Jaime Cortesão: escritos e geografias do exílio

Francisco Roque de Oliveira

Nos dias 10 e 11 de Maio de 2018 decorreu na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, o Simpósio Internacional Jaime Cortesão: escritos e geografias do exílio. Tratou-se de uma iniciativa conjunta do CEG-Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa e do CHAM-Centro de Humanidades da Universidade Nova de Lisboa e da Universidade dos Açores, em parceria com a Biblioteca Nacional de Portugal. Esta reunião foi realizada no âmbito das actividades do Projecto de Investigação FCT/CAPES «Saberes geográficos e geografia institucional: influência e relações recíprocas entre Portugal e o Brasil no século XX», desenvolvido no Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, e do grupo de investigação Leitura e Formas de Escrita do CHAM.

Este Simpósio propôs-se reunir os mais recentes resultados da investigação que vem sendo realizada em torno da obra do autor de Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid e da História do Brasil nos velhos mapas. Pretendeu-se também aprofundar o conhecimento sobre os sucessivos contextos de exílio que Jaime Cortesão enfrentou na Europa e no Brasil durante mais de 30 anos, com destaque para aqueles que decorreram na Espanha republicana e no Rio de Janeiro das décadas de 1940 e 1950. Esta iniciativa foi ainda pensada como uma oportunidade para reflectir sobre o importante legado de Cortesão enquanto editor e tradutor, assim como para analisar o estado actual dos projectos de edição da sua obra, tanto em Portugal como no Brasil.

A escolha da Biblioteca Nacional de Portugal para local de realização deste Simpósio representou um gesto simbólico. Jaime Cortesão (1884-1960) foi o mais destacado director da então chamada Biblioteca Nacional de Lisboa durante a I República Portuguesa (1910-1926). A partir de 1919, quando foi nomeado para esse cargo, Cortesão teve oportunidade de executar aí um notável trabalho de reorganização administrativa e técnica e – sobretudo – de doutrinação cultural e cívica, tendo sido saneado em 1927, na sequência da instauração da ditadura militar em Portugal. Médico por formação e escritor por vocação, este intelectual multifacetado foi poeta e ficcionista, dramaturgo e escritor de viagens, pedagogo das Universidades Populares das primeiras décadas do século XX e, finalmente, o historiador-geógrafo que realizou a síntese entre a historiografia dos Annales de Lucien Febvre e Marc Bloch e a geografia humana de Camille Vallaux e Jean Brunhes aplicada à história de Portugal e do seu império.

Jaime Cortesão foi também um homem de acção política muito empenhado e, por isso mesmo, sempre muito temido pela ditadura portuguesa. Os atribulados anos da sua permanência em Espanha e França, entre 1927 e 1940, representam a experiência de um dos principais protagonistas de exílio republicano português acossado e disperso entre Madrid, Barcelona, o sul de França e Paris. Banido para o Brasil por ordem de Salazar, em 1940, Cortesão relançou no Rio de Janeiro o magistério e as pesquisas que fizeram dele a mais importante figura da historiografia luso-brasileira do século XX. Regressado definitivamente a Portugal em 1957, foi eleito presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores e proposto como candidato à Presidência da República pela oposição não comunista organizada sob a égide do Directório Democrato-Social, indigitação essa que declinou. Preso uma última vez por motivos políticos quando contava já 74 anos de idade, foi libertado na sequência de uma intensa campanha internacional de protesto encabeçada pela imprensa brasileira. Depois de reinstaurada da democracia em Portugal, Cortesão seria reintegrado na função pública a título póstumo, restituindo-se-lhe então as honras e dignidades de que fora arbitrariamente privado, como se lê no Decreto-Lei 275, de 14 de Agosto de 1980, que determinou esta reparação moral.

Através do estudo de algumas das principais peças da obra de Jaime Cortesão, os participantes neste Simpósio tiveram oportunidade de inquirir aspectos associados à duradoura marca deixada na ciência e na universidade portuguesas por força dos exílios e de toda a série constrangimentos mais discretos, mas nem por isso menos eficazes, impostos pela ditadura à actividade científica e ao saber em geral. Nesse sentido, Cortesão foi também estudado como um protagonista, entre outros, de uma brilhante diáspora política e científica que tem inúmeras afinidades com a diáspora republicana espanhola que se viu obrigada a reinventar-se nas Américas na mesma época, fazendo frutificar aí as suas competências intelectuais e o seu cosmopolitismo. O Simpósio estruturou-se em três mesas distintas, precedidas por uma sessão de abertura e uma conferência inaugural, conforme a sequência que passamos a resenhar.

Usaram da palavra na sessão de abertura os directores dos dois Centros de investigação organizadores – Mário Vale pelo CEG e João Paulo Oliveira e Costa pelo CHAM –, Carlos Kessel, chefe do Setor Cultural da Embaixada do Brasil em Lisboa, Vera Lucia Amaral Ferlini, responsável pela Cátedra Jaime Cortesão da Universidade de São Paulo e Instituto Camões, para além de Francisco Roque de Oliveira, pela comissão organizadora do Simpósio. A lição inaugural esteve a cargo de Joaquim Romero Magalhães (Universidade de Coimbra), que dissertou sobre «O desconhecido Brasil, de los comienzos a 1799, de Jaime Cortesão (1956)». Trata-se de uma obra que apareceu integrada no volume 26 da Historia de América y de los Pueblos Americanos dirigida por Antonio Ballesteros y Berreta, publicada em Barcelona pela Editorial Salvat. Sabe-se que a mesma obra teve origem num contrato assinado ainda em 1933, quando Cortesão vivia exilado em Madrid e cuja concretização em livro seria protelada pelas vicissitudes da Guerra Civil de Espanha e da II Guerra Mundial.

A primeira mesa do Simpósio foi subordinada ao tema «Jaime Cortesão, editor e edições», tendo sido preenchida por duas comunicações que articularam a principal actividade de Cortesão enquanto publicista durante a I República Portuguesa e o seu contributo como editor e tradutor ao longo das décadas seguintes. Daniel Pires (Centro de Estudos Bocageanos e CLEPUL-Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Universidade de Lisboa) trouxe uma comunicação sobre «Jaime Cortesão, o Grupo da Biblioteca e a Seara Nova», tendo apresentado uma carta desconhecida na qual o escritor e jornalista Raul Proença – chefe da Divisão dos Serviços Técnicos da Biblioteca Nacional durante a Direcção de Cortesão – se insurge contra a censura imposta na sequência do golpe militar do 28 de Maio de 1926, que instituiu a ditadura em Portugal. Coube a Daniel Melo (CHAM) apresentar «Jaime Cortesão enquanto promotor da edição e da leitura», sumariando a fecunda actividade que decorreu entre a colaboração de Cortesão com o movimento cultural Renascença Portuguesa e o magistério da Universidade Popular do Porto, em 1914, e o seu trabalho como editor literário no Brasil, passando pelo compromisso que teve com a Associação Internacional de Escritores para a Defesa da Cultura, em particular por via da participação nos Congressos Internacionais de Escritores pela Defesa da Cultura de 1935 (Paris) e 1937 (Valência-Madrid-Barcelona-Paris).

Jaime Cortesão durante o seu exílio no Brasil (c. 1950)
Jaime Cortesão durante o seu exílio no Brasil (c. 1950)

A segunda mesa foi dedicada à «Escrita da História», agrupando quatro comunicações. Vera Ferlini apresentou «Jaime Cortesão: novas dimensões para a História de São Paulo». Partindo das obras A Fundação de São Paulo – Capital Geográfica do Brasil (1955), Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid (1952-1961) e Raposo Tavares e a Formação Territorial do Brasil (1958), Ferlini salientou o modo como as mesmas dialogaram com as perspectivas historiográficas do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP) e as teses de alguns dos seus notáveis historiadores brasileiros de então, como Afonso d’Escragnolle Taunay e Sérgio Buarque de Holanda. Renato Amado Peixoto (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) centrou a sua intervenção intitulada «Oxymoron: Cortesão, Varnhagen, o Meridiano de Tordesilhas e a representação da Formação do Brasil» numa perspectiva equivalente a essa. Neste caso, tratou-se de confrontar alguns dos conteúdos consolidados na historiografia brasileira do século XIX, que se repercutiram duradouramente na construção programática da identidade nacional através do ensino da Geografia e da História, com algumas das teses que Cortesão gizou para explicar o processo de formação territorial deste país e que formalizou em dois projectos editorais organizados no âmbito do Ministério das Relações Exteriores do Brasil: o Atlas Histórico do Brasil (1959) e a História do Brasil nos velhos mapas (1957-1971).

