A disputa pela habitação em Brasília: é tempo de Resistência!

Ananda de Melo Martinsi

A questão da habitação é uma das principais urgências cotidianas existente em meio a disputa na composição da cidade contemporânea no Brasil e em diversos outros países. Trata-se de uma demanda histórica. Em Brasília há registros que indicam que essa problemática se configura já no período de construção da cidade. O plano de construção da capital federal previa a criação das “cidades satélites” a partir do momento em que a área planejada, denominada de Plano Piloto, atingisse o patamar de 500 mil habitantes.

No entanto, em 1960 já haviam sido criadas três cidades satélites: Taguatinga (1958), Sobradinho e Gama (1960); e em meados da década de 1960 já havia outras duas cidades satélites estabelecidas oficialmente: Paranoá (1964) e Guará (1966).

As cidades satélites passaram a ser chamadas de Região Administrativa (RA), e atualmente são 31 a compor o município de Brasília (DF), incluindo o Plano Piloto (RA I) que corresponde à cidade planejada por Lúcio Costa sob os preceitos da Carta de Atenas, onde se reconhece mundialmente os edifícios projetados por Oscar Niemeyer. Para além do plano urbanístico se observa a cidade símbolo de um discurso de igualdade social a reproduzir, desde o primeiro momento, a mesma dinâmica das demais cidades brasileiras. Sua estrutura desigual, hierárquica e fragmentada se consolida com a implementação da política neoliberal e impacta a realização da vida e da organização coletiva. Ao mesmo tempo é incapaz de impedir completamente que a reivindicação da cidade sob a perspectiva da justiça social surja a partir de diferentes organizações coletivas.

Em torno da demanda da habitação se constituíram em Brasília inicialmente organizações coletivas atreladas às associações de moradores. Na atualidade, a atuação dos movimentos sociais de luta pela moradia apresenta maior combatividade. Explicitam a tensão e os conflitos entre o direito de morar e a atuação dos agentes públicos do Estado, que muitas vezes ao invés de garantir o direito de todos prioriza viabilizar os interesses de alguns. Ou seja, o direito assegurado pela Constituição Federal Brasileira de 1988 passa a ser submetido aos interesses de agentes privados que assumem a habitação enquanto mercadoria.

Essa realidade tem sido confrontada por diferentes movimentos sociais. Em Brasília assume protagonismo o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que tem se destacado nacionalmente por suas ações em São Paulo, e iniciou em 2010 a organização da coordenação estadual na capital federal. A principal estratégia de pressão do MTST/DF são as ocupações urbanas que denunciam o favorecimento por parte do Estado à especulação imobiliária. São espaços que possibilitam intensificar a mobilização para construção da resistência urbana enquanto prática coletiva, de modo a massificar a ideia de que o morar, enquanto direito social básico e universal, não pode ser reduzido à moradia, enquanto privilégio para aqueles que podem pagar.

Fonte: Brasil de Fato (2012); O Miraculoso (2013).
Fonte: Brasil de Fato (2012); O Miraculoso (2013).

Entre as principais ocupações urbanas realizadas em Brasília tiveram grande repercussão em 2012 a ocupação Novo Pinheirinho (Ceilândia), e em 2013 a ocupação com mesmo nome fixada em Taguatinga, que resultou no auxílio emergencial e a criação do auxílio aluguel até que as casas do programa habitacional sejam entregues.

Ocupações Novo Pinheirinho – Ceilândia e Taguatinga, respectivamente

Ocupação Maria da Penha – Planaltina, Brasília/DF

Foto: Ananda Martins, Fev./2015.
Ocupação Maria da Penha – Planaltina, Brasília/DF
Foto: Ananda Martins, Fev./2015.

Em 2014, além de vários atos em conjunto com o Comitê contra as violações da Copa do Mundo, realizaram também ocupações no Ministério da Fazenda do DF. Em fevereiro de 2015 o MTST/DF realizou uma ação inédita com a ocupação simultânea de seis áreas do DF iniciando uma intensa mesa de negociação com o governo recém-eleito, com indicativo de novas conquistas.

Tem-se uma organização coletiva de luta pela casa? Sim! Porém, a casa representa mais que o teto para a população pobre que continua sendo empurrada para áreas cada vez mais periféricas, em condições de precarização cada vez maior; realidade que, ao mesmo tempo, cria, a sua revelia, as condições de organização coletiva que se dá inicialmente sob a identificação da realidade vivida.

Os Movimentos Sociais Urbanos têm desempenhado um papel importante ao negar a redução do espaço urbano a uma mercadoria. Assim, de alguma forma, desvelam a possibilidade de ruptura com os preceitos econômicos capitalistas postos por meio da ação política. Para essa apropriação, a Reforma Urbana se torna central para àqueles que excluídos no processo de fragmentação sócio-espacial se transformam nos protagonistas da luta pelos direitos sociais de interesse coletivo, e contra os interesses individuais de instituições, empresas e grandes corporações. Indicam o residual que escapa à política dos planos e planejamentos que ao fim criam perspectivas dicotômicas para delimitar a lógica segregadora a que servem na prática, realidade que faz com que a disputa se intensifique e torne ainda mais explícita a opção de atuação dos MTST/DF: na intensificação da luta por meio da ocupação cidade, é tempo de resistência!

Para mais informações:

DE MELO MARTINS, Ananda. «O direito à Cidade e o Estatuto da Cidade: a Produção Política da Sociedade e as Resistências Urbanas». Em: Anais do VI Congreso Iberoamericano de Estudios Territoriales y Ambientales – CIETA, (São Paulo 08-12 de setembro de 2014). Anais online. ISBN: 978-85-7506-232-6: [s.n.], 2014. P. 880-896. Disponível em http://6cieta.org/arquivos-anais/eixo3/Ananda%20de%20Melo%20Martins.pdf

i Ananda de Melo Martins é geógrafa, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade de Brasília, bolsista do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior financiado pela CAPES..

LA PROSTITUCIÓN: ¿HAY QUE REGLAMENTARLA O PERSEGUIRLA?

por Rafael Alcaide González

El complejo mundo de la prostitución aglutina, desde la perspectiva de quienes la ejercen, múltiples situaciones personales que exceden todos los tópicos sociales que existen al respecto. Una mujer, puede ejercer la prostitución por multitud de causas, relacionadas con su situación personal,que oscilan entre la asunción de la prostitución como modo de ganarse la vida, y la explotación sexual llevada a cabo por terceros, sea en un prostíbulo reglamentado, o en pisos clandestinos, carreteras y locales de baja estofa mediante la extorsión de proxenetas o redes mafiosas dedicadas a la trata de blancas.

