior

«sin necesidad de derribar las casas existentes se puede explicar esta coincidencia con una simple descripción mediática»

Así pues, en este caso sin necesidad de derribar las casas existentes se puede explicar esta coincidencia con una simple descripción mediática. Además, en alguna de las medianeras puede comprobarse la muestra de sillares de piedra de la cantera cercana del Mèdol de factura romana.

Algo parecido pasa en la ciudad de la Toscana, Lucca, donde las edificaciones que dan frente a la plaza elíptica del Anfiteatro aprovecharon para su construcción la estructura portante de graderío del equipamiento romano.

Quizás el ejemplo más directo al del Circo de Tarragona sea el de la Piazza Navona de Roma que sigue la configuración del área central del estadio del emperador Domiciano (81-96 dC) y en la que los graderíos y corredores se incorporaron a la subestructura de los edificios perimetrales.

P

«siguiendo con esta política sin límites, podría desaparecer una buena parte de un barrio, su identidad y parte de su historia» uede que la destrucción de un conjunto de edificaciones realizada en las últimas décadas esté justificada en el hecho de poder integrar los restos de la cabecera del Circo y de algún otro fragmento del graderío al espacio urbano y así ayudar a entender la totalidad del monumento. Pero lo cierto es que, siguiendo con esta política sin límites, podría desaparecer una buena parte de un barrio, su identidad y parte de su historia.

El dilema está planteado y, en cualquier caso, queda el reto a abordar en un Plan director, de saber vehicular la transmisión de la información de forma clara y procurar que las actuaciones tengan un carácter unitario y sobre todo, facilitar el acceso a nuestros restos arqueológicos, pues con ello colaboramos en crear un mundo más amable y más inclusivo.

Para mayor información:

Mar, R.; Roca, E.; Abelló, A. La recuperación del circo romano de Tarragona. LOGGIA. Arquitectura & Restauración, 1998, (6), p. 70–79. [ISSN: 1136-758-X]

* Esta­nis­lao Roca Blanch es doc­tor arqui­tecto y pro­fe­sor del Depar­ta­mento de Urbanismo y Orde­na­ción del Terri­to­rio de la Uni­ver­si­dad Poli­téc­nica de Catalunya. Cuenta con la Distinción Jaume Vicens Vives a la calidad docente universitaria 2011.

Una fundación romana: Lugdunum Convenarum

Luis Amela Valverde

No es ningún secreto decir que el mundo romano era un mundo de ciudades. Dónde no había centros urbanos, Roma los creaba. Durante el periodo de la República Romana Tardía (133-27 a.C.), este papel lo jugaba fundamentalmente los imperatores, en un afán tanto de protagonismo como de solventar los problemas de carácter administrativo y social que atravesaba en aquel tiempo Roma.

Cn. Pompeyo Magno (cos. I 70 a.C.) fue uno de los políticos más destacados en este aspecto, tanto en Oriente como en Occidente. En parte, su actitud se debía a su intento de emular la figura del conocido monarca macedonio Alejandro Magno (336-323 a.C.), entre cuyos atributos más característicos se encontraba su afán de «colonizar».

Las fuentes literarias revelan que este hecho ya era tenido en cuenta por la Antigüedad: Apiano informa que Pompeyo fundó ocho ciudades en Capadocia y una veintena entre Cilicia y Celesiria; Plutarco da la cifra de treinta y nueve ciudades. Pero no nos tenemos que dejar engañar por estas cifras, ya que muchas de estas «fundaciones» no eran más que dotar de un sistema administrativo adecuado a los intereses romanos a la comunidad en cuestión.

Esta fue la política seguida por Pompeyo en Occidente: concentrar la responsabilidad administrativa en unos pocos grandes núcleos sobre el resto de poblaciones y unidades étnicas vecinas, como había hecho su padre Cn. Pompeyo Estrabón (cos. 89 a.C.) en la Galia Cisalpina, mediante la conocida lex Pompeia de Transpadanis. Si no existía un núcleo que reuniese las características necesarias para tal función, consideraciones de carácter estratégico podían determinar establecerlo. Este fue el caso de Lugdunum Convenarum (Saint-Betrand-de-Comminges, dept. Haute Garonne, Francia) creada,junto con Pompaelo (Pamplona, prov. Navarra) y Gerunda (Girona, prov. Girona), durante la Guerra Sertoriana (82-72 a.C.).