«Os irmãos Jaime e Armando Cortesão. Dos exílios e das polémicas historiográficas na expansão atlântica» constituiu o título escolhido por Rui S. Andrade (Centro de História da Universidade de Lisboa), numa comunicação centrada em algumas das mais relevantes teorias que estes dois historiadores desenvolveram ao longo de décadas no quadro de um esforço intelectual mais vasto, com raízes fundas na historiografia do século XIX, e de que são exemplo a chamada «política do sigilo» e o suposto descobrimento pré-colombino da América pelos portugueses. Como ilustrou Andrade, tais teorias estiveram na origem de um intenso debate travado entre os irmãos Cortesão e diversos académicos anglo-saxónicos, assim como com alguns dos seus pares portugueses e brasileiros, constituindo um dos aspectos mais interessantes, mas também mais controversos do seu legado. A fechar a sessão, José Manuel Garcia (Academia Portuguesa da História) apresentou «Os Descobrimentos Portugueses de Jaime Cortesão: balanço de uma carreira historiográfica». Como o título indicia, tratou-se de uma abordagem àquela que constitui a última grande empresa historiográfica de Cortesão, vista aqui, simultaneamente, como ponto de chegada e síntese monumental de cerca de quatro décadas de carreira no domínio da história da expansão portuguesa.

A última mesa do Simpósio agrupou três comunicações à volta do tema genérico «Geografias do exílio». Cristina Clímaco (Université Paris 8) leu «O exílio europeu de Jaime Cortesão e a luta antifascista (1927-1940)», descrevendo e contextualizando os períodos de permanência de Cortesão em Espanha e França na sequência da sua participação na frustrada revolta de Fevereiro de 1927 contra a ditadura militar portuguesa e o papel que lhe coube como dinamizador de sucessivas iniciativas aglutinadoras da oposição no exílio. Entre estas, Clímaco destacou a União dos Antifascistas Portugueses Residentes em Espanha, criada em Madrid depois da vitória eleitoral da Frente Popular, em Fevereiro de 1936, e a Delegação da Frente Popular Portuguesa instituída em Barcelona com apoio do governo republicano e da Generalitat da Catalunha. Francisco Roque de Oliveira (CEG-Universidade de Lisboa), Roger Lee de Jesus (Universidade de Coimbra) e Rui S. Andrade apresentaram «Abraça-te o teu irmão muito amigo: a correspondência entre Jaime e Armando Cortesão», tendo sintetizado o conteúdo do extenso conjunto de cartas dispersas pelos arquivos de Lisboa, Coimbra e Rio de Janeiro através das quais se podem seguir as vicissitudes do exílio durante muito tempo partilhado pelos irmãos Cortesão, os contextos que os enquadraram, assim como o desenvolvimento das respectivas obras científicas, designadamente no domínio da história da cartografia, cujo interesse partilharam. Por último, Aquilino Machado (CEG-Universidade de Lisboa) expôs «Do Vera Cruz ao Brasil: entre a viagem de Aquilino Ribeiro e as geografias do exílio de Jaime Cortesão», comunicação centrada nos registos autógrafos e na documentação existente sobre a deslocação de Aquilino Ribeiro ao Brasil, em 1952, e o círculo de sociabilidades do exílio político português aí radicado com o qual este escritor manteve importantes contactos.

Em sessão extraordinária que decorreu no início do segundo dia de trabalhos, Roger Lee de Jesus introduziu os dois únicos registos sonoros de Jaime Cortesão editados em disco no final da década de 1950. De seguida, o mesmo Roger Lee de Jesus e Francisco Roque de Oliveira apresentaram o Diaporama que elaboraram a partir da longa entrevista concedida por Cortesão ao jornalista Igrejas Caeiro em 1958 e então emitida pelo Rádio Clube Português. Na mesma ocasião, foi exibido na sala Multimédia da Biblioteca Nacional o episódio do documentário À Porta da História dedicado a Jaime Cortesão. Realizado por Jorge Paixão da Costa para a Rádio e Televisão de Portugal (RTP) em 2015, este episódio foi gentilmente cedido para exibição não comercial durante o Simpósio pela Ukbar Filmes. Paralelamente, os Serviços da Biblioteca Nacional de Portugal, coordenados por Manuela Rêgo, organizaram uma pequena mostra bibliográfica que reuniu algumas das mais importantes obras de Jaime Cortesão nos domínios da historiografia – sobretudo sobre o Brasil –, da crónica de viagens, do registo memorialístico de guerra e da poesia.

Cortesão foi estudado como um protagonista, entre outros, de uma brilhante diáspora política e científica que tem inúmeras afinidades com a diáspora republicana espanhola que se viu obrigada a reinventar-se nas Américas na mesma época, fazendo frutificar aí as suas competências intelectuais e o seu cosmopolitismo.

Entre as sucessivas iniciativas aglutinadoras da oposição portuguesa no exílio dinamizadas por Jaime Cortesão, destacou-se a União dos Antifascistas Portugueses Residentes em Espanha, criada em Madrid depois da vitória eleitoral da Frente Popular, em Fevereiro de 1936, e a Delegação da Frente Popular Portuguesa instituída em Barcelona com apoio do governo republicano e da Generalitat da Catalunha.

Fotografia: Espólio Jaime Cortesão, Biblioteca Nacional de Portugal (Lisboa).

Para maiores informações:

Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa. «Saberes geográficos e geografia institucional: influência e relações recíprocas entre Portugal e o Brasil no século XX» | Projecto Convénio FCT-CAPES | 2016-2018 | Proc. 44.1.00 CAPES / 8513/14-7 [página web] <http://www.ceg.ulisboa.pt/saberesgeograficos/>   

OLIVEIRA, Fran­cisco Roque de. A «Ilha Brasil» de Jaime Cortesão: ideias geográficas e expressão cartográfica de um conceito geopolítico. Biblio 3W. Revista Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales. [Em linha]. Barcelona: Universidad de Barcelona, 25 febrero 2017, Vol. XXII, nº 1.191. <http://www.ub.edu/geocrit/b3w-1191.pdf>

Francisco Roque de Oliveira é investigador do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa e professor no Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa.

Investigador do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa e Professor no Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa.

La Geografía en los estudios de Magisterio: pasado, presente y ¿futuro?

Luis Carlos Martínez Fernández *

La Geografía ha tenido, en el pasado, un importante papel en la formación de los maestros en España. La revisión y síntesis bibliográfica de los trabajos sobre la tradición docente de la Geografía en las Escuelas de Magisterio revela que esta ha atravesado por diferentes etapas –no exentas de vaivenes y altibajos- y planes de estudios hasta llegar al momento actual. La situación de la Geografía en los nuevos Grados de Educación es de verdadero arrinconamiento disciplinar. Así lo demuestra la consulta efectuada a todas y cada una de las asignaturas y encargos docentes de las titulaciones existentes en las universidades públicas del país. La larga vinculación establecida entre la Geografía y los estudios universitarios de Magisterio, cuyo significado tiene que ver con la adquisición de competencias y conocimientos geográficos por parte de los futuros maestros, parece estar llegando a su fin.

La tradición disciplinar de la Geografía en los estudios de Magisterio

Las Facultades de Filosofía y Letras o de Geografía e Historia no han sido en exclusiva los únicos centros de enseñanza superior de la Geografía en España. Las Escuelas de Magisterio atesoran una honda tradición, desde su creación como Escuelas Normales en 1838, que vincula los estudios de Geografía con la formación inicial de los maestros.

De este modo, es de destacar el importante papel de la Geografía y de su profesorado en los planes de estudios que han precedido a las nuevas titulaciones de Grado: los anteriores a la Ley General de Educación de 1970 y la inserción de las Escuelas de Magisterio en la universidad y los que se derivan de las necesidades formativas del profesorado de Enseñanza General Básica y del de las sucesivas reformas curriculares sufridas por las enseñanzas escolares en nuestro país (Diplomaturas de Magisterio de los años 1990 y 2000).