Hay que añadir las consecuencias como la falta de garantías sanitarias que comporta el ejercicio de la prostitución, especialmente la clandestina, para todos sus actores y sus tremendas repercusiones en todos los órdenes de la vida de las personas efectadas.

La prostituta no es siempre una víctima de sus circunstancias personales. Es necesario insistir en la polifacética realidad de la prostitución, para no caer en la tentación de los tópicos al uso, que en demasiadas ocasiones incluyen a todas las meretrices bajo el palio del discurso victimista. Esta afirmación no niega que existan víctimas. Las hay, muchísimas, desgraciadamente, reclutadas mediante chantaje y extorsión por las redes mafiosas de trata de blancas. También son víctimas las mujeres que ejercen la prostitución como consecuencia de la crisis económica que nos viene afectando desde hace años. Estas mujeres nunca pensaron que se verían abocadas a este comercio sexual, y han tenido que afrontar esta difícil decisión personal, independientemente de los diversos matices que es necesario tener en cuenta, porque no existe una generalización válida para todos los casos.

Pero, además de éstas, existen otras meretrices cuya catalogación dista mucho de ser la de víctima. Son aquellas que han elegido libremente montar un negocio con el comercio de su cuerpo, logrando, con la cotización de sus servicios, mantener un status social y personal ciertamente elevado. Tienen un nivel de vida y de contactos sociales muy alejados del día a día de las otras meretrices, las explotadas por la necesidad o por los proxenetas de turno. Diferencias que se agrandan e inciden en los aspectos relativos al rechazo social y sus consecuencias.

El interés por la reglamentación, abolición o persecución de la prostitución es cíclico. Actualmente, tras la regularización por parte del gobierno de la Generalitat de Catalunya, pionera en España, de las medidas de higiene y horarios en los lugares donde se ejerce la prostitución, existe un debate sobre los aspectos laborales tales como la inscripción en un régimen especial de la Seguridad Social, o como autónomas, para gozar de los beneficios de la sanidad gratuita y la jubilación y, de paso, aportar al fisco la parte correspondiente a los más de 3.500 millones de euros anuales estimados, que el negocio de la prostitución mueve en España.

Dejando aparte los aspectos económicos del problema, la persecución de la prostitución mediante medidas como amedrentar a los clientes, desalojar a las prostitutas de los espacios públicos, o las redadas puntuales, no parece ser la mejor solución a un problema que suscita tanta controversia como rechazo social. Nadie quiere tener cerca un prostíbulo, pero si en Barcelona se crease un barrio rojo regulado en todos sus aspectos, y éste se convirtiese en otro atractivo turístico y motor económico de la ciudad, ¿qué opinarían los comerciantes y vecinos de dicho barrio? Quizá por esta doble moral implícita en todos los planteamientos sobre la prostitución, lo más sensato sería empezar por reglamentar el comercio sexual, dotándolo de todas las garantías laborales y legales necesarias para que su desempeño contribuyese a procurar paulatinamente la erradicación de aspectos tales como la explotación forzada e incontrolada de mujeres por parte de las mafias de proxenetas, la prostitución clandestina o las enfermedades de transmisión sexual. Y en la elaboración de dicha reglamentación deberían participar, imprescindiblemente, todas las partes afectadas.

Esta propuesta de reglamentación, no es nueva en la historia de la prostitución en España. Al contrario, ya que entre 1845 y 1931 se promulgaron 202 reglamentaciones en todo el territorio español. Sin embargo, una reglamentación propia del siglo XXI debería incorporar aspectos de caracter administrativo tales como la atención sociosanitaria integral a la prostituta, el regimen especial de cotización a la Seguridad Social, la asesoría laboral y jurídica, la atención al menor, las discapacidades, las minusvalias, la jubilación y vejez, etc., Por tanto, debería comportar para las prostitutas, los mismos derechos y deberes que para un ciudadano cualquiera de este país, eliminando así, para siempre, los tremendos abusos cometidos contra las meretrices en la mayoría de las reglamentaciones sobre la higiene especial de la prostitución que vieron la luz durante los siglos XIX y XX.

Para mayor información:

ALCAIDE GONZÁLEZ, R. Edición y estudio introductorio de la obra de SEREÑANA Y PARTAGAS, Prudencio. La prostitución en la ciudad de Barcelona estudiada como enfermedad social y considerada como origen de otras enfermedades dinámicas, orgánicas y morales de la población barcelonesa. Barcelona: Imprenta de los Sucesores de Ramírez y Cía, 1882. Colección Geo-Crítica. Textos electrónicos. nº 2. Diciembre de 2000. Universidad de Barcelona.

ALCAIDE GONZÁLEZ, R. Inmigración y marginación: prostitución y mendicidad en la ciudad de Barcelona a finales del siglo XIX. Una comparación con la actualidad. Scripta Nova. Revista electrónica de Geografía y Ciencias Sociales, nº 94 (103), agosto de 2001. Universidad de Barcelona.

Rafael Alcaide González es Doctor en Geografía por la Universidad de Barcelona.

El impacto del fonógrafo en Barcelona (1877-1880)

Por F. Xavier Vall Solaz*

A finales de noviembre de 1877, el mitificado Edison dio a conocer el fonógrafo Tinfoil, llamado así por la grabación en láminas de estaño. Pese a los precedentes y a las transformaciones posteriores, se convirtió en uno de sus más célebres inventos. En nuestra época de sofisticados medios audiovisuales, se hace difícil entender la fascinación que suscitó. Sin embargo, se explica porque materializó una idea simple, avalando el positivismo, humanizó la tecnología, como revela la denominación hiperbólica de «máquina parlante», y sugirió numerosas expectativas de aplicación.

la fascinación por el fonógrafo se explica porque materializó unaidea simple, humanizó la tecnología y sugirió numerosas expectativas de aplicación.

En La Gaceta Industrial del 10 de diciembre de 1877, J. Alcover, un ingeniero catalán residente en Madrid, se refirió ya al descubrimiento, citando Scientific American. El Porvenir de la Industria del 22 de marzo del año siguiente anunció que los ópticos F. Dalmau y su hijo T. J. habían recibido de su representante en Londres placas fonográficas grabadas, que se exhibieron en los escaparates de su tienda de la Rambla del Centro, enfrente del Liceo, al igual que el fonógrafo que trajeron para la Escuela de Ingenieros Industriales de Barcelona, probado el 13 de abril. Los Dalmau y sus colaboradores, entre los que destaca N. Xifra, importaron, fabricaron, construyeron, modificaron o inventaron numerosos dispositivos y contribuyeron notablemente a la popularización de la tecnología, más allá del marketing y adhiriéndose al progresismo.