Lugdunum Convenarum fue creada sobre la base de su magnífica situación estratégica, en el cruce de importantes rutas comerciales, y con importantes recursos naturales, desde la cual se podía controlar los pasos montañosos de esta zona, ya que vigilaba el Alto Garona (pasos de Somport y del valle de Arán hacia Hispania) y las rutas en dirección al gran nudo de comunicaciones que era Tolosa (Toulouse, dept. Haute-Garonne) así como hacia la Gallia Comata. No debe pasar desapercibido que los ejércitos de Hispania que luchaban contra Q. Sertorio (pr. 83 a.C.) tenían sus cuarteles de invierno en las llanuras del río Garona y en el Languedoc.

Debido a que la población lleva un nombre indígena, la fundación de Lugdunum Convenarum no habría sido ex novo, por lo que Pompeyo, aparte de la contribución de población humana en un antiguo oppidum indígena, habría efectuado algunas reformas de carácter urbanístico. Pero, desde el punto de vista arqueológico, no se encuentra pruebas de su existencia hasta tiempos del emperador Augusto (27 a.C.-14 d.C.), por lo que se ha dudado de la veracidad sobre la fundación pompeyana de esta localidad. Más bien, posiblemente el establecimiento fundado en este lugar por Pompeyo fuera de pequeñas dimensiones, por lo que sea difícil su identificación. Si fuera así, Lugdunum Convenarum no sería más que una modesta guarnición fronteriza que marcaba el límite del control directo por parte de la administración romana en la Galia occidental.

Termas y foro de Lugdunum Convenrum, con la catedral medieval de Saint-Betrand-de-Comminges al fondo
Termas y foro de Lugdunum Convenrum, con la catedral medieval de Saint-Betrand-de-Comminges al fondo

Las fuentes mencionan que Pompeyo pobló Lugdunum Convenarum con hispanos: San Isidoro de Sevilla menciona que fue colonizada por vascones, mientras que San Jerónimo nombra a vectones -vettones-, arrebaci -arevaci- y celtiberi, quienes habían sido obligados a bajar de los Pirineos, donde se habían refugiado, pues habían apoyado la causa de Sertorio contra Roma. La ubicación de estas gentes hispanas en la nueva población puede deberse a que, después de haber intentado resistir inútilmente, ofrecieron su rendición a Pompeyo quien, hábilmente, los trasladó desde sus tierras natales al sur de la Galia. En este sentido, hay que tener que, tras la muerte del sucesor y asesino de Sertorio, M. Perperna Veiento (pr. ca. 83 a.C.), Pompeyo acogió a muchos de sus soldados.

Pero Pompeyo no sólo incluyo a hispanos en Lugdunum Convenarum, sino también a nativos aquitanos,formando de esta forma la etnia de los Convenae, lo que daría validez a las palabras de San Jerónimo: cum-venire, «gente venida de todas partes». De esta palabra deriva el moderno topónimo Comminges, nombre actual de la comarca donde se asienta Saint-Betrand-de-Comminges. De esta forma, los Convenae no serían una antigua población prerromana, sino una creación de Pompeyo. No tiene nada de particular: los romanos parece que articularon a comunidades indígenas para formar con ellos a: galaicos, cántabros, astures y vascones.

En cualquier caso, la política de Pompeyo sobre los antiguos partidarios de Sertorio, a los que asentó en Lugdunum Convenarum (y, muy posiblemente, en otros centros), recuerda asimismo el mismo tratamiento que Pompeyo dispensó a los vencidos piratas no mucho tiempo después (67 a.C.), al ubicarlos en varios centros despoblados, especialmente en la región anatólica de Cilicia, con el objeto de reconciliar Roma con sus antiguos enemigos, dándoles una oportunidad para adaptarse a las condiciones de la paz que se les había impuesto.

La integración definitiva de los Pirineos dentro del control político, administrativo y fiscal romano comienza precisamente con las actuaciones de Pompeyo en la región, cuyos pivotes fundamentales serían la fundación de Lugdunum Convenarum y el pacto con los Vascones (con la transformación de una de sus poblaciones en Pompaelo). No en vano, Lugdunum Convenarum, Pompaelo y Gerunda, presentan una característica común: su magnífica posición estratégica, dominando rutas comerciales y militares de importancia.

Para mayor información:

AMELA VALVERDE, Luis. Pompeyo y Lugdunum Convenarum. Biblio3W. Revista bibliográfica de geografía y ciencias sociales. [En línea]. Barcelona: Universidad de Barcelona, 15 de febrero de 2016, vol. XXI, nº 1.1150. http://www.ub.edu/geocrit/b3w-1150.pdf. ISSN: 1138–9796.