Los nuevos planes de estudios de Grado: el arrinconamiento de la disciplina

La docencia de Geografía en las nuevas titulaciones de Magisterio o Educación tiene, como en el pasado, dos objetivos esenciales: la formación geográfica de base y la formación aplicada a la didáctica geográfica. Sin embargo, la reforma que ha dado lugar a los recientes estudios de Grado (y antes ya a los de Diplomado) ha arrinconado a las materias de “contenidos” favoreciendo, de manera explícita, a las de índole didáctico-pedagógico, lo que ha ido en perjuicio de la Geografía General, del Mundo o de España, como materias propias del fundamento de la disciplina en anteriores planes de estudios. Además, el embate sufrido por las áreas de conocimiento de Geografía Física, Geografía Humana y Análisis Geográfico Regional desde la Didáctica de las Ciencias Sociales ha limitado considerablemente la presencia de la Geografía en las asignaturas de cariz didáctico, que son, en definitiva, las que más han proliferado en la totalidad de las titulaciones ofertadas por las universidades públicas españolas

Una ofensiva por el control de las asignaturas históricamente ligadas a los Departamentos de Geografía que pasa, de manera decidida, por el cambio de la nomenclatura de las mismas en aras a aproximarlas al de Ciencias Sociales (esgrimiéndose que es la denominación propia de las enseñanzas impartidas en la enseñanza primaria, como lo era la de Conocimiento del Medio, con anterioridad). Esto es evidente incluso en los planes de estudios donde la Geografía resiste el envite.

Se hace evidente, de esta forma, que la enseñanza básica de la Geografía en las nuevas titulaciones de Magisterio toma cuerpo alejada por regla general de su prístina denominación. Toda una serie de asignaturas que llevan el calificativo de Conocimiento del Medio o de Ciencias Sociales, tanto en su dimensión de desarrollo de los contenidos curriculares como desde la perspectiva de la enseñanza-aprendizaje, esto es, la didáctica correspondiente.

¿El final de una larga vinculación?

Estar ante el posible final dela Geografía como materia considerada esencial para la formación universitaria de los futuros maestros es un interrogante que puede plantearse en los momentos actuales. Deriva de la progresiva indefinición de la disciplina, de la heterogeneidad de la formación y de la “suplantación” didáctica en el desempeño docente, lo que ha conducido, irremediablemente, a un verdadero arrinconamiento del conocimiento geográfico en las modernas titulaciones de Grado. Descubre, con todo, la definitiva supremacía de las áreas pedagógicas y de las didácticas específicas en el diseño de los planes de estudios de Magisterio, en la propuesta de asignaturas concretas y en su asignación docente final.

Y es así como la Geografía se diluye por completo ante la total predominancia de las asignaturas de tintes didácticos o de confusa denominación: conocimiento del medio o ciencias sociales. Solo en determinadas Facultades que cuentan con un profesorado decidido a la defensa y salvaguarda de la disciplina, esta permanece como el epígono de una larga vinculación con los estudios de Magisterio o Educación. Una alargada ligazón fundamentada, eso sí, en un claro significado docente: la formación geográfica de los futuros maestros.

Para mayor información:

MARTÍNEZ FERNÁNDEZ, Luis Carlos. La Geografía en los estudios universitarios de Magisterio: evolución histórica, situación actual y significado docente. Biblio3W. Revista Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales. [En línea]. Barcelona: Universidad de Barcelona, 5 de agosto de 2017, vol. XXII, nº 1.207. <http://www.ub.es/geocrit/b3w-1207.pdf>. [ISSN 1138-9796].

*Luis Carlos Martínez Fernández es Profesor Titular de Análisis Geográfico Regional del Departamento de Geografía de la Universidad de Valladolid.

Motivación personal y profesional para publicar “La palabra y el poder”

Mercedes Vilanova, catedrática emérita de la UB

La palabra y el poder es un libro que he escrito por la necesidad que he sentido de rememorar y es, a la vez, un residuo y un balance. Es un balance porque con él pretendo abandonar cuanto he sido y tenido y lo he pensado como un umbral que no permite la vuelta atrás. Lo he escrito con la ilusión de que esta decisión tan drástica que pretende romper las cadenas que me atan al pasado, me implique en otra aventura. Otra fibra, de este texto, ha sido mi intento de zanjar cualquier cuestión pendiente personal o profesional, ha sido, pues, una manera de limpiar mi memoria, de limar mi experiencia y el residuo que me queda espero poderlo y saberlo reciclar. La tercera fibra de este libro ha sido un intento de saldar el daño hecho o recibido; para reparar, en la medida de lo posible, algunas heridas; por este está escrito con agradecimiento por lo descubierto y compartido con tantos colegas, discípulos y amigos.

Si el municipio de L’Escala es, para mí, un centro afectivo, profesional y marinero, Barcelona es el núcleo y la pasión de mi vida; seguramente porque supe muy pronto – desde que di la vuelta al mundo sola a los dieciocho años – que si no era feliz en mi ciudad, no lo sería en otro lugar. Quizá, por aquel autobús rojo de dos pisos, que aparece una y otra vez en el libro, un autobús mágico que en la década de 1940 subía por la calle Balmes y me llevaba al colegio donde me encontraba con esas “niñas”, con las que hemos envejecido juntas y que representan el tesoro de una infancia compartida.

El libro lo he ordenado en tres partes que resumiré brevísimamente. En la tercera rescato a Basilisa Mira Azorín, madre de Pasqual Maragall que, como tantas mujeres, no ha sido tenida en cuenta por la historia escrita y también porque con Esther Tusquets quisimos dar a conocer el material que suprimieron o tergiversaron de nuestro libro Pasqual Maragall, el hombre y el político1. Esta biografía fue guillotinada por cuestiones económicas y, para ocultar que traicionaron al único hombre que ha sido alcalde de Barcelona y Presidente de la Generalitat. Cuando el maligno silencia nuestras palabras esconde la verdad que ellas representan. El desarrollo de un método para analizar la censura es una aportación que ayuda a escribir la historia reciente de Catalunya y que desarrollo en el epígrafe titulado “El tapiz de Walter Benjamin”.

La parte central titulada “el poder de lo escrito” aborda relatos de La Escala y de Barcelona durante los años treinta del siglo pasado y concluye que la revolución arcosindicalista no fue posible por el difícil reparto de la propiedad. “He buscado – escribo en la página 12 – sentimientos de largo recorrido que he creído encontrar en la manera de experimentar la propiedad de las cosas y también de las personas”. La propiedad es uno de los pivotes decisivos sobre el que nos movemos personal y colectivamente, en torno a ella viven clanes, tribus y familias; también el mundo de las ideas y de la ciencia, en la academia o en la universidad”.

En parte, este libro lo he escrito como un ejercicio de libertad personal, para construir puentes que me liberen y, también, puentes que me unan a los posibles lectores, pues nuestra memoria se actualiza gracias al diálogo con otras personas o, con nosotros mismos: y eso más allá de la maternidad, de la experiencia conyugal, de la amistad o del amor, de la profesión o del mar, o sencillamente, de la vida. Por este motivo inicio el libro con una cita de Basi Mira cuando se pregunta: “¿hasta cuándo oiremos sus voces, hasta cuando las nuestras les llegarán?” Y haciéndome eco de este interrogante dedico este libro a mis nietos y me hago eco de las palabras de Basi con el deseo de que mi voz les llegue y llegue a los lectores, pero sobre todo con el deseo de oíros y escucharos in saecula saeculorum.

Este libro puede empezar a leerse, claro está, por el principio que se titula “imágenes de experiencias”. En estas primeras páginas apunto que, la memoria “feliz”, tal vez pueda ser una experiencia trabajada y rumiada, ya que en nosotros anida un espacio donde descansar, un océano, un abismo, un olvido de reserva que es el que exploran, precisamente, las fuentes orales y, por eso, es tan importante la historia que se escribe con ellas: ya que historia, historia, solo lo es la que es escrita. Rememorar a través de las entrevistas es una forma completa de ser, porque es una manera de alcanzar la plenitud, hacerlo con valentía y generosidad permite “superar” cualquier queja o lamento, prescindir de cualquier sufrimiento y afrontar con elegancia el impacto de nuestra extinción personal.