Así, se implicaron en la sesión fonográfica del 12 de septiembre de 1878 del Ateneo Libre de Cataluña, fundado en aquel año sobre todo como reacción a la prohibición de conferencias positivistas y darwinistas en el Ateneo Barcelonés. La demostración se restringió a los socios, pero, buscando la máxima proyección, se dirigió a un público general y se invitaron a varias personalidades y a la prensa. Podemos reconstruir el acontecimiento gracias a diversas crónicas periodísticas, algunas evocaciones y un grabado publicado en La Academia del 30 de octubre:

El acto fue presentado y clausurado por el escritor, traductor de Darwin y periodista de la Gaceta de Cataluña J. M. Bartrina, que, habiéndose prohibido su disertación sobre «La América Precolombiana» en el Ateneo Barcelonés, se convirtió en uno de los dirigentes del Libre. Su intervención en la sesión fonográfica debió ser similar a un olvidado artículo publicado tres días después, con su conocido pseudónimo de A.T.O., en La Campana de Gràcia. En él, con ribetes ideológicos, además de explicar sucintamente el funcionamiento del aparato, se esboza una semblanza de su inventor, resaltando su autodidactismo, y se enumeran otras de sus invenciones. Bartrina, en una de sus notas personales, celebró que algunos descubrimientos de Edison superaran las antiguas «leyes», pero, en otra, predijo que se constataría que el fonógrafo y otros artefactos eran solamente «primitivos instrumentos (y por lo tanto los más rudimentarios) de la verdadera física, que tal vez dentro de algunos centenares de años» llegaría «a ser ciencia».

J. M. Bartrina celebró que los descubrimientos de Edison superaran las antiguas «leyes», pero predijo que se constataría que el fonógrafo y otros artefactos eran solamente «primitivos instrumentos» de «la verdadera física».

Acabada la introducción de Bartrina, J. Dalmau experimentó con el fonógrafo colocándolo en la parte superior de una caja de resonancia, probando membranas de diferentes materiales y sustituyendo el mecanismo de relojería por una dinamo de Gramme. A continuación, el capitán general correspondió el saludo del dispositivo manifestándole su agradecimiento, como si se tratara de una persona. Se inauguraron así grabaciones políglotas, en buena parte literarias u operísticas, o instrumentales, que potenciaron el carácter cosmopolita y cultural del evento. A pesar de algunas deficiencias técnicas y del silencio de la mayoría de la prensa conservadora, se obtuvo un emblemático éxito. El tándem Dalmau-Bartrina, que hermanaba las ciencias y las humanidades, efectuó demostraciones de otros aparatos hasta que lo truncó la tisis del segundo, que murió, con treinta años, en 1880.

El 19 de diciembre de 1878 T. J. Dalmau presentó sus innovaciones del fonógrafo en la Real Academia de Ciencias Naturales y Artes de Barcelona, de la que era miembro —todavía se conserva la placa en la que se grabó la lectura de los nombres de los académicos— y el 25 de abril de 1879 ilustró con demostraciones fonográficas las conferencias sobre acústica experimental del ingeniero F. de P. Rojas en el Ateneo Barcelonés. En aquel mismo mes, pero fuera de los círculos académicos, el francés Bargeon de Viverols empleó un fonógrafo en sus espectáculos de prestidigitación en los teatros barceloneses Romea y Principal.

Con la colaboración de los Dalmau, R. Roig, director de Crónica Científica, habiendo presentado el 3 de septiembre un proyecto de transformación de los fonogramas en registros fonéticos en el congreso de la Association Française pour l’Avancement des Sciences celebrado en Montpellier, propuso demostraciones fonográficas para las fiestas de la Mercè. Sin embargo, no se llevaron a cabo hasta el año siguiente, en la plaza de Catalunya, por el maestro de obras Espluga. Además de contribuir a ellas, en 1880 T. J. Dalmau participó en una velada fonográfica organizada por la Associació d’Excursions Catalana en el Fomento de la Producción, entidades a las que pertenecía, con motivo del Congrés Catalanista.

El fonógrafo se popularizó rápidamente más allá de la esfera tecnológica, convertido en un símbolo del progreso.

Al igual que en otras ciudades, en Barcelona, emulándose audazmente la modernidad norteamericana y europea en una economía en desarrollo y frente al reaccionarismo de la Restauración, el fonógrafo se popularizó rápidamente más allá de la esfera tecnológica, convertido en un símbolo del progreso.

Para ampliar la información:

VALL, Xavier. The Phonograph in Barcelona (1877-1880): Technology and Ideological Controversies. Quaderns d’Història de l’Enginyeria. Barcelona: Universitat Politècnica de Catalunya (Centre de Recerca per a la Història de la Tècnica Francesc Santponç i Roca – Escola Tècnica Superior d’Enginyeria Industrial de Barcelona – Càtedra UNESCO de Tècnica i Cultura), 2012, vol. XIII. [ISSN: 1135-934X (impreso) y 1885-4516 (electrónico)]. <http://hdl.handle.net/2099/12879>.

* F. Xavier Vall Solaz es miembro del Departament de Filologia Catalana de la Universitat Autònoma de Barcelona y del Centre d’Història de la Ciència (CEHIC). El artículo se inscribe en el proyecto HAR2012-36204-C02-02, Scientific Authority in the Public Sphere in Twentieth-Century Spain.

Porque « Yo no fui Charlie »

Yihadismo en Francia : una reacción previsible

En medio de la ola de emoción, indignación y compasión generalizadas a la cual ha dado lugar la sangrienta operación de los yihadistas en París, negarse a proclamar « Yo soy Charlie » casi equivalía a ser cómplice del terrorismo, al menos, según el complejo político-mediático-intelectual que rige la « opinión pública » en Francia, y que, con el pretexto del « combate por la tolerancia », se ha mostrado especialmente intolerante con las gentes alérgicas a este escenificado « unanimismo » en el que la recuperación/rentabilización politiquera de los acontecimientos y la comunicación (es decir, la propaganda) iban a la par de la distracción ideológica (es decir el desvío de la atención) de una política de seudo-izquierdas que favorece cada vez más a los capitalistas. Se sabe que la llamada gubernamental a la « unidad nacional » es una estratagema clásica de los dominantes para neutralizar la lucha de clases. Al pedir al pueblo olvidar las divergencias políticas, los dominantes están intentando una vez más unir a aquellos cuyos intereses respectivos deberían separarlos y separar a aquellos que deberían estar unidos.