Luis Amela Valverde es Doctor de Geografía e Historia por la Uni­ver­si­dad de Barcelona.

Ciudades y ferrocarril: ¿atracción o repulsión urbana?

Eduard J. Alvarez-Palau1

La promoción de infraestructuras de transporte y comunicación es fundamental para promover el desarrollo económico regional. Esta premisa ha sido comúnmente aceptada durante décadas, y sigue siéndolo en países subdesarrollados. Sin embargo, la construcción de infraestructuras a nivel urbano siempre ha generado controversia. Su encaje en la ciudad preexistente es complejo, se condiciona el crecimiento posterior de la trama urbana y se requieren de políticas específicas que garanticen la integración futura.

Con la finalidad de categorizar este fenómeno, se ha reconstruido el crecimiento histórico de la trama urbana y de la infraestructura ferroviaria en 25 ciudades medianas catalanas desde principios de siglo XVIII hasta la actualidadi. Los resultados del trabajo identifican un patrón de comportamiento parecido, que ha dado lugar a la definición de un modelo de crecimiento urbano basado en seis etapas.

La primera etapa plantea el principal dilema de la planificación infraestructural: centro o periferia. El centro ofrece mayor accesibilidad a los ciudadanos a la vez que incentiva la renovación urbana. A cambio, requiere de un coste de construcción mayor por la dificultad de encaje entre las edificaciones preexistentes. La periferia se erige como opción más económica, además de causar menos impactos en los terrenos urbanos. Sin embargo, ofrece menor accesibilidad y condiciona notablemente el crecimiento urbano futuro. En el caso estudiado, parece que los intereses de las compañías férreas primaron sobre los intereses de los urbanistas locales, abundando los trazados periféricos.

La segunda etapa muestra la respuesta urbana ante la infraestructura ferroviaria. El posicionamiento periférico puso en valor los terrenos periurbanos dispuestos entre ciudad y estación, dando lugar a nuevos ensanches urbanos. La intensidad de crecimiento dependió de varios factores, como la geografía física, la demografía o la estructura de propiedad de las tierras. En cualquier caso, buena parte de los sectores urbanos de crecimiento se ubicaron en estos terrenos.

Posteriormente, se produce el efecto contrario. Cuando la trama construida ocupó todos los terrenos disponibles entre ciudad y estación, la línea férrea empezó a limitar el crecimiento. Empezaron a proyectarse sectores urbanos en las inmediaciones de los ensanches, pero difícilmente se superaba la infraestructura. En esta etapa se produjeron también los primeros trasvases de centralidad urbana hacia las inmediaciones de la estación.

La cuarta etapa se caracteriza por la ocupación de los primeros terrenos del otro lado de las vías. Normalmente se trataba de actividades económicas de carácter industrial, que pretendían aprovechar la accesibilidad regional del ferrocarril. La movilidad urbana, por el contrario, siguió condicionada por el efecto barrera ejercido por las vías férreas, siendo escasas las relaciones de estas actividades con la ciudad.

La siguiente etapa viene marcada por la generalización del uso del automóvil y la gradual substitución del ferrocarril como modo de transporte preponderante. Las relaciones urbanas y regionales cambiaron completamente, dando lugar a la construcción de gran cantidad de calles y carreteras. Aprovechando el esfuerzo inversor se construyeron pasos transversales a diferente nivel, reduciendo el efecto barrera y consolidando los sectores de crecimiento al otro lado de las vías.

La sexta etapa se caracteriza por la implementación de proyectos de integración urbana. Los urbanistas locales apostaron por diseños que maximizasen la integración transversal entre barrios. La cobertura de las vías, el soterramiento y la construcción de múltiples pasos transversales coparon las solicitudes. Aunque el coste fuese alto, estas soluciones permitían integrar las vías en el entorno manteniendo la accesibilidad en los nuevos centros urbanos. La administración ferroviaria respondió con otras propuestas: modificar el emplazamiento de estaciones en líneas terminales o construir variantes férreas. Estas opciones permitían minimizar el coste de construcción y liberar los terrenos céntricos afectados, facilitando la recalificación urbanística y la promoción inmobiliaria. No obstante, volvían a dejar el problema de la integración infraestructural para las generaciones futuras.