En algunos párrafos del epílogo, resuena todo el libro, especialmente cuando expreso algunos deseos de esta hora tardía de la vida: “Quisiera devolverle al mar lo que me ha dado; quisiera volver a entrevistar a las mayorías invisibles y analfabetas que componen el Atlas electoral de la segunda república en Catalunya2; quisiera volver a viajar en aquel autobús rojo de dos pisos que me llevaba al centro de la ciudad para encontrar al hijo de la mujer que conocí en un barco que nos llevó a Grecia.

Mercedes Vilanova, catedrática emérita de la UB

1 Esther Tusquets y Mercedes Vilanova, Pasqual Maragall. El hombre y el político, Ediciones B, 2018

2 Mercedes Vilanova, Atles electoral de la segona república, circumscripcions, comarques i municipis, edició bilingüe català-castellà, Enciclopèdia Catalana, 2005, vol 1. El segon volum dedicat nomes a Barcelona ciutat subratlla la col·laboració de Ramon Grau, el seu títol és Atles electoral de la segona república a Catalunya. Barcelona ciutat, edició bilingüe català-castellà, Enciclopèdia Catalana, 2006, vol 2. Tots dos volums de l’Atles es poden consultar al Dipòsit Digital de la UB: http://diposit.ub.edu/dspace/handle/2445/97491.

1 La primera versión de este libro se publicó en catalán con el título La paraula i el poder. El mar, l’Escala, Pasqual Maragall, Centre Esportiu i Recreatiu l’Escala (CER) en colaboración con el Centre de Documentació i Recerca Històrica de L’Escala (CEDRHE), 2016. En castellano se han publicado revisado y ampliado con el título La palabra y el poder. L’Escala, Anarquismo, Pasqual Maragall octubre de 2016 y una segunda edición en diciembre de 2016.

Sylvio Bandeira: uma vida dedicada à geografia (1940-2017)

Sylvio Bandeira
Sylvio Bandeira: uma vida dedicada à geografia (1940-2017)

Ficamos chocados com a notícia do falecimento do amigo e colega Sylvio Bandeira após grave intervenção cirúrgica e suas consequências.

Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva nasceu no Rio de Janeiro em 1940. Formou-se em Geografia em 1962 pela Universidade Católica de Campinas. Na França, onde conheceu Christine, concluiu o doutorado em Geografia em Toulouse em 1969, sob a orientação de Bernard Kayser, com a tese L´organisation régionale du Recôncavo da Bahia / Brésil. Em 1971 concluiu a Especialização em Desenvolvimento Econômico oferecido pela CEPAL. Realizou seu estágio de pós-doutorado na Universitat Marburg, Alemanha, em 1990.

Veio para Salvador para participar do Laboratório criado por Milton Santos e Jean Tricart. Em 1963 começou a dar aulas na Universidade Federal da Bahia – UFBA. Em 1975, através de concurso, foi o primeiro Professor Titular do Departamento de Geografia. De 1975 a 1979 foi Diretor do Instituto de Geociências e de 1979 a 1984 ocupou o cargo de Assessor do Reitor para assuntos de Pesquisa e Pós-Graduação. Aposentou-se da UFBA em 1992, mas continuou colaborando no Programa de Pós-Graduação em Geografia até o seu falecimento.

Continuou sua carreira, paralelamente, na Universidade de Salvador, de 2000 a 2005, passando posteriormente para o Programa em Planejamento Territorial da Universidade Católica de Salvador – UCSAL, desde 2003, e era coordenador do programa desde 2009.

Foi professor colaborador da Pós-Graduação em Sergipe desde 1983 e professor visitante das universidades de Rio Claro, Maringá, Londrina, Santiago de Compostela e Barcelona. Era membro do conselho editorial das revistas Geonordeste; Geografia; RDE e Geotextos.

Foi pesquisador em produtividade de pesquisa do CNPq, alcançando o nível mais elevado 1-A, e deve ser destacado que presidiu a Comissão de Acompanhamento dos Programas de Pós-Graduação em Geografia da CAPES (1996 a 1999) e continuou como assessor ad-hoc da CAPES e do CNPq. Seu projeto de pesquisa atual era intitulado “Metropolização e interiorização turística no Brasil”.

A sua produção acadêmica é imensa: ele publicou vinte e dois livros, oito dos quais como organizador e vinte em conjunto. Podem ser destacados Estudos sobre Globalização, Território e Bahia, escrito em conjunto com Christine, em 2003 e Desequilíbrio e Desigualdades Regionais no Brasil e nos estados brasileiros, em 2008, com Christine e A. Coelho. Publicou cinquenta e três capítulos de livros até 2016, assim como um elevado total de noventa e seis artigos em revistas nacionais e estrangeiras até o mesmo ano. Apresentou também cento e sessenta trabalhos em eventos desde 1966.

Participou de oito bancas de concursos para professor titular, uma para livre docente e seis para professores em Geografia. Participou também do elevado número de cento e vinte e cinco bancas de mestrado no período de 1991 a 2016 e de trinta e seis bancas de doutorado, no Brasil e no exterior, entre 1997-2016. Talvez a maior contribuição de Sylvio tenha a sido a de orientar gerações de geógrafos: quarenta e três dissertações de mestrado (1991-2013); dezessete teses de doutorado (1997 a 2016), e oito em andamento; e ainda vinte e um orientações na graduação.

Ele me informou do concurso para titular na UFBA e foi membro da minha banca junto com Milton Santos. Desde quando comecei a trabalhar na UFBA como colega, fomos companheiros durante trinta anos, em três instituições universitárias. A impossibilidade de visitá-lo no hospital, por também estar doente, me deixou a lembrança do colega e amigo vivo, sempre sorridente, sempre brincalhão, sempre interessado pelos livros. Quando o casal se mudou para um apartamento, Sylvio doou setecentos livros para a biblioteca da UCSAL, o que mostra outra das suas paixões.

Os depoimentos dos amigos podem ajudar a concluir essa homenagem: Joaquim Oliveira fez um belo discurso no seu velório, contando a chegada deles na Bahia e as viagens pela Europa. Quando escrevi avisando aos amigos geógrafos mais distantes, colhi belas mensagens como estas que muito me emocionaram:

Uma pessoa com raras qualidades […]: educado, conciliador, um verdadeiro cavalheiro” (Marcelo); “era tão alegre […] sempre passava a imagem de uma jovialidade” (Carminha); “ele deixou um vasto legado através não só do que produziu mas dos tantos estudantes que ajudou a formar” (Haesbaert); “conheço desde […] 1962. Tinha grande apreço por ele” (Lobato); “demonstrava tanta vitalidade” (Bitoun); “tinha muito apreço por Sylvio” (Leila); “amigo solícito, sorridente e agradável” (Borzacchiello); “pude apreciar personalmente la calidad humana y científica que tenía, y el aprecio del que gozaba de manera general” (Capel), ou seja, toda uma comunidade de geógrafos conhecia e apreciava Sylvio Bandeira, que nos deixa uma enorme lacuna.

Sylvio e Christine tiveram dois filhos, Mauricio e André, que foram habitar no longínquo estado de Roraima. Do primeiro, Mauricio e sua esposa, eles tiveram a alegria de ter três netos, dois dos quais gêmeos.

Salvador, 11 de março de 2017

Pedro de Almeida Vasconcelos

Supressão da geografia do ensino médio brasileiro – crônica de uma morte anunciada

Em 16 de fevereiro de 2017, foi aprovada a medida provisória 746/2017 (mp746) que suprimiu a disciplina de geografia do ensino médio (bachillerato/espanha, high school/eua) das escolas brasileiras, disponibilizando-a como optativa numa organizacão denominado de “itinerários formativos”, e que dependerá da infraestrutura da escola, do número de professores disponíveis, e do projeto pedagógico.

A mp/746 é uma emenda na lei de diretrizes e bases da educação nacional (ldbs), lei 9.394, aprovada em 1996, e um de seus objetivos foi mudar a lei 11.161 que orienta o fundo nacional de desenvolvimento da educação básica (fundeb), responsável pela destinação das verbas na educação.