Por otra parte, es preciso recordar que el Charlie Hebdo de los años 2000 ya no era el periódico anticonformista e incluso anticapitalista de los años 70. Presentarlo como un símbolo de la libertad de expresión es ignorar las posiciones políticas derechistas que expresaba desde finales del siglo XX. Además de participar activamente en la campaña en favor de la Europa neoliberal y apoyar las guerras imperialistas, primero en Yugoslavia luego en Irak, desempeñó un papel relevante sobre todo en el auge de los prejuicios en Francia contra los musulmanes y los árabes. Esto, por supuesto, no es un motivo para justificar la matanza de algunos de sus colaboradores pero, si dejamos de lado el modo de su ejecución, ésta no debería resultarnos tan sorprendente, sobre todo si se toma en cuenta el contexto socio-histórico actual.

La explicación del asesinato de periodistas de Charlie Hebdo se encuentra en el cruce de las contradicciones internas de la sociedad francesa y de la implicación externa de Francia en el Medio Oriente.

En el frente interior, es decir en los polígonos de viviendas sociales, los que las clasificaciones burocráticas llaman « zonas urbanas sensibles », la juventud de origen inmigrante de los países del Magreb y de otras regiones africanas es víctima, desde hace varias décadas, de la estigmatización, la discriminación, la humillación y la represión policiales en nombre de la lucha contra la violencia urbana, a lo que se añade, en el plano socio-económico, la precarización, la pauperización y la marginalización masivas que sufren sus padres, y que convierten a los hijos en una juventud sin otros futuro que el paro y la miseria ; una juventud frustrada, a menudo animada por el rencor y, para algunos, con un deseo de venganza. A estos rebeldes nihilistas, porque lo son sin causa política, sólo se les ofrece una identificación con positividad ilusoria —en realidad la negatividad absoluta — del fundamentalismo islamista.

Otro factor que acentuó la impresión de injusticia para la población de origen inmigrado de las ex-colonias de África : la movilización general de los ciudadanos suscitada por los asesinatos yihadistas en París contrastaba con su indiferencia respecto a la decenas de jóvenes matados por la policía en los barrios populares en Francia (más de 350 desde el fin de los años 70) o las masacres recientes de poblaciones civiles por el ejército de Israel en el marco de las represalias llevadas contra la resistencia palestina.

En el frente exterior, las fuerzas armadas francesas, en nombre de la lucha contra el terrorismo, están presentes en todos los terrenos de enfrentamiento (Afganistán, Irak, Libia, Siria, Mali, Centroáfrica…), en los que está habiendo decenas de miles de muertos entre los no combatientes. Por otro lado, podría decirse que los gobiernos franceses han estado jugando con fuego, ya que son ellos mismos los que han armado a grupos yihadistas financiados y adoctrinados por Arabia Saudita y Qatar, y ayudados por Turquía, para derrumbar los regímenes laicos (los de S. Hussein, de M. Gadafi y de B. el Assad) opuestos a los planes imperialistas de saqueo de los recursos naturales (petróleo, minerales).

De todo ello resulta que, en el imaginario de la mayoría de los franceses, la lucha de clases ha cedido el paso al supuesto « choque de civilizaciones » o, más concretamente, entre la civilización occidental y la barbarie musulmana. Como se ha podido ver en las pantallas de televisión o de los ordenadores, las muchedumbres que salieron a la calle para participar en la « marcha republicana » orquestada por las autoridades eran de la clase media blanca y educada o sea, con otras palabras, de la pequeña burguesía intelectual. A este respecto, la izquierda, incluso la que hace alarde de radicalismo, que también quería « ser Charlie », daba prioridad a la emoción sobre la reflexión. Ahora bien, la cuestión no esta en ser o no ser « Charlie » sino en adoptar de nuevo un enfoque político y crítico acerca de las contradicciones del mundo capitalista contemporáneo y de los conflictos, a veces inéditos, que éstas generan.

FEMINICÍDIO: UMA BUSCA PELO FIM DA IMPUNIDADE NO BRASIL

Mais de uma dezena de países latino-americanos já instituíram leis com o objetivo de investigar e punir o assassinato de mulheres em seus territórios. Reconhecido internacionalmente pela criação de uma das três leis mais avançadas do mundo sobre o tema (a Lei Maria da Penha), o Brasil ainda não conseguiu incluir no Código Penal a mais extrema das violências de gênero: o feminicídio. Segundo o Mapa da Violência (2012), estima-se que tenham ocorrido mais de 90 mil assassinatos de mulheres no país desde a década de 1980.

A categoria feminicídio remonta o ano de 1976, quando Diana Russell utilizou o termo em um depoimento frente ao primeiro Tribunal Internacional de crimes contra Mulheres, em Bruxelas. Posteriormente, em parceria com Jill Radford, Russell publicou o clássico Femicide: The politcs of Woman Killing, que se tornou a principal referencia para os estudos na área. As autoras queriam desmascarar o patriarcado, instituição que se sustenta no controle do corpo e na capacidade punitiva em relação às mulheres, e mostrar a dimensão política desses assassinatos (SEGATO, 2006). Assim, ao empregarmos a categoria femicídio ou feminicídio, como tem sido utilizado mais frequentemente, estamos acrescentando um caráter político a um termo neutro como o homicídio. Especialista no tema, Rita Segato, defende que, para a categoria feminicídio ter o mesmo status que a de genocídio, que corresponde a uma agressão genérica e letal a todas as pessoas que pertencem a um mesmo grupo racial, étnico, linguístico, religioso ou ideológico, é preciso dotá-la de tamanha impessoalidade que seja possível expressar juridicamente a intenção de um extermínio das mulheres simplesmente pelo fato de serem mulheres, como grupo, como categoria.

Foram os desaparecimentos e as mortes violentas de mulheres na Ciudad Juarez, México, que acendeu a discussão sobre a questão na América Latina. As práticas chegaram a ser descritas como parte de rituais. Pela omissão diante dos fatos, o governo mexicano foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos a investigar todos os casos de feminicídios ocorridos na cidade desde 1993 e criar uma base de dados estaduais e nacionais com informações sobre o assassinato de mulheres.

Atualmente, na América Latina, países como Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Peru e México contam com formas legais de punir o feminicídio, uns por meio da reforma do código penal, outros estabelecendo agravantes para as mortes de mulheres por questões de gênero. O pioneiro foi a Costa Rica, em 2007. As geógrafas Diana Lan, Verônica Ibarra-García e Angélica Bernal, têm levantado o debate sobre violência contra as mulheres na Argentina e no México, por meio de contribuições da Geografia feminista.