En definitiva, la integración de infraestructuras en las ciudades no es un proceso sencillo. Requiere de una fuerte inversión económica y de la implicación de todos los agentes urbanos. La elección de trazados periféricos puede reducir costes y evitar el debate provisionalmente. Sin embargo, se demuestra que en el largo plazo la infraestructura vuelve a quedar en posición central, debiendo replantearse su integración nuevamente. Únicamente con una planificación inicial adecuada se puede minimizar los costes de la infraestructura, maximizar la accesibilidad conferida y optimizar la integración futura en la ciudad.

1 Investigador postdoctoral asociado a la Universidad de Cambridge y profesor colaborador en el Máster en Gestión de la Ciudad de la Universitat Oberta de Catalunya.

i Para mayor información:

ALVAREZ-PALAU, Eduard; HERNÁNDEZ, Mireia y TORT, Anna. Modelo morfológico de crecimiento urbano inducido por la infraestructura ferroviaria. Estudio de caso en 25 ciudades catalanas. Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. [En línea]. Barcelona: Universidad de Barcelona, 1 de enero de 2016, vol. XX, nº 527. <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-527.pdf>. ISSN: 1138-9788.

BOA GOVERNANÇA MUNICIPAL E METROPOLITANA NO BRASIL: UM DIREITO DO CIDADÃO

ylvio Bandeira de Mello e Silva

Uma bela obra de arte pintada por Ambrogis Lorenzetti, entre 1337 e 1339, exposta no Palácio Público de Siena/Itália, já retratava bem, em seis quadros integrados, como deveria ser um bom governo e como seria um mau governo (imagens disponíveis no Google). Em resumo, a paisagem urbana em um bom governo, com um rei virtuoso, seria bem organizada e teria efeitos favoráveis no campo expressos em uma paisagem também bem organizada e atraente. A paisagem urbana em um mau governo, dirigido por um tirano, não seria bem estruturada, com conflitos, prédios em ruinas e até mortos nas ruas. Os efeitos no campo seriam desastrosos, com guerra, casas destruídas e plantações queimadas.

É importante recuperar as questões relacionadas com governo/governabilidade em um momento de grave crise nacional É importante recuperar as questões relacionadas com governo/governabilidade em um momento de grave crise nacional. Inicialmente, é preciso considerar como tese que um bom governo nacional teria repercussões favoráveis nas escalas municipal, estadual e regional. O destaque neste artigo será dado aos municípios e às regiões metropolitanas brasileiras pelo fato de que os mesmos possuem uma legislação bem detalhada sobre planejamento e gestão municipal (Lei 10.257/2001, chamada de Estatuto da Cidade, com abrangência sobre todo o município) e planejamento e gestão metropolitana (Lei 13.089/2015, chamada de Estatuto da Metrópole, envolvendo toda a região metropolitana). Evidentemente, um bom governo estadual também deveria ter bons efeitos sobre todos os municípios e regiões que compõem o território de cada estado.

Considerando a evolução das ideias sobre governo e políticas públicas e a experiência histórica sobre planejamento em sociedades democráticas, é mais adequado chamar hoje de governança e não governo. Com efeito, a governança vai além das considerações sobre governo e governabilidade (a capacidade de um governo em exercer seu poder através de complexas relações de força) na medida em que a governança passa a integrar mais fortemente os planos e as ações de um governo aos planos e ações dos cidadãos e do mundo empresarial. Isto rompe a tradição, quase sempre com um perfil técnico-burocrático, de se ter um governo agindo de forma distante da sociedade, incluindo aí os setores produtivos como um todo. Ora, a integração acima é prevista claramente nos dois Estatutos, o da Cidade e o da Metrópole, por sinal, bem fundamentados na Constituição Federal de 1988. Por exemplo, o Artigo 40 do Estatuto da Cidade garante a participação da população e das associações representativas da comunidade na elaboração do plano e na fiscalização de sua aplicação. Já o Estatuto da Metrópole fala em governança interfederativa (Artigo 2º e Capítulo III), em gestão democrática (Artigo 6º) e em participação de representantes da sociedade civil nos processos de planejamento e de tomada de decisão e ainda no acompanhamento dos serviços e das obras (Artigo 7º).

Por outro lado, a Constituição Federal de 1988 (Artigo 25 § 3º) menciona no processo de planejamento metropolitano as funções públicas de interesse comum, lembrando a R.E. Dickinson (1961), quando ele afirma que a região política ideal, seja grande ou pequena, é aquela que possui o maior número de interesses comuns. Já o Estatuto da Cidade destaca o interesse social na execução da política urbana, o que pode ser consequência, segundo o geografo Paul Claval (1981), da lógica da cidade que é a de ser uma organização que maximiza a interação social.