Desde 1996 implementava-se uma reforma educacional que envolveu a aprovação e publicação de leis, resoluções, pareceres, publicação de propostas curriculares e reorganização das disciplinas que compunham o currículo escolar. Como as reformas educacionais saem dos gabinetes do ministério da educação (mec) e demoram muito para chegar à sala dos professores sabia-se desde 1996 que geografia permaneceria na área de ciências humanas e sociais (com história, ciências sociais, filosofia), mas não se sabia exatamente como e, portanto, caiu no esquecimento.

As entidades que representam a geografia brasileira e que se manifestaram: associação dos geógrafos brasileiros (agb), associação nacional de pós-graduação e pesquisa em geografia (anpege), teceram críticas às propostas pedagógicas presentes na nova reforma do ensino médio.

Nossas preocupações dirigem-se especificamente ao ensino de geografia, que quase deixou de existir a partir dessa reforma.

Porque nossa preocupação volta-se a essa supressão de geografia no ensino médio? Por que ela faz parte de um pacote que muda a abordagem geográfica presente no ensino. Retira-se um ensino, que embora distante, tinha suas referências na geografia francesa, com destaque para o trabalho de campo e para a abordagem regional; e implementa-se um ensino referenciado pelos conselhos de geografia dos estados unidos e europa, de abordagem sistêmica e técnica, adequada a um ensino profissionalizante.

A proposta implementada remete a década de 1950, a uma política da organização das nações unidas para a educação, a ciência e a cultura (unesco), denominada de educação geográfica. A unesco, por meio do conselho nacional para educação geográfica (ncge), com base na escola primária norteamericana produziu o livro de “referência para o ensino geográfico”, que orientaria a educação geográfica. Rechaçada na década de 1960 e 1970, o que chegou desta proposta no brasil, principalmente depois da década de 1990, resume-se a cartografia escolar, e a utilização de diversos recursos didáticos que não são exclusivos da geografia: recursos tecnológicos, culturais, pedagógicos – atividades de localização e orientação.

Se para os anos iniciais do ensino fundamental sugeriu-se a educação geográfica; para os anos finais sugeriu-se a educação ambiental: conteúdo voltado para ciências da terra, referenciados pela ecologia, biologia e geologia, dedicados a questões ambientais e sustentáveis. A educação geográfica dialoga com a pedagogia; a educação ambiental dialoga com as ciências da terra. A geografia, que decodifica o espaço físico para as ciências sociais dialogará com quem?

Distrito de Floriano, Maringá, Paraná
Distrito de Floriano, Maringá, Paraná

Considerando as mudanças provocadas por essa reforma educacional, a questão ambiental, sustentabilidade, migração e trabalho passaram a orientar as abordagens da educação geográfica e/ou da geografia. Suprimiram os conteúdos de geografia do ensino médio; e os conteúdos de geografia dos nove anos que compõe o ensino fundamental são de educação geográfica.

A unidade da geografia, estabelecida pela relação sociedade/natureza não explicaria mais a transformação da paisagem ou do espaço geográfico? A natureza deve ser substituída pelo ambiente? A interdisciplinaridade da geografia, presente em seu arcabouço teórico, oriundo do debate clássico estabelecido entre franceses e alemães não responderia às questões ambientais e sociais? Esta reforma emerge de uma superação teórica ou de subsídios a políticas econômicas internacionais?

A questão ambiental discute um quadro já dado; resultado da ação humana, e que a geografia, com suas escalas de análise, suas abordagens física e humana, as relações que estabelece entre as dinâmicas da sociedade e da natureza contribuiria não só para preservação e sustentabilidade, mas também para prevenção, resultado de uma formação geográfica que contribuiria para aumentar o equilíbrio entre os aspectos da natureza, que em um país tropical são frágeis; e diminuir as diferenças sociais que resultam em enormes contradições.

Para maio­res informações:

DEFFUNE, Glaucia; LIMA, Maria das Graças de. (Org.) Da geografia que se faz à geografia que se quer – muitos caminhos a percorrer. Maringá: EDUEM. 2013.

Maria das Graças de Lima, professora do Departamento de Geografia, da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

¿Hacia una nueva geografía de la música?

Justino Losada Gómez*

Actualmente comienzan a ser frecuentes las aproximaciones a la música desde la geografía anglosajona, de manera que se estudia el carácter territorial y espacial de las prácticas musicales tanto en una amplia variedad de escalas geográficas, como en una multiplicidad de contextos culturales e históricos. Pero contra todo pronóstico, se sigue tratando a la propia música de forma tangencial en los estudios geográficos. La música es tratada generalmente como excusa, como mero soporte de textos cantados como único vehículo de interacción social, olvidándose su valor y faceta como medio de comunicación en sí.

Este hecho ha excluido el importante y activo rol que ha tenido la música en el contexto cultural y en la configuración de espacios sociales e identitario. Por tanto, su papel es fundamental para entender la génesis de geografías culturales en relación a la creación de imaginarios morales de las diversas geografías del paisaje, y los conceptos de nación y ciudadanía.

Por ello, y entendiéndose necesaria una nueva metodología que estudie el valor intrínseco de la música como parte del imaginario artístico comunicativo, se propone una relación entre el análisis sintáctico y semántico que puede aplicarse a músicas con connotaciones geográficas –sean cantadas o no-. El objetivo es intentar fundamentar como su sonido ha tenido un importante y activo papel que desempeñar en la organización de los espacios sociales, políticos, o de filiación nacional.

La metodología se fundamenta en dos aspectos iniciales: la base fisiológica que relaciona el posible origen cognitivo troncal de la música y el lenguaje ya que ambos sistemas poseen redes neuronales comunes, y los aspectos antropológicos y comportamentales, que definen el control de la sintaxis permitiendo que toda creación antrópica acabe teniendo cierto significado para otros humanos. De este modo, se abre un canal de comunicación que permite el entendimiento musical entre emisor (compositor, intérprete) y el receptor (público).

Desde una formulación sintáctica podemos realizar esta aproximación a la música mediante la teoría de la Gestalt que ha visto cierto resurgir gracias al apoyo del software de análisis espectral que permite visualizar las características del sonido. Junto con los principios gestálticos y desde un punto de vista simbólico más complejo, la metodología se completa mediante el análisis semántico por medio de los tipos semióticos propuestos por el filósofo norteamericano Charles. S. Peirce, empleados en la musicología moderna, y que se pueden emplear igualmente en el estudio geográfico. Los tres tipos fundamentan el signo musical dividido y explicado en tres términos: iconos, que guardan relación representativa con su referente, indicios o índices, donde la representación muestra relación no arbitraria, siendo generalmente de causa y efecto con su objeto, y símbolos: en los que la relación entre lo representado y su objeto resulta arbitraria, y en la mayoría de los casos es una convención cultural. Los símbolos conforman así los nodos de significado más habituales, que desde nuestra perspectiva son generalmente los de mayor carga geográfica. De esta manera, el significado del símbolo musical cobra relevancia geográfica y sirve como puente entre la relación de los procesos cognitivos de adquisición de información, generación de conocimiento y creación de cultura mediante su puesta en valor y difusión compartida. De este modo, el gráfico adjunto muestra los pasos propuestos:

Modelo analítico de dos niveles (semiótico y semántico) propuesto
Modelo analítico de dos niveles (semiótico y semántico) propuesto

Bajo esta serie de criterios se ha propuesto entender la producción de geografías culturales de relativas a la música británica pastoralista entre 1880 y 1940 mediante el estudio de las obras On hearing the first cuckoo in spring, de Frederick Delius; Tintagel, de Arnold Bax y Five Variants on Dives and Lazarus de Ralph Vaughan Williams. Ello ha permitido comparar como el desarrollo del sinfonismo pastoralista británico fue paralelo al de la ciudad jardín, explicándose que pese a que ambas manifestaciones provenían de sectores enfrentados de la misma sociedad británica, estas partían de un tronco común: la mirada al ideal de vida rural como contrapunto a la ciudad inglesa de la segunda revolución industrial con la finalidad de crear sentimiento identitario nacional.