No Brasil, um projeto de lei, que altera o código penal ao inserir o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, foi aprovado no Senado Federal em 2014. A proposta teve origem na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou a violência contra a mulher em todo o território nacional. A Comissão justificou que a Lei Maria daPenha foi o ponto de partida na luta pela igualdade de gênero e pela universalização dos direitos humanos, mas que precisa ter continuidade através do combate ao feminicídio. A proposta, que aguarda apreciação do Congresso Nacional, trata os crimes com razões de gênero como hediondos, considerando-os expressão máxima das outras formas de violência que acomete as mulheres. De acordo com o projeto, esses crimes passam a prever pena de 12 a 30 anos de reclusão, podendo sofrer aumento de 1/3 quando ocorrer durante a gestação ou nos três meses posteriores ao parto; contra menor de 14 anos, maior de 60 anos ou pessoa com deficiência e, na presença de ascendente ou descendente da vítima.

  O feminicídio íntimo, cometido por homens com os quais a vítima tem ou teve relação íntima, familiar, de convivência ou afins, é o mais frequente no Brasil que, com uma taxa de 4,4 homicídios em 100 mil mulheres, ocupa a sétima posição entre os 84 países com dados homogêneos analisados pela Organização Mundial da Saúde no período de 2006 a 2010, como mostrou o Mapa da Violência (2012). O recente estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil, apontou que 16,9 mil mulheres foram assassinadas por parceiros ou ex-parceiros entre 2009 e 2011. Mais da metade delas (54%) eram jovens, com idade entre 20 e 39 anos. A pesquisa do Ipea revelou que houve apenas uma sutil diminuição na taxa de crimes registrados logo após a criação da Lei Maria da Penha, o que evidencia a fragilidade da mesma para os crimes de assassinato.

Sabemos que a tipificação do feminicídio é apenas mais um passo no enfrentamento a todas as violências praticadas contra as mulheres. Em muitos países da América Latina a existência da legislação não garante o fim da impunidade a esses crimes. Contudo, o descompasso de quase uma década entre a vanguarda na criação da legislação que tipifica os crimes de violência contra as mulheres e a morosidade no que diz respeito à inclusão do feminicídio no código penal mostra que, apesar dos avanços legais que tivemos nas últimas décadas, o assassinato de mulheres ainda é visto como um crime menor pelo Estado brasileiro.

Figura 1: Campanha da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Brasil. Fonte: http://www.spm.gov.br/ A Geografia, a partir da abordagem feminista e do seu comprometimento com as transformações sociais, tem muito a contribuir para tornar cada vez mais visível essa relação extremamente desigual de gênero que, nos mais diferentes territórios, resulta na aniquilação do outro através da violência, perpassando todas as camadas sociais e ensejando políticas públicas transversais que envolvem não somente as áreas da saúde e segurança, como podemos vir a acreditar num primeiro momento, mas também educação, economia, direito e tantas outras.

Para maiores informações:

SEGATO, Rita. Qué es un feminicidio. Notas para un debate emergente. Brasília.

Departamento de Antropología, Universidade de Brasília, 2006.

WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2012. Os novos padrões da violência homicida no Brasil. São Paulo, Instituto Sangari, 2011.

Secretaria de Políticas para as Mulheres – Lei Maria da Penha. Disponível em http://www.spm.gov.br/assuntos/violencia/lei-maria-da-penha

Marília Cardoso Lopes, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande (FURG); pesquisadora do Núcleo de Análises Urbanas (NAU/FURG).

Susana Maria Veleda da Silva, professora em Geografia do Instituto de Ciências Humanas e da Informação (ICHI) da Universidade Federal do Rio Grande (FURG); pesquisadora do Núcleo de Análises Urbanas (NAU/FURG) e do Grupo de Investigación de Geografía y Género da Universitat Autónoma de Barcelona/UAB.

Algo más que fútbol: sobre las ligas de inmigrantes en España

Francisco José Cuberos Gallardo (*)

Las poblaciones inmigrantes incorporan a las sociedades receptoras formas novedosas y diferenciadas de ocupación de los espacios públicos. En el caso de los latinoamericanos llegados a España durante las últimas dos décadas, llama poderosamente la atención la tendencia de estas personas a organizar ligas de fútbol-sala y baloncesto. Estos campeonatos, celebrados generalmente en canchas municipales y durante los fines de semana, congregan regularmente a miles de personas. En torno a ellos los inmigrantes han ido forjando un espacio propio, el de las ligas latinas, cuya trascendencia excede el ámbito del deporte y entronca directamente con la importancia de la identidad en el contexto de las migraciones de la globalización.

Para entender la importancia de estas ligas es necesario considerar su estructura, y más específicamente la potencialidad de esa estructura en tanto mecanismo de reproducción de identidades. Un estudio atento permite constatar que las ligas operan como un potente dispositivo para la visibilización de un conjunto amplio y diverso de identidades culturales importadas desde los países de origen de los inmigrantes. En torno a estos campeonatos es posible encontrar referencias que remiten de manera directa a los orígenes de las poblaciones migrantes que participan en ellos. Así, y durante los primeros años del siglo XXI, la preponderancia de ecuatorianos dentro de la inmigración latinoamericana con destino en España se tradujo en equipos cuyos nombres y símbolos apuntaban a referentes regionales, locales e incluso barriales del país andino. Los partidos podían enfrentar al barrio de Calderón con el cantón de Pedro Carbo, y los colores de las camisetas movilizaban sentimientos fuertemente vinculados al origen quiteño o guayaco, costeño o serrano de sus integrantes. En las ligas los inmigrantes encontraban algo más que fútbol: hallaban un lugar donde reproducir referentes culturales compartidos, un espacio donde comunicarse dentro de unos códigos comunes y ser comprendidos.

Con el tiempo, la incorporación a la sociedad española de importantes contingentes de colombianos y bolivianos, argentinos y peruanos, chilenos, paraguayos o brasileños se ha ido viendo reflejada en la incorporación de nuevos deportistas a estas ligas amateurs. La diversificación del perfil sociocultural de los futbolistas ha sido facilitada por la estructura de los campeonatos, que demuestra ser útil para absorber y visibilizar un número amplio y diverso de identidades: poco a poco a las competiciones barriales-locales ecuatorianas fueron sumándose equipos cuyos nombres y colores aludían a referentes de origen boliviano, paraguayo o de otros países del subcontinente. La misma estructura, basada en enfrentamientos sucesivos entre múltiples equipos de diversos orígenes permite la visibilización en la distancia de un paisaje étnico del que participan activamente miles de personas.