No caso das regiões metropolitanas […] deve haver um pacto intermunicipal Assim, todo cidadão brasileiro tem hoje direito a uma governança que começa no lugar onde reside, o seu município, e de forma progressiva, atinge todo o território nacional, passando pelas escalas microrregionais, como a das regiões metropolitanas, e a escala dos estados da Federação. No caso das regiões metropolitanas, envolvendo, em geral, milhões de habitantes, deve haver um pacto intermunicipal, ou seja, todos os planos diretores municipais nas regiões metropolitanas devem ser compatibilizados com o plano metropolitano a ser aprovado pela Assembleia Legislativa estadual. O objetivo é valorizar os interesses comuns e a busca de soluções para os conflitos e problemas metropolitanos e não mais locais (municipais). No caso dos municípios fora das regiões metropolitanas, eles podem se articular voluntariamente entre si através de consórcios públicos intermunicipais (Lei 11.107/2005), o que já vem ocorrendo de forma crescente em todo o Brasil. Eles podem ter um caráter setorial, como a saúde ou saneamento, por exemplo, ou podem ter uma perspectiva abrangente, envolvendo questões de desenvolvimento que possam interessar todos os municípios envolvidos. Eventualmente, as regiões metropolitanas podem se organizar institucionalmente sob a forma de consórcios públicos.

Portanto, a boa governança municipal e metropolitana é a que garante ao cidadão o direito de participar ativamente no processo de construção social de espaços locais e regionais com mais qualidade de vida para todos. Infelizmente, muitas regiões metropolitanas brasileiras ainda não estão aplicando plenamente as diretrizes do Estatuto da Metrópole e muitos Planos Diretores Municipais não conseguem assegurar claramente a participação da sociedade, comprometendo a formulação de relevantes diretrizes estratégicas. Este é o grande desafio, por exemplo, do Plano Diretor atualmente em elaboração em Salvador e que deverá estar concluído até o final do ano.

É preciso acompanhar de perto o que está acontecendo para garantir, através da mobilização social, a execução de uma boa governança municipal e metropolitana no Brasil.

Cabe então imaginar: como o artista italiano pintaria hoje a nossa governança urbana e metropolitana? Boa ou má?

Para maio­res informações:

SILVA, S. B. de M. e.; SILVA, B. C. N.; SILVA, M. P. A Região Metropolitana de Salvador na rede urbana brasileira e sua configuração interna. Scripta Nova, Barcelona, v. 18, n. 479, jun. 2014. Disponível em: <http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-479.htm>.

Sylvio Bandeira de Mello e Silva é Doutor em Geografia e Professor do Programa de Pós-graduação em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social / UCSAL, Salvador/Bahia.

Nueva mirada, nueva ciudad. (Re)descubriendo Barcelona.

*Inmaculada DIAZ-SORIA

Descubrimos cosas de nuestra ciudad que no sabíamos” o “La magia de descubrir Barcelona con otros ojos” son algunas reacciones a unas rutas que acercan a los habitantes a su propia ciudad y que se desarrollan en Barcelona (España) desde hace casi una década. Todo esto en un contexto globalizado en el que viajar lejos resulta relativamente accesible y en el que algunos autores se preguntan cómo viajaremos cuando ya no haya petróleo y se plantean cómo hacer atractivos los destinos cercanos. Este artículo explora las rutas culturales propuestas en Barcelona a un público de proximidad con el objetivo de reflexionar sobre la puesta en valor de los lugares ordinarios.

Los turistas vienen y conocen nuestra ciudad mejor que nosotros” decía un participante barcelonés entrevistado. Esta oportunidad ha sido detectada por un sector turístico con necesidad de diversificarse, para el cual los habitantes se han convertido en un nuevo nicho de mercado. En este sentido pequeñas empresas proponen rutas de pago (entre 10 y 20€) por Barcelona con diferentes temáticas culturales (históricas, insólitas, gastronómicas, literarias, etc.). Estas rutas están abiertas a públicos de cualquier procedencia pero parecen tener más éxito con un público de proximidad. Las empresas organizadoras pagan el IVA turístico y los guías que utilizan son turísticos, ya que “un carnet de guía cultural no existe”, como afirma uno de los emprendedores. Otra organizadora de visitas afirma “No [ser] del sector turístico […]. Nuestros itinerarios están muy documentados […], no [son] demasiado turísticos”.