Igualmente se ha aplicado la misma metodología para comprender la evocación de la Roma imperial mediante las obras sinfónicas Fontane di Roma y Pini di Roma de Ottorino Respighi, y como esta cambia con el tiempo, desde la perspectiva actual a la del compositor, contextualizando momentos históricos que han definido los diversos imaginarios tanto de la ciudad de Roma como del Imperio Romano: el de nuestro tiempo, el de Respighi y el del contexto del fascismo italiano.

Para mayor información:

LOSADA, Justino. El modelo de ciudad jardín y el sinfonismo pastoralista inglés: dos productos de la misma utopía. <http://www.ub.edu/geocrit/xiv-coloquio/JustinoLosada.pdf>En BENACH, Nuria; ZAAR, Miriam Hermi; VASCONCELOS P. JUNIOR, Magno (eds.). Actas del XIV Coloquio Internacional de Geocrítica: Las utopías y la construcción de la sociedad del futuro. Barcelona: Universidad de Barcelona, 2016, <http://www.ub.edu/geocrit/xiv-coloquio/xiv-coloquio-portada.htm>

LOSADA, Justino. La representación geográfico-musical de Roma mediante las obras de Ottorino Respighi, en SIMEONOVA, Velislava; SANTASUSAGNA, Albert; LOSADA, Justino; YAÑEZ, Sandra (eds.) EJIG Conference Proceedings (Encuentro de Jóvenes Investigadores en Geografía y Estudios del Territorio) Barcelona, 2015 pp: 209-222. <https://issuu.com/ejig2014/docs/actas_ejig_2014/209>

*Justino Losada Gómez es geógrafo.

Las potencialidades de las salidas de campo para la educación geográfica desde la perspectiva iberoamericana

Diego García Monteagudo*

Los itinerarios, salidas de campo, trabajos en el medio local han sido considerados en diversos momentos de la historia escolar como una estrategia didáctica que fomentaba la innovación. Permitía conocer el medio local cuestionando el paisaje y romper con la idea de inmutabilidad que se transmite en los libros de texto. ¿En el momento actual de predominio de la difusión de las noticias por medio de internet siguen siendo válidas las salidas de campo con los alumnos y alumnas de la educación básica?

En febrero de 2015 se abrió el foro 22 titulado “Las salidas de campo/A visitas de estudo” en el Geoforo Iberoamericano sobre Educación, Geografía y Sociedad. El planteamiento inicial surgió a raíz de una salida al cauce del río Turia de la ciudad de Valencia, en la que participaron docentes y alumnos del Máster de Profesor de Educación Secundaria. Tal fue la importancia concedida a este tema para la formación de profesores y la innovación pedagógica, que decidimos compartirlo con los compañeros de dicho foro. Los comentarios recopilados hasta octubre de dicho año, subrayan la importancia de las salidas de campo como recurso empírico de las investigaciones académicas y como estrategia didáctica. Además, son una herramienta que permite conocer los problemas percibidos y vividos del alumnado y de sus familias, de manera que facilita la empatía entre el docente y sus estudiantes.

Las reflexiones teóricas basadas en estudios sobre didáctica han acabado reafirmando la función original de reconocimiento de paisaje que han tenido las salidas de campo en el ámbito brasileño. Sin embargo, las críticas de Yves Lacoste y Serpa hicieron que los investigadores asumieran un papel más activo en la definición de los límites del espacio a estudiar, así como en la búsqueda e interpretación de datos a la hora de planificar las salidas de campo. Como estrategia didáctica, dichas salidas posibilitan el análisis del espacio geográfico a diferentes escalas, un hecho que abrió el debate sobre las metodologías y procedimientos de la enseñanza en la formación de profesores durante la década de 1980.

Las discusiones semánticas reforzaron el debate de las visitas de estudio como estrategia didáctica en Brasil durante los años 2000. Desde entonces se les ha denominado “clases de campo”. En España, Goergen ha señalado que en el actual contexto de la sociedad contemporánea (cambios transformadores, papel de los medios de comunicación, la incertidumbre, la moda…), la formación de profesores tiene que incluir aspectos éticos, culturales y políticos de la práctica educativa, que refuercen la conexión entre el docente y el alumnado. Si el profesorado reflexiona sobre su práctica docente, especialmente sobre las potencialidades del trabajo de campo como estrategia didáctica en sus múltiples dimensiones (metodológicas, relaciones con el currículum y el resultado de las relaciones de producción del espacio), se contribuirá a la innovación en la enseñanza de la geografía. Como ejemplo, los docentes y sus alumnos pueden contrastar sus observaciones contactando con las personas que habitan el espacio visitado durante su salida de campo.

Las propuestas de innovación pedagógica vinculadas con las salidas de campo tienen unos precedentes técnicos a finales del siglo XIX, sobre todo, en el seno de la Institución de Libre Enseñanza en Cataluña. En España los itinerarios urbanos y los trabajos de campo que se desarrollaron a partir del movimiento conocido como Ciudades Educadoras, fueron posibles gracias a la actividad de los miembros de los Institutos Municipales de Educación y los Institutos de Ciencias de la Educación, junto con otras organizaciones específicas como el Institut d´Ecologia Urbana de Barcelona. Estas experiencias han sido la base para que se sigan desarrollando itinerarios urbanos (barrio de Gràcia y Parque de la Ciutadella) para la formación de estudiantes de geografía de la Universitat de Barcelona. De un modo similar, algunos sindicatos del primer tercio del siglo XX, influyeron para que las excursiones desarrolladas en las Casas del Pueblo y en los Ateneos Libertarios, fuesen el germen de lo que luego se han llamado itinerarios culturales por parte de ICOMOS (International Council on Monuments and Cities).

Los participantes en el foro 21 han concebido las salidas de campo como un “laboratorio abierto” o actividad científica similar a la investigación en ciencias naturales.

Los participantes en el foro 21 han concebido las salidas de campo como un “laboratorio abierto” o actividad científica similar a la investigación en ciencias naturales. Como estrategia didáctica posee dos componentes: uno metodológico y otro logístico. La muestra de aspectos geográficos nunca antes observados, el trabajo con el cuaderno de campo y el aprendizaje basado en las emociones y sentimientos, refleja la diversidad metodológica de las salidas de campo para la enseñanza de las ciencias sociales. Con algunas técnicas (mapas cognitivos y cuestionarios) se pueden abordar las representaciones sociales del alumnado y de sus familias, previas y posteriores a la realización de las salidas. Del lado de la logística, aparecen obstáculos referentes a la planificación, ejecución y evaluación de esta estrategia didáctica, al mismo tiempo que se evidencian carencias de recursos materiales, cognitivos, económicos y humanos que afectan al desarrollo de la salida de campo.

En definitiva, la salida de campo es una estrategia pedagógica que favorece el aprendizaje significativo del espacio geográfico. El contacto directo con el territorio permite la asimilación de nuevos datos, que favorecen la comprensión de los contenidos geográficos mediante un enfoque multidisciplinar aplicable a la escala local. Los estudiantes que han participado con sus comentarios en el foro 21 han considerado aspectos como la estrategia didáctica, la evaluación, la logística y las relaciones con otros entornos de campo, de cara a desarrollar salidas de campo como docentes en el futuro. El espacio local más próximo al entorno escolar es idóneo para realizar análisis e interpretaciones integrales del contexto geográfico mediante las salidas de campo. De cara al futuro, sería interesante analizar lo siguiente: ¿Cómo contribuyen las salidas de campo a la formación de ciudadanos comprensivos y reflexivos? La finalidad es averiguar si esa aportación a su capacidad crítica y participativa les permite afrontar los problemas sociales inmediatos a sus localidades, al mismo tiempo que asumen unas consecuencias que tendrán eco en la esfera global.

Para mayor información:

SOUSA FERNÁNDEZ, Silvia Aparecida., GARCÍA MONTEAGUDO, Diego., y SOUTO GONZÁLEZ, Xosé Manuel. Educación geográfica y las salidas de campo como estrategia didáctica: un estudio comparativo desde el Geoforo Iberoamericano. Biblio 3W. Revista Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales. [En línea]. Barcelona: Universidad de Barcelona, 5 de abril de 2016, Vol. XXI, nº 1.155. . [ISSN 1138-9796].