La importancia de estas ligas en tanto dispositivo de reproducción identitaria ha sido el objeto de una investigación desarrollada en torno a los inmigrantes latinoamericanos residentes en la ciudad de Sevilla. Nuestros hallazgos apuntan, en este sentido, a la importancia renovada que la identidad adquiere en un contexto migratorio marcado por la precariedad estructural. Debe tenerse en cuenta que los inmigrantes latinoamericanos han enfrentado mayoritariamente situaciones de vulnerabilidad severa en su inserción laboral, legal y residencial en la sociedad española. La búsqueda de trabajo, de vivienda o de permisos legales de residencia ha sido vivida generalmente como un problema grave que es afrontado con una seria carencia de recursos. En este contexto, una estrategia de importancia vital para estas personas ha sido el refuerzo de redes de ayuda mutua basadas en la identidad compartida. Y es aquí donde las ligas de fútbol cobran su sentido.

La participación de las ligas latinas permite a los inmigrantes reconstruir y visibilizar un paisaje étnico que mantiene vivos sus referentes culturales. Al participar de estos referentes, los inmigrantes toman parte de unas redes sociales que, más allá de su importancia simbólica, poseen importantes aplicaciones prácticas en el desarrollo de estrategias de resistencia a la precariedad. El hecho de seguir siendo quiteño, costeño, colombiano o latino es la base sobre la que estas personas construyen redes de defensa frente a la vulnerabilidad que padecen. En torno a las ligas las redes barriales, locales y regionales sostienen importantes flujos de información, así como formas de acceso a consejos, préstamos y otras formas de ayuda.

El enfoque planteado permite complejizar la interpretación de las prácticas de los inmigrantes, y especialmente de las formas diferenciadas en que ocupan los espacios públicos de las ciudades que habitan. Al conectar el análisis de un pasatiempo como las ligas deportivas con sus identidades culturales y con sus condiciones materiales de vida, conseguimos superar ciertas visiones simplificadoras y estigmatizantes de la identidad que, durante los últimos años, han alertado sobre los riesgos de una inmigración que supuestamente mantendría vínculos esenciales con identidades inintegrables. Por el contrario, el estudio de las ligas latinas permite comprender la identidad como un recurso que, más allá de estar fundado sobre rasgos culturales objetivos, es activado de manera estratégica para optimizar las opciones integración en la sociedad receptora.

Más información en:

CUBEROS GALLARDO, Francisco José. La identidad en juego: las ligas de fútbol como espacio-tiempo para la reproducción cultural entre inmigrantes. Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. [En línea]. Barcelona: Universidad de Barcelona, 20 de febrero de 2014, vol. XVIII, nº 468. <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-468.htm>. ISSN: 1138-9788.

(*) Francisco José Cuberos Gallardo es antropólogo e investigador Postdoctoral en el Centro de Investigação e Estudos de Sociologia – Instituto Universitário de Lisboa (CIES-IUL)

QUÉ VERDE ERA MI VALLE…Y QUÉ DURO VIVIR EN ÉL! La valoración satírica del proceso de idealización del mundo rural

Diego A. Barrado Timón*

El viaje y la estancia, pero también la información turística que nos llega a través de soportes cada vez más diversos, se están convirtiendo en una fuente esencial para explicar la imagen que tenemos tanto de nuestro propio país o ámbito cultural como de espacios remotos. También los espacios rurales han sido objeto de ese proceso de idealización turística. Sin embargo, en los últimos tiempos a ese discurso idealizador se le está contraponiendo otro, de orden satírico, que tanto desde el humor como la publicidad se dirigen a criticar los mecanismos ideológicos que subyacen a la idealización rural.

Si bien es cierto que la mayor parte de los habitantes urbanos tienen raíces rurales más o menos próximas, lo cierto es que en un mundo en proceso de urbanización lo rural se está convirtiendo día a día en una realidad entendida como exótica, en tanto en cuanto se nos presenta como atractiva precisamente por todo aquello por lo que, real o supuestamente, difiere de la ciudad. Esta percepción de lo rural como lo que no es ciudad, como una reserva de autenticidad y tradicionalismo frente a los males derivados de la urbanización, ha sido utilizada por el turismo hasta el punto de idealizar como una construcción finalista de carácter único y estético cada porción de ruralidad susceptible de ser explotada. El resultado ha sido la progresiva creación de un verdadero ideario turístico en el que lo rural es reinterpretado como patrimonio. Para ello ha sido posible recurrir a un gigantesco conjunto de imágenes, ideas y símbolos procedentes principalmente del arte y la literatura, de extraordinario valor cultural, que identifican el campo con el pasado y con estilos de vida antiguos, naturales y humanos; en contraposición con una ciudad que es percibida como el progreso, la modernización y el desarrollo, pero que en el tránsito hacia ellos ha perdido unos valores que en el campo aún se conservan.

Como resultado, en los últimos años se ha producido un verdadera industria de la memoria que, apoyada en la recuperación de monumentos, tradiciones, recreaciones históricas, museos y parques temáticos, han convertido el mundo rural en un elemento esencial de lo que se ha dado en llamar industria del patrimonio. Y de ahí se han derivado procesos de recuperación, conservación y mantenimiento de un patrimonio más o menos real, pero también otros de apropiación de sus valores cultures, geográficos y ambientales.

En todo caso, lo que se desea destacar no es ni el proceso de patrimonialización de lo rural ni los mecanismos ideológicos que lo han hecho posible, algo que ya ha sido analizado por algunas corrientes críticas de las ciencias sociales. Lo verdaderamente novedoso es que ese discurso crítico realizado por un sector de las ciencias sociales, que desmonta los mecanismos subyacentes al proceso de idealización y muestra su carácter finalista centrado esencialmente en la consecución de objetivos económicos, parece haber trascendido un ámbito puramente académico y muy marcado por un determinada corriente ideológica para ser asumido por gran parte de la sociedad, que lo incorpora a su concepción de lo rural al mismo nivel al que previamente había situado la visión idealizadora.

En efecto, frente a la crítica puramente académica de los procesos de patrimonialización e idealización, en los últimos tiempos se están generalizando las contrarréplicas satíricas que atacan la mistificación rural y los mecanismos ideológicos que la sostienen. Y esta sátira, que aparece en forma de viñetas en periódicos generalistas, monólogos humorísticos o publicidad de muy diverso tipo, se dirige esencialmente a un público no especializado, lo que sostendría la hipótesis de que si en un momento la sociedad incorporó el discurso idealizador y mistificador de lo rural, en la actualidad está igualmente asumiendo la crítica y deconstrucción de ese mismo discurso.