En una ciudad que recibió más de 7,5 millones de turistas en 2013, donde el turismo es fuente de tensiones por la gran presión sufrida en determinadas zonas, especialmente Ciutat Vella, es curioso ver este fenómeno florecer. Resulta sorprendente que Ciutat Vella, el distrito más turístico, sea la zona más visitada por estas rutas que se venden por salir de los itinerarios turísticos. Sin embargo, como afirma una organizadora, “[cuando la empresa se puso en marcha] fue muy tranquilo, intentamos no hacer Ciutat Vella, pero finalmente tuvimos que hacerlo porque la gente lo pedía”. Es decir, esta zona es el atractivo principal también para el público de proximidad, a pesar de la voluntad del Ayuntamiento por descongestionar el centro de la ciudad de los intensos flujos turísticos. La diferencia entre las rutas culturales tratadas en este artículo y las visitas tradicionalmente turísticas se encontraría, por lo tanto, más bien en el discurso que en los espacios recorridos. Aun así, encontramos participantes procedentes de otras partes del Estado español o del extranjero, sobre todo cuando las visitas son en castellano en vez de en catalán. La razón principal es que estas actividades se venden principalmente por internet y son, por lo tanto, accesibles a todos los públicos.

Por otro lado, para poder comprender el perfil de estos participantes, se han planteado dos cuestiones que responden a dos dimensiones de la proximidad únicas para cada individuo y que condicionan su forma de experimentar la actividad.

¿Cuál es el punto de origen del trayecto emprendido por estos turistas?

Para analizar la dimensión geográfica de la experiencia, se han puesto en relación el código postal de los 107 participantes analizados con la zona visitada por cada uno en 19 rutas diferentes. El resultado confirma que la mayoría de los participantes reside en un perímetro de 40 km alrededor de Barcelona. Sin embargo, el criterio puramente geográfico es insuficiente para determinar el posicionamiento del participante respecto a la actividad turística de proximidad. Este dato no nos indica su grado de conocimiento de la zona visitada, qué es lo que conoce realmente y qué le es desconocido, qué temática puede interesarle y sobre qué espacios le gustaría saber más. En definitiva, no revela si el espacio visitado le es familiar o no.

¿En qué sentido estas rutas permiten al turista acceder a lo desconocido?

Para poder comprender mejor la relación de familiaridad entre los participantes y la zona recorrida, se han tenido en cuenta sus prácticas en la zona y sus vivencias personales ya que éstas condicionan de forma directa cómo el individuo experimenta y da sentido al territorio. En este sentido, la mayoría de los participantes había pasado ya por la zona visitada, especialmente de paseo o de compras. Existe, por lo tanto, un vínculo de proximidad entre el territorio recorrido y los participantes más allá del domicilio. Algunos tienen anécdotas personales en relación con los lugares recorridos que confirman que la proximidad con el territorio no es solamente física y práctica, sino también emocional. Podríamos hablar de tres niveles de acceso al territorio: geográfico (la facilidad de acceso), práctico (a partir de los usos, de la experiencia vivida) y emocional (lo que queda en el individuo tras la experiencia vivida o imaginada). Lo que hace extraordinarias estas actividades es que acercan al individuo a elementos desconocidos aunque estos estén situados en espacios a priori, accesibles y conocidos por las prácticas realizadas o por ser el marco de sus emociones.

En conclusión, si el turismo se entiende como una actividad que permite acceder al otro, en un contexto globalizado, lo desconocido puede estar situado en la proximidad. Actividades para (re)descubrir la propia ciudad son por lo tanto en cierto modo turísticas ya que proponen una ruptura con la esfera cotidiana aunque esta ruptura no sea espacial. Un individuo puede recorrer una calle por la cual pasa cada día con otro ritmo y otra mirada y ver la ciudad como algo nuevo, de la misma forma que lo hace un turista. Este punto de vista abre perspectivas sobre los recursos a desarrollar como atractivo para la población local y sobre la utilización del punto de vista del turista como herramienta de desarrollo turístico.

“Un individuo puede recorrer una calle por la cual pasa cada día con otro ritmo y otra mirada y ver la ciudad como algo nuevo.”

Para ampliar la información:

DIAZ-SORIA, Inmaculada. “(Re)descubrir la propia ciudad: reflexiones sobre las visitas guiadas en Barcelona”. Documents d’anàlisi geográfica. 2015, vol 61, núm. 3, p. 539-561.

*Inmaculada Diaz-Soria es doctoranda en geografía de la Universidad de Toulouse-Jean Jaurès.