*Diego García Monteagudo es licenciado en Geografía por la Universitat de València. Máster en Investigación en Didácticas Específicas.

La medida de la Tierra y el origen de la geografía

Antonio T. Reguera Rodríguez*

La medida de la Tierra ha sido un objetivo científico de primer orden desde que el pensamiento racional inició un desarrollo autónomo buscando explicaciones en la propia naturaleza o mundo real; es decir, desde el surgimiento de la Filosofía y de la Ciencia. Es fácil entender que han sido varias las disciplinas implicadas en el intento, aunque queremos destacar el papel de la geografía.

La tesis que cobra fuerza con el desarrollo de nuestro trabajo es la de que la propia medida de la Tierra fue el proceso constituyente de la geografía como disciplina científica. A un discurso descriptivo ya ampliamente desarrollado en el siglo V a., con la obra de Herodoto, por ejemplo, se une en paralelo el curso de una geografía matemática que reconoce sus fuentes y tributarios en la observación astronómica y en el descubrimiento del concepto y cálculo de la latitud. Para entonces, cuando Aristóteles enseñaba a sus discípulos el uso de un primitivo astrolabio y les mostraba que en un eclipse de Luna, en la superficie de ésta, se reflejaba la curvatura de la Tierra como cuerpo esférico que era, ya estaba en marcha el gran programa científico que implicaba a toda la ciencia griega. Nadie de forma explícita y unitaria formuló tal programa, pero fue real. En torno al conocimiento de la Tierra se desarrollaron cinco líneas de investigación.

1ª .Su posición en el Cosmos. Formulaciones geocéntricas, geoestáticas y otras alternativas. Primeras intuiciones heliocéntricas.

2ª. Debate y propuestas a favor de la esfericidad después de la hipótesis pitagórica contenida en sus afirmaciones sobre la existencia de antípodas.

3ª. Tras la forma, se suceden las indagaciones sobre su tamaño. El propio Aristóteles nos proporciona las primeras medidas.

4ª. Las primeras percepciones, muy inciertas, sobre el tamaño abren el camino a las hipótesis sobre la configuración, o reparto de tierras y mares. Fue Sócrates, momentos antes de morir, quien habló en genial intuición de la existencia de ecúmenes múltiples.

5ª. Los referentes astronómicos y las relaciones matemáticas y geométricas que servían para medir la Tierra también eran aplicables para su representación. El primer desarrollo de una cartografía científica forma parte igualmente del propio desarrollo de la geografía matemática.

La medida de la Tierra, cuyos primeros ensayos se documentan entre los finales de los siglos IV y III a.

fue el proceso constituyente de la geografía como disciplina científica

Aristóteles enseñando a un grupo de discípulos la utilización de un instrumento de observación y cálculo astronómico (Topkapi Palace Museum, Miniatura turca del siglo XIII)
Aristóteles enseñando a un grupo de discípulos la utilización de un instrumento de observación y cálculo astronómico (Topkapi Palace Museum, Miniatura turca del siglo XIII)

En el objetivo central del programa, que era la medida de la Tierra, el personaje principal fue Eratóstenes. Ocupando el puesto de mayor relevancia científica de la época (siglo III a.), que era la dirección de la Biblioteca de Alejandría, supo ensamblar la observación de las sombras en Alejandría y Siena, la relación entre ángulos alternos, uno de los cuales equivalía al arco entre las dos ciudades, y la distancia geográfica entre ellas. Obtuvo el resultado, tras un redondeo en el valor del grado, de 252.000 estadios, que con el estadio medio egipcio que se supone utilizaba equivalían a los 40.000 Km., también redondeados, que se estiman en la actualidad. Entonces la Tierra de Eratóstenes era una Tierra bien medida, pero no se podía comprobar experimentalmente, y de hecho no quedarían certificados estos datos hasta el siglo XVIII. Pero los principios del cálculo y el método eran científicamente incuestionables, lo que incentivó otros muchos ensayos. El más conocido es el realizado por Posidonio en el arco Alejandría-Rodas, de donde salió el resultado de los 180.000 estadios que validaron Marino de Tiro y Claudio Ptolomeo. Era el modelo de “Tierra pequeña” que tanto ayudó a Colón a hacer los cálculos que más favorecían su empresa de navegación hacia el Oeste.

Todavía está por discernir si la Tierra de 252.000 estadios de Eratóstenes es diferente a la de 180.000 de Ptolomeo, mientras no pueda determinarse el valor del estadio en cada caso.

Marino y Ptolomeo son dos productos tardíos de la ciencia helenística que viven en plena exaltación del imperialismo romano, aunque desarrollan su obra al margen de la romanización. Ésta se identificó más con la producción ideológica que con la investigación científica. Ningún avance de importancia experimentó la geografía matemática en este periodo; y apenas alguno la geografía descriptiva. Séneca maldecía los nuevos descubrimientos porque atraían las legiones que llevaban la guerra. La Tierra se hacía más pequeña, y no era esta la situación más favorable para seguir indagando en su medida.

Pero el mayor apoyo a la idea de una Tierra pequeña lo encontramos en los máximos representantes de la exégesis bíblica, que en los albores de la Edad Media tratan de empequeñecer el mundo para adaptarlo mejor al modelo geográfico de la Biblia. Esto en un primer momento, porque cuando se imponga la impugnación general de la ciencia griega, la propia forma de la Tierra volverá a la planicie precientífica. Y entonces, ninguna de las medidas propuestas tenía ya sentido. La Tierra tomaba la misma forma que el Tabernáculo en el que se guardaban las verdades reveladas que hacían innecesario mirar al mundo, y mucho menos para medirlo.

En esta como en cualquiera otra época, los frenos al conocimiento científico pueden ser tan fuertes, que nadie está en condiciones de asegurar que la línea que lo representa sea constantemente ascendente.

Para mayor información:

REGUERA RODRÍGUEZ, Antonio T. La medida de la Tierra en la Antigüedad. León: Universidad de León, 2015.

*Antonio T. Reguera Rodríguez

Catedrático de Geografía Humana

Universidad de León

Un gran desafío geográfico: la realización de monografías locales y regionales

Jan M. G. Kleinpenning*

El mundo ha cambiado mucho durante mi ‘vida geográfica‘ de más de sesenta años (tengo hoy 80). Ahora hay más departamentos de geografía que hace medio siglo, y con más colaboradores. Los geógrafos pueden viajar a cualquier lugar del mundo para realizar sus investigaciones, gracias a los precios bajos de transporte. Encuentran datos más o menos detallados por Internet sobre cualquier tema. Hay mucha más información estadística y crecientemente pueden consultarla en forma digitalizada. Ha aumentado el número de revistas geográficas y de las ciencas sociales, en papel y digitales, lo que facilita la publicación de los resultados de investigación. Resulta que el ‘output’ de la disciplina ha aumentado enormemente.

Pero … llama la atención que es casi enteramente un ‘output’ en forma de artículos sobre temas muchas veces muy específicos. Casi faltan los estudios holísticos, o sea las monografías de regiones, comarcas o lugares en que se describe y se analiza el conjunto de los diversos fenómenos geográficos en su totalidad, su relación mútua y su interacción. La gran mayoría de los geógrafos se ha apartado de la geografía regional, en el sentido amplio de la palabra. Una explicación es, sin duda, que las universidades exigen una productividad ininterumpida de sus colaboradores. Otra explicación podría ser la complejidad de la realidad geográfica con que se está confrontado en la práctica de la geografía regional.

Otra hecho que llama la atención es el interés de los geógrafos en la actualidad y los cambios recientes. Tengo a veces la impresión de que los geógrafos son periodistas cientifícos, esmerándose en reportar lo más pronto posible todo lo que cambia en el mundo. Son escasos las investigaciones histórico-geográficas y las investigaciones longitudinales, en algunos países más que en otros. Me parece que en España siempre ha existido una relación más fuerte entre geografía e historia que en otros países (por ejemplo Holanda).