El mito de la autenticidad. Fuente:< www.tiempobbdo.com> [19 de marzo de 2013]
El mito de la autenticidad. Fuente:< www.tiempobbdo.com> [19 de marzo de 2013]

La burla se sustenta generalmente en contrastar los diversos mitos idealizadores que se han construido en torno a lo rural, como el del buen salvaje, la autenticidad, lo tradicional, la ausencia de conflicto social y de relaciones de poder, etc., con un contrapunto que pone al descubierto los objetivos ideológicos de la mitificación. Así, tal y como muestra la imagen anterior, procedente de una campaña de publicidad de una marca de comida precocinada, el contraste satírico se sitúa entre el valor simbólico del atuendo rural de la anciana y de la gastronomía tradicional frente al funcional de la comida envasada, presentada ahora como un patrimonio supuestamente auténtico frente a los evidentes procesos de estandarización que requiere.

En resumen, frente a un campo idealizado que subyace a la ideología del turismo rural, y que lo presenta como el contrapunto positivo de una ciudad deshumanizada, la contrarréplica satírica nos muestra un mundo rural que, o bien ha sucumbido también a las desdichas de la industrialización y la modernidad, o bien se muestra sumido en un atraso social y cultural que hacen que no solo no sea atractivo para el disfrute vacacional, sino que explica el porqué de la emigración masiva hacia las ciudades en la segunda mitad del siglo XX. Como señala Luis Landero en su último libro, El balcón en invierno (2014), la emigración rural siempre se ha escenificado de forma nostálgica, como pérdida o ruptura, mientras que “apenas se menciona lo que aquella desbandada hacia las grandes ciudades tuvo de alegre y liberador”.

Para mayor información: Barrado Timón, Diego A. Mitos y contramitos, utopías y distopías: las representaciones turísticas de lo rural y sus valoraciones satíricas al amparo del discurso crítico de las ciencias sociales. Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. [En línea]. Barcelona: Universidad de Barcelona, 20 de junio de 2014, vol XVIII, nº 480. <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-480.htm>. ISSN: 1138-9788.

* Diego A. Barrado Timón es profesor titular de la Universidad Autónoma de Madrid.

Los jóvenes pueden hacer tareas socialmente útiles.

Los alumnos de cuarto curso de la ESO del Instituto Laia l’Arquera de Mataró (Barcelona) estudian las injusticias alimentarias a escala mundial dentro del proyecto “Conectado Mundos” de la ONG Oxfam Intermón que lleva por título: Semillas para un mundomás justo. Analizan el origen y las causas de esta injusticia y sus consecuencias sociales, económicas y medioambientales. Además reflexionan sobre las alternativas y las posibles soluciones. Pero, su trabajo va más allá del aprendizaje en el aula. Durante dos semanas los mismos alumnos llevan a cabo una campaña de recogida de alimentos en su centro educativo para la Fundación San Joaquim, que regenta un comedor social de su ciudad. Primero dan a conocer a todas las clases del Instituto la campaña, presentado y analizando la situación alimentaria des del local hasta lo global. Después organizan una gimcana y unos torneos deportivos, la condición para participar es llevar un alimento. Gracias a esta recogida, el Instituto pudo llevar más de 210 Kg en el comedor social de la Fundación.

Este es uno de los proyectos de Servicio Comunitario que el Departament d’Ensenyament de la Generalitat de Catalunya impulsa en alumnos de Educación Secundaria. La finalidad del proyecto es garantizar que los estudiantes, a lo largo de su trayectoria escolar, experimenten y protagonicen acciones de compromiso cívico, aprendan en el ejercicio activo de la ciudadanía, y pongan en juego sus conocimientos y capacidades al servicio de la comunidad. El Servicio se lleva a cabo con la propuesta educativa de Aprendizaje Servicio. Los estudiantes aplican lo que aprendieron en el aula al servicio de la comunidad, y así transforman la realidad, y aprenden cosas que no se pueden encontrar en los libros. Aprenden en escenarios concretos y reales, en acciones que sirven a la comunidad. Los niños y jóvenes salen del lugar de “destinatarios” para convertirse en protagonistas, cuando dejan de ser mirados como “los pobrecitos”, “los peligrosos”, “los superficiales” o “la esperanza del mañana” para ser reconocidos como activos y creativos constructores del presente.

La relación circular que se establece entre el aprendizaje y el servicio genera una nueva realidad, que intensifica los efectos de cada uno por separado. El aprendizaje aumenta la calidad del servicio, le da más calado: favorece la reflexión sobre lo que se hace y por qué se hace. El servicio ofrece un sentido al aprendizaje, lo hace funcional, útil, además de facilitar otros elementos competenciales, curriculares y organizativos. No se está hablando de una nueva materia: se aprovechan los aprendizajes curriculares de una o de varias de ellas para realizar un servicio para satisfacer las necesidades del entorno. En cuanto unos alumnos enseñan el uso del móvil a personas mayores, en la materia de tecnología deben decidir cuáles son las funciones de los móviles más convenientes a trabajar y en la de lengua a aprender cómo comunicarse correctamente, a fin de ofrecer un servicio de calidad.

“Aprender puede ser mucho más que leer y estudiar: aprender también es hacer, es ayudar a transformar la realidad. Aprendizaje servicio es aplicar lo que se aprende en el aula para realizar una actividad solidaria con la comunidad», explica María Nieves Tapia, directora del Centro Latinoamericano de Aprendizaje y Servicio Solidario (CLAYSS). Algunos ejemplos: «Cuando lo que aprendimos en Lengua lo usamos para organizar una biblioteca para el barrio, o cuando lo que se aprende en Ciencias sirve para participar de un programa de forestación».

Los proyectos de Aprendizaje Servicio tienen cinco componentes fundamentales para poderse llevar a cabo:


1. Permite a los estudiantes aprender y desarrollarse mediante la participación activa en un servicio que se lleva a cabo en una comunidad y satisface sus necesidades. Estas deben ser reales. Cuando organizamos una campaña de donación de sangre, se presentará a los alumnos que sin la donación desinteresada de las personas no se puede obtener sangre, que pueden salvar vidas a personas. Por lo tanto su campaña ayudará a incrementar la disposición de sangre en los centros hospitalarios.


2. Es una acción colectiva y coordinada entre centros educativos y entidades, en el que todos ganan y mejoran. No se puede llevar a cabo sólo en el aula, hay que salir para hacer el servicio y hay que otros vengan a formar al alumnado. Cuando el alumnado tiene que ir a un geriátrico a llevar a cabo un proyecto de intercambio generacional, el personal del centro deberá entrar en el aula a formar al alumnado de las características de las personas mayores o bien presentar los estudiantes las dificultades de comunicación se pueden encontrar.