Pero … ¿porque más investigación histórico-geografica y longitudional? Porque con el estudio del pasado y de la evolución histórica desde un punto de vista geográfico, se comprende mejor la actualidad y se aprende de la ‘temporalidad‘ de los modos de vida, el tema central de la geografía humana. Hablando en 1957 con el Prof. Manuel de Terán en la Universidad de Madrid acerca de mi Tesis Doctoral sobre Comarca de Pinares en el sudoeste de Soria y sureste de Burgos, me aconsejó dar atención también al pasado e incluir un análisis de los datos del Catastro del Marqués de Ensenada. Fue un consejo muy sabio, pues sin haber estudiado la situación a mediados del siglo XVIII siempre habia pensado que la explotación forestal tal como existía a mediados del siglo XX era la actividad normal desde tiempo immemorial. No lo era, pues el auge de la explotación forestal databa de los años de la posguerra civil, cuando subieron mucho los precios de la madera. Hacia 1750 la Comarca era más bien un área de carreteros, ganaderos y pequeños labradores. Y retomando el estudio de la Comarca en 2011 aprendí que el bajo de los precios de la madera obligó a los pinariegos a buscar otros medios de vida o emigrar a otras partes del país para encontrar trabajo. Eran otros tiempos y otra geografía. Algo similar aprendí de mi estudio de Cuevas del Almanzora, donde el panorama rural ha cambiado drásticamente sobre todo gracias a la disponibilidad de más agua que hace medio siglo.

He aprendido también mucho de mis estudios sobre el Paraguay. Comencé en los años ochenta con un estudio de la actualidad rural de entonces; después fui a conocer cada vez mejor el país, realizando dos estudios geográfico-históricos en que he analizado el proceso de colonización, los modos de vida y los cambios en los mismos desde comienzos del siglo XVI hasta mediados del siglo XX. Dos estudios de investigación longitidunal de más de cuatro siglos, que no solo me han dado una idea de la evolución y del fondo de la situación rural actual. También aprendí con ellos que estos dos estudios han sido muy apreciados en el Paraguay. Es un país relativamente joven – casi sin geógrafos humanos – ,que quiere conocer su historia, y tiene también derecho a conocerla.

Generalizando se puede decir que la monografía geográfica, los estudios de geografía histórica y las investigaciones longitudiales no sólo tienen valor científico sino tambien social. Y conservan muchas veces su valor durante más tiempo que muchos artículos y libros sobre temas actuales. Sin embargo, desgraciadamente, no son muchos los productos geográficos de este tipo. Queda pues suficiente trabajo para la geografía humana, sobre todo para la investigación longitudinal, que – personalmente – me ha dado mucha satisfacción.

Para mayor información:

Kleinpenning, Jan M.G. Los Pueblos Pinariegos. Triptico geográfico-histórico del noroeste de Soria y sudeste de Burgos [Primera edición 1962]. Reedición, Soria: Diputación Provincial de Soria, 2014. 382 p.

Kleinpenning, Jan M.G. Cuevas del Almanzora. Pasado y presente económico y demográfico de un municipio en el sureste español semiárido 1964-2014 [Primera edición 1965]. Reedición, Odijk: El autor, 2014. 142 p.

Jan M. G.Kleinpenning es catedrático jubilado de geografía humana de la Universidad de Nimega, Holanda.

Un gran desafío geográfico: la realización de monografías locales y regionales

Jan M. G. Kleinpenning*

El mundo ha cambiado mucho durante mi ‘vida geográfica‘ de más de sesenta años (tengo hoy 80). Ahora hay más departamentos de geografía que hace medio siglo, y con más colaboradores. Los geógrafos pueden viajar a cualquier lugar del mundo para realizar sus investigaciones, gracias a los precios bajos de transporte. Encuentran datos más o menos detallados por Internet sobre cualquier tema. Hay mucha más información estadística y crecientemente pueden consultarla en forma digitalizada. Ha aumentado el número de revistas geográficas y de las ciencas sociales, en papel y digitales, lo que facilita la publicación de los resultados de investigación. Resulta que el ‘output’ de la disciplina ha aumentado enormemente.

Pero … llama la atención que es casi enteramente un ‘output’ en forma de artículos sobre temas muchas veces muy específicos. Casi faltan los estudios holísticos, o sea las monografías de regiones, comarcas o lugares en que se describe y se analiza el conjunto de los diversos fenómenos geográficos en su totalidad, su relación mútua y su interacción. La gran mayoría de los geógrafos se ha apartado de la geografía regional, en el sentido amplio de la palabra. Una explicación es, sin duda, que las universidades exigen una productividad ininterumpida de sus colaboradores. Otra explicación podría ser la complejidad de la realidad geográfica con que se está confrontado en la práctica de la geografía regional.

Otra hecho que llama la atención es el interés de los geógrafos en la actualidad y los cambios recientes. Tengo a veces la impresión de que los geógrafos son periodistas cientifícos, esmerándose en reportar lo más pronto posible todo lo que cambia en el mundo. Son escasos las investigaciones histórico-geográficas y las investigaciones longitudinales, en algunos países más que en otros. Me parece que en España siempre ha existido una relación más fuerte entre geografía e historia que en otros países (por ejemplo Holanda).

Pero … ¿porque más investigación histórico-geografica y longitudional? Porque con el estudio del pasado y de la evolución histórica desde un punto de vista geográfico, se comprende mejor la actualidad y se aprende de la ‘temporalidad‘ de los modos de vida, el tema central de la geografía humana. Hablando en 1957 con el Prof. Manuel de Terán en la Universidad de Madrid acerca de mi Tesis Doctoral sobre Comarca de Pinares en el sudoeste de Soria y sureste de Burgos, me aconsejó dar atención también al pasado e incluir un análisis de los datos del Catastro del Marqués de Ensenada. Fue un consejo muy sabio, pues sin haber estudiado la situación a mediados del siglo XVIII siempre habia pensado que la explotación forestal tal como existía a mediados del siglo XX era la actividad normal desde tiempo immemorial. No lo era, pues el auge de la explotación forestal databa de los años de la posguerra civil, cuando subieron mucho los precios de la madera. Hacia 1750 la Comarca era más bien un área de carreteros, ganaderos y pequeños labradores. Y retomando el estudio de la Comarca en 2011 aprendí que el bajo de los precios de la madera obligó a los pinariegos a buscar otros medios de vida o emigrar a otras partes del país para encontrar trabajo. Eran otros tiempos y otra geografía. Algo similar aprendí de mi estudio de Cuevas del Almanzora, donde el panorama rural ha cambiado drásticamente sobre todo gracias a la disponibilidad de más agua que hace medio siglo.

He aprendido también mucho de mis estudios sobre el Paraguay. Comencé en los años ochenta con un estudio de la actualidad rural de entonces; después fui a conocer cada vez mejor el país, realizando dos estudios geográfico-históricos en que he analizado el proceso de colonización, los modos de vida y los cambios en los mismos desde comienzos del siglo XVI hasta mediados del siglo XX. Dos estudios de investigación longitidunal de más de cuatro siglos, que no solo me han dado una idea de la evolución y del fondo de la situación rural actual. También aprendí con ellos que estos dos estudios han sido muy apreciados en el Paraguay. Es un país relativamente joven – casi sin geógrafos humanos – ,que quiere conocer su historia, y tiene también derecho a conocerla.

Generalizando se puede decir que la monografía geográfica, los estudios de geografía histórica y las investigaciones longitudiales no sólo tienen valor científico sino tambien social. Y conservan muchas veces su valor durante más tiempo que muchos artículos y libros sobre temas actuales. Sin embargo, desgraciadamente, no son muchos los productos geográficos de este tipo. Queda pues suficiente trabajo para la geografía humana, sobre todo para la investigación longitudinal, que – personalmente – me ha dado mucha satisfacción.

Para mayor información:

Kleinpenning, Jan M.G. Los Pueblos Pinariegos. Triptico geográfico-histórico del noroeste de Soria y sudeste de Burgos [Primera edición 1962]. Reedición, Soria: Diputación Provincial de Soria, 2014. 382 p.

Kleinpenning, Jan M.G. Cuevas del Almanzora. Pasado y presente económico y demográfico de un municipio en el sureste español semiárido 1964-2014 [Primera edición 1965]. Reedición, Odijk: El autor, 2014. 142 p.

Jan M. G.Kleinpenning es catedrático jubilado de geografía humana de la Universidad de Nimega, Holanda.