3. Ayuda a fomentar la responsabilidad cívica. Para extender un concepto democrático y participación de ciudadanía y para fomentar la consideración de niños y jóvenes como ciudadanos de primera. Los jóvenes se convierten en protagonistas del cambio; no sólo tienen derechos como miembros de la sociedad sino que también tienen deberes para con ella.


4. Integra y mejora el plan de estudios. El alumnado aplica lo aprendido en el aula al servicio de la comunidad. Pasan a ser reconocidos como ciudadanía activa y con responsabilidades sociales. El servicio que el alumnado debe realizar hace que tengan que prepararse muy bien, esto hace que se motiven hacia el estudio y aumentar los resultados académicos. Cuando unos alumnos se convierten de guías para explicar y presentar la historia de su ciudad a través de los monumentos más representativos, hace que la preparación de los contenidos tenga más sentido y sean significativos ya que si no lo hacen bien los que le escucharán no les seguirán, sean otros alumnos o bien personas que se apuntan en las rutas.


5. Proporciona tiempo estructurado (antes, durante y después) para que los estudiantes reflexionen y se formen. El simple activismo no conlleva aprendizaje, necesita una reflexión. También es importante que se tenga en cuenta al final de la experiencia haya un reconocimiento formal al trabajo realizado por el alumnado.

Diferentes son los servicios que los niños y jóvenes pueden realizar, a partir de las necesidades y los objetivos que se planteen: sensibilizar a la población; colaborar en tareas logísticas; denunciar, defender y revindicar acciones; compartir conocimientos; ayudar a personas vulnerables o captar recursos para una causa. Esto hace que sea una propuesta muy abierta y adaptable a la realidad del entorno y las capacidades y edad del alumnado pudiéndose realizar en cualquier nivel educativo, des de los estudios primarios hasta la Universidad. En este momento, el Aprendizaje Servicio está introducido en los sistemas educativos de los cinco continentes.

Para mayor información:

GONZÁLEZ, ALBA. Aprendizaje- servicio en la Escuela Secundaria. Buenos Aires: Programa Nacional Educación Solidaria, 2008

PUIG, J.M.ª (coord.) Aprendizaje servicio (ApS). Barcelona: Graó, 2009

TAPIA, NIEVES): Aprendizaje y servicio solidario: en el sistema educativo y las organizaciones juveniles. Buenos Aires: Ciudad Nueva, 2005.

BRUGH, MICHAEL. Cal Serve Service-Learning Initiative. California: Department of Education, 2010.

BATLLE, ROSER). El Aprendizaje-Servicio en España: El contagio de una revolución pedagógica necesaria. Madrid: Educar, 2013.

Martí Boneta i Carrera es técnico Docente Generalitat de Cataluña.

La transmisión intergeneracional de la educación y la pobreza.

Antonio Abellán, Julio Pérez, Rogelio Pujol. Departamento de Población, CSIC.

A propósito del último Informe PISA de 2012 (Program for International Student Assessment), se plantea un debate acerca de las razones de las disparidades en educación o brecha escolar entre unas regiones y otras. El debate puede ampliarse a comparaciones entre países, o entre regiones de otros países o continentes. Se argumentan razones socioeconómicas para explicar los peores resultados en las regiones más pobres. Otras explicaciones añaden el efecto del nivel cultural. Finalmente se señalan razones familiares/demográficas y la importancia que las familias den a la educación como clave para explicar la brecha escolar.

Estas últimas razones demográficas tienen un peso extraordinario. Existe una cierta reproducción del nivel educativo de los padres en sus descendientes; si es bajo, los hijos tienden a tener un nivel bajo; si es alto, los hijos probablemente tendrán un nivel alto. Los menos instruidos posiblemente tengan peores oportunidades laborales, menores ingresos y menor acumulación de riqueza a lo largo de su vida. Un círculo vicioso. De ahí la idea de transmisión intergeneracional de desventajas y de reproducción de la pobreza, en buena parte debida al nivel educativo alcanzado.

La Encuesta de Condiciones de Vida del INE ofrece un módulo (2011) para conocer esta transmisión de ambas, la educación y la pobreza en España. La figura 1 presenta la relación entre nivel educativo de los hijos y el de sus padres. Por ejemplo, en la columna primera, de 1,2 millones de adultos cuyos padres son/fueron analfabetos, el 53,2% (631.000 adultos) “sólo” han alcanzado estudios primarios o inferiores (primarios incompletos). En la columna cuarta, de 2,2 millones de adultos cuyos padres tuvieron estudios superiores, el 74,9% (1.632.600 adultos) también alcanzaron educación superior como sus padres. Hay una clara reproducción de niveles educativos.

La figura 2 representa a los adultos en riesgo de pobreza según el nivel de formación del padre. En la columna primera se observa que de 100 adultos cuyos padres son/fueron analfabetos, 41,4% están en situación de riesgo de pobreza. En la columna cuarta, de 100 adultos cuyos padres tuvieron estudios superiores, sólo 11,6% está en riesgo de pobreza, casi cuatro veces menos que en el primer caso.

Hay una esperanza en la posibilidad de romper el círculo vicioso. Se observa que en los niveles educativos bajos e intermedios existe un porcentaje importante de hijos que superan el nivel alcanzado por su padre.

La educación es la solución y actúa de diversas formas: crea más oportunidades laborales, mejores puestos de trabajo y mejor remuneración, por una parte, y desarrolla habilidades, hábitos y comportamientos, que permiten mantener una vida más plena y saludable, por otra. Las familias deben ser conscientes de que la falta de educación y preparación de sus hijos los hace candidatos a peores ocupaciones y menores ingresos.

Pero ¿cómo y quién transmite ese mensaje? Porque también el Estado debe ser consciente de que la falta de educación entre sus ciudadanos provoca injusticia y desigualdad de condiciones desde la misma cuna ¿Cómo y quién decide la parte de los costes educativos que corresponden a la familia y la que corresponde al Estado? ¿Cuáles son las decisiones recientes en este tema?

Nota: Tasa de riesgo de pobreza. Umbral de pobreza: es el 60% de la mediana de los ingresos anuales por unidad de consumo (escala OCDE modificada), tomando la distribución de personas. Los ingresos por unidad de consumo se obtienen dividiendo los ingresos totales del hogar entre el número de unidades de consumo. Es una medida relativa que mide desigualdad y no pobreza absoluta.

Figura 1. Nivel de formación alcanzado por el hijo según nivel del padre, 2011
Figura 1. Nivel de formación alcanzado por el hijo según nivel del padre, 2011
Figura 2. Adultos en riesgo de pobreza según nivel de formación del padre, 2011
Figura 2. Adultos en riesgo de pobreza según nivel de formación del padre, 